O quartel do 5º BC, em Itapetininga, onde os rapazes ficaram alojados no Ano-Novo de 1942 |
(Estamos no mês de dezembro de 1941. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão desde 16 de dezembro de 1941 numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 31 de dezembro de 1941, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca)
estão chegando em Itapetininga, onde passariam a virada do ano.)
As 6:00 da manhã os meninos partiram de Gramadinho, com
destino a Itapetininga. Agora, a estrada era mais plana, com uma paisagem
marcada por morros suaves. Era tão plano que as maiores elevações eram as
arvores e capões de mato, circundadas por casas de fazenda. A estrada seguia
cercada de grandes pés de eucalipto, que tornavam a paisagem mais tranquila e
fácil de percorrer. Ao redor, sucediam-se grandes plantações a fazendas de
gado.
Os rapazes também estavam mais acostumados com a caminhada,
que se fazia sem maiores esforços. Já não sentiam tanto esgotamento físico.
Somente no fim do dia batia um certo cansaço. E foi lá pelas 16 horas que eles
chegaram em Itapetininga.
Itapetininga era sede do 5º batalhão de caçadores, o 5º BC,
onde os meninos procuraram alojamento. Milton e Lídio já conheciam o quartel do
5º BC, em janeiro de 1940, vindo de um encontro escoteiro em São Paulo, os dois
ali estiveram, pois havia a ideia de um grupo escoteiro na cidade, que acabou
não vingando.
No quartel, foram recebidos pelo comandante, o
tenente-coronel Orlando Werney Campello, que os tratou muito bem. O
Tenente-coronel contou-lhes que na mocidade também tinha sido escoteiro, o que
os deixou bem felizes. E os alojou numa das companhias do batalhão, onde
deixaram as tralhas e entraram na fila do rango.
Depois do rango, os rapazes foram procurar o prefeito da
cidade, para que assinasse o livro de passagem. No entanto, o que chamou
atenção dos rapazes foi uma festa religiosa. Era a festa de Nossa Senhora
Aparecida do Sul, padroeira da cidade.
Segundo Lídio nos conta em seu diário, era uma festa muito
grande. Não faltaram romeiros, animados por cinco bandas de música e muitas
barracas de comida. Na hora da festa, a igreja matriz foi iluminada por
centenas de lâmpadas elétricas, que impressionou bastante os rapazes.
Lá pelas onze da noite, os rapazes voltaram ao quartel, para
esperar a chegada do ano novo. Deitados nas camas, os cinco rapazes escutaram a
grande festa de fogos e de repique de sinos e apito das fábricas saudando o ano
de 1942 que se iniciava.
No entanto, naquele momento, segundo anotou Lídio em seu
diário, todos os cinco estavam quietos, deitados em suas camas de quartel e
pensando nos seus familiares lá, na cada vez mais distante Antonina.
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