Estou vindo de uma série de viagens, que me custaram uma
pequena dor nas costas de dormir em camas emprestadas ou em camas de hotel. Passei
pouco tempo em casa, e pouco tempo ainda com os meus e com minha terrinha, que
vi rapidinho num domingo ensolarado de janeiro. E que calor!! Pegamos temperaturas
de quase 40°C em Porto Alegre, mais de 38°C em Campinas e outro tanto em Minas,
de onde volto após 11 dias de trabalho de campo com os alunos (tive nesse meio
tempo um prazerzinho extra em viajar pra Londrina pra formatura de minha
querida filha Julia). Enfim, estive mais na estrada que em casa.
Agora chega. O semestre começa, e 2014 vem no estrondo, como uma imensa escola
de samba iniciando seu desfile na avenida. O tempo passa veloz, e nossa compreensão
das coisas fica como se a gente estivesse sempre com vertigem, nosso tempo
passa sempre mais veloz do que nossa capacidade de compreendê-lo. O que será do
nosso primeiro semestre, espremido entre o Carnaval e a Copa? O que será da Copa
e do Brasil durante e depois dela? E das eleições? E do mundo? O que diremos do
mundo e das coisas em dezembro?
São sete anos de blog. Sete anos muito bons, onde conheci
muitas pessoas, principalmente na minha terra, de onde sai tão cedo. Aprendi muito.
Briguei, como tantos. Me decepcionei? Talvez um pouco. Me cansei? Sim, também. Mas
nesse ultimo ano tão pobre de postagens o trabalho me consumiu de uma forma
mais intensa, de modo que a energia das postagens ficou um pouco baixa. E outros
projetos pessoais também me tiraram um pouco do foco do blog.
Mas vamos lá. 2014 está caminhando nas escolas, nas ruas,
campos, construções, ainda sob o efeito dos terremotos do ano passado. O Brasil
de 2013 foi um país estranho, onde as convicções mais sólidas se desmanchavam
no ar, segundo a sempre instigante metáfora daquele velho alemão barbudo. O mundo
está na rua e também está na rede. Guerras diferentes das tradicionais, guerras
de hackers em espaços virtuais, parafraseando a bela canção do velho Gil. O mundo
está estranho e esquisito.
Brasil, Venezuela, Egito, Turquia, Ucrânia – o mundo está
nas ruas, rugindo insatisfeito. Não existem bonzinhos e mocinhos, vilões ou heróis.
Você faz os seus. Existem interesses, e além destes, as pessoas estão brigando cada
vez mais pelos chamados interesses difusos: democracia, tolerância, direitos
humanos. Não se pode mais, como o Tzar fez há cem anos, metralhar uma passeata
em que o povo pedia liberdade e passar impune. O presidente da Ucrânia caiu,
Kadhafi caiu, nosso bom Alckmin aqui em nossas bandas teve que recuar e mudar
seu raivoso discurso de maio do ano passado, quando mandou sentar o pau nos
estudantes do passe livre.
Onde ficamos nessa historia toda? Não sei. Quem sabe?