quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

QUEBREI A CARA!

Caros amigos:

Sofri um acidente em minha ultima viagem de campo. Quebrei literalmente a cara. Acabei fraturando um braço e afundei o osso do rosto. Devo passar por uma cirurgia reparadora semana que vem. Mas, fora o incomodo, tudo está bem. Assim que der volto a postar minhas algaravias.

Abraços a todos

Jeff

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

REPENSANDO A ÉPICA JORNADA


Na nossa querida Deitada-a-beira-do-mar, muito tem se dito e escrito sobre a épica jornada dos escoteiros capelistas ao Rio em 1941. Uns tempos atrás, andando ali pela  antiga caserna, uns meninos de uns oito ou nove anos vieram me contar o que tinha acontecido ali: “os escoteiros foram a pé ao Rio de Janeiro entregar uma carta pra Getúlio Vargas”. Eles me contaram felizes e feliz fiquei por aqueles pirralhos terem conhecimento e orgulho de tudo aquilo. Isso é consciência histórica.
No entanto, a cada 19 de fevereiro, que foi o dia em que os bravos meninos de Antonina finalmente se desincumbiam de sua missão – retratada pela foto de Milton Oribe entregando a carta ao ditador, eu vivo me perguntando: o que aconteceu de verdade?
Temos um documento: o diário escrito – e muito bem escrito, aliás - pelo bravo escoteiro  Canário. Ali temos os principais episódios, as lembranças, as desavenças entre os meninos, a entrega da carta e a volta dos meninos para sua terra natal, com o dever cumprido.
A primeira pergunta sobre este documento – existe um documento original, feito por Canário durante a histórica viagem, e um outro, que foi “passado a limpo” por Canário, onde este elimina histórias contadas no calor dos fatos. O que temos por aí - eu mesmo tenho uma copia digital - é a versão “corrigida”. Seria importante, para contar a história toda, ter as duas versões dos fatos.
Os Escoteiros chegaram ao Rio em 26 de janeiro: por que não foram imediatamente entregar a carta? Ao que parece, a tal entrega foi um evento em que tinham escoteiros de todo o pais, e não só de Antonina. A própria foto em que aparece um orgulhoso Milton Oribe ao lado de Getúlio, é claramente uma foto “oficial”, ou seja, uma foto montada para aquele evento virar histórico.
Qual o papel da União dos Escoteiros do Brasil no episódio? Como foi marcada a audiência? Sabe-se que naquela época era comum os ditadores de plantão utilizarem-se de jovens para mostrar seu poder: Aí estão as juventudes comunista, hitlerista, a “juventude balila” de Mussolini, e o movimento escoteiro em outras partes do mundo. Os escoteiros de Antonina passaram para a história ao lado do ditador e o ditador passou para a história como um herói de juventude de seu pais. Os dois sairam bem na foto. Uma mão lava a outra.
Outra pergunta que não quer calar: o que eles conseguiram? Diz a história oficial que as reivindicações foram atendidas. Quais? Existem documentos ou decretos de Getúlio Vargas explicitando isso? Essas medidas tiveram efeito de curto, médio ou longo prazo?
Enfim, trata-se de episodio épico que não deve se tornar mítico. O mito tudo petrifica, reduz os fatos a lendas  sem sentido histórico, que só servem para perpetuar velhos discursos. O que está em discussão aqui não é a jornada dos quatro meninos, épica em todos os sentidos que queiram dar a ela.
O que está em jogo é: o que estava acontecendo na cidade naquela época para que se confiasse a meninos uma tarefa que em outras épocas seria confiada a homens? O que foi conseguido? Qual foi o preço disso tudo para a cidade?
Eu acho que esse é o verdadeiro sentido de se tentar entender a historia de nossa cidade. Questionar mitos faz parte do jogo. Por trás dos mitos, todos do mais puro mármore, surgem pessoas. Pessoas como eu, como você, enganados entre a dor e o prazer, achando que são boas e que fazem o bem. O que é o bem? O que é o mal? Quem tomou as decisões que tomou, baseado em quê? Quais foram as consequências dessas decisões? Para quem serviram?
Essas perguntas valem para os homens (e meninos) de 1941 como para os bagrinhos de 2013 e dos anos que estão por vir.
Sempre alerta, Capela Querida.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

SONHEI QUE ERA CARNAVAL, FESTA DO POVO...



É fevereiro, mas pra mim já parece março, abril. Antigamente já se dizia que no Brasil as coisas começavam só depois do carnaval. Não avisaram a turma por aqui, onde parece que o ano já vai solto. Já estou dando aula, fazendo projeto, orientando, o diabo. Tanto que meu carnaval, a festa de momo, foi a pique, inexorável como o Titanic.
Estava com umas datas marcadas para ir ao Rio de Janeiro nesta semana  trabalhar uns dias e festar outros. Já estava com lugar pra ficar e meus amigos me chamando pros blocos deles lá em Laranjeiras. Mas fui dormir na Imperatriz Leopoldinense e acordei no Berra Vaca, o bloco aqui de Barão Geraldo. Acontece.
O Berra Vaca, no entanto, não é um bloquinho reles.  Reúne cerca de mil pessoas e tem o maior numero de PhDs por metro quadrado do carnaval brasileiro. Quase todos ali têm currículo Lattes em dia, o que garante a excelência acadêmica do bloco, mas que não garante a qualidade do samba. O repertorio de marchinhas é bom, mas os puxadores atravessam, o som falha, o carro de som atrasa – ou adianta.
Mas ainda assim, há uma certa melancolia em tudo isso, como sempre. Vi ontem aqui nos bravos blogs Capelistas os siris do carnaval da Deitada-a-beira-do-mar, e bateu uma grande nostalgia das ruas de paralelepípedos cheias de gente, os bloquinhos escrachados, os tipos folclóricos, as grandes epopéias cantadas pelos valentes bagrinhos na avenida do samba. As imagens  passam pela mente como num grande filme.
Ali estão o carnaval que a Capela ganhou mais estatuetas que a Caixa D´água e perdeu o carnaval; A caravela do Império da Caixa D´Água do incrível Wilson Rio Apa; ali estão tipos como Guaxica, a insuperável baliza; o “Respeito-as-velhas- e-como-as-novas”, o palhaço com o cachorrinho; as fantasias sempre muito criativas de Camilo Staniscia; Meu querido Formiga vestido de enfermeira; Seu Nenê Chaminé e o Bloco do Pinico; Relen Salu Berght no alto de um carro alegórico, vestido de conde, cantando sua apoteose na avenida do samba dos bagrinhos; como não se emocionar com tantas cenas que passam pela cabeça, sem ordem nem tempo, como se tudo fosse apenas um grande sonho delirante...
Não é. O carnaval de Antonina é uma daquelas criações coletivas que ultrapassam em muito os seus muitos criadores e resplandece como resplandecem as grandes manifestações populares pelo mundo. Sem nenhum favor, é um dos grandes carnavais do Brasil. Eu vi alguns carnavais por aí, posso dizer isso sem nenhuma dose de chauvinismo (mentira, só um ”puquinho”, como se diz na terra de Vale Porto!).
Venho por meio destas maltraçadas confessar uma falta: faz muito tempo que não vou ao carnaval mais importante do mundo. Por um lado, tem a ver com a distância. Por outro, tem a ver com a ausência de meu pai: pra mim, o carnaval era ele. Desde que ele se foi, não tenho tido mais coragem de passar meu carnaval na avenida do samba. Sei muito bem que ali na esquina do Teatro ele não mais estará.  Ainda não sei encarar seu vazio.
“É problema seu”, dirá um de meus 15 leitores. O carnaval continua, a vida continua, assim como continuam em nossas mentes as lembranças dos antigos carnavais. Cabe a nós, a cada um de nós, seguir em frente vestindo sua fantasia e alegremente carregar a vida e seus mortos para a frente.  O reinado de Momo vem aí, é preciso abrir as portas da cidade para a folia e dançar, pular e cantar como se nada mais tivesse sentido. Assim é.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

SALVE DONA JANAINA!



(esta é uma postagem antiga, mas o sentimento é o mesmo...)


Hoje, dois de fevereiro, é dia de saudar Iemanjá, Dona Janaína, a Rainha do Mar. Envolvido em coisas torpes e mesquinhas, gastei todo o meu tempo livre em coisas produtivas e interessantes para o futuro do Brasil. Mas, esqueci da santa, de ir num laguinho e jogar alguma coisa pra ela. Uma coisinha qualquer, assim com um barquinho de madeira com velas, uma melancia, um ramo de flores meio murchas que estão precisando de água. Mas iemanjá me entende (eu acho), apesar do crime ambiental envolvido em seu culto.
Claro que cultuar Iemanjá não foi um habito que aprendi na minha infância, na Deitada-a-beira-do-mar de antanho. A Antonina de outrora, um lugar pacato e feliz, onde os padres eram americanos, tinham buldogues e tudo era pecado. Televisão? Pecado! Falar palavrão? Pecado! Faltar na missa? Pecado! Desejar o mal daquele filhodaputa que vivia te azucrinando e te perseguindo no recreio? Pecado! As meninas de mini-saia? Pecado! Pecado! Olhar por baixo da saia das meninas? Pecado mortal!
Como então aquela santa maravilhosa, de vestido azul saindo das águas não seria também pecado? Bela, sensual, arrastando os homens para as profundezas do mar, como não amar Iemanjá? Como não amar aquela vontade de afundar naquele mar de desejos que estava na nossa frente, e que aqueles padres americanos sem-batina (oh pecado!) nos proibiam – secundados por um sem-fim de velhas carolas – nos ameaçando com o mais terrível dos infernos? Como amar, como desejar?
Claro que isso são bobagens que se desfazem quando você desce na rodoviária de São Paulo, a antiga Julio Prestes, cheia de gente de tudo que é canto do Brasil. Ali, aquela balburdia de gente, de cores e cheiros diferentes, de sotaques diferentes, jeitos diferentes e desejos nem sempre iguais, você acaba por sentir que o sermão do padre de Antonina não fazia sentido. Coitado do padre, só entendia de cuidar do buldogue dele, que só entendia ordens em inglês. Bom mesmo era o vento do mar quando saiamos da missa na matriz, olhar se a maré estava cheia ou vazia, ou se tinha navio no porto.
A Antonina de hoje eu estou conhecendo e aprendendo a conhecer. Hoje conheço bem os morros, conheço algumas pessoas e algumas comunidades que nem sequer sonhava em conhecer nos meus tempos de guri. Na prática, é a mesma coisa. Antonina continua com suas idiossincrasias (no popular: com seu “jeitão”), só que atualizado aos tempos do celular internet e Ipad. Uma cidade que tem na primeira divisão do futebol times como “Real Madruga”, “Zorba no Rego” ou “Sovaco da Cobra” é um lugar de uma idiossincrasia bem idiossincrática. Hum...deche...
Iemanjá veio depois na minha vida, na Bahia, em Santa Catarina, no Rio de Janeiro, e nos outros lugares que andei. Embora não-crente, procuro respeitar o credo dos outros. Acho bonito a pessoa crer em algo, eu que creio em coisas risíveis, como igualdade-liberdade-fraternidade, democracia, socialismo. Hoje não entendo mais direito essa coisa de crer, mas acho bonito quem acredita em algo, acredita nos deuses, ou no Deus, contanto que não queira sair por aí queimando hereges (como eu) ou explodindo embaixadas. E acho bonito o culto a essa deusa feminina e caprichosa que nos ama e que quer nos quer destruir. Assim são as mulheres. Viva o dois de fevereiro. 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

ANTONINA EM FEVEREIRO...DATAS E FATOS


05/02/1925    Nascia, em São Paulo, Wilson Rio Apa

08/02/1931    Falecia, em Petrópolis- RJ, Antônio Luiz Von Hoonholtz, Barão de Tefé

10/02/1937    Falecia, em São Paulo, o Conde Francisco Matarazzo

11/02/2004    Falecia Heitor Vieira (Relen Salumberg)

15/02/1842    Nascia, em Morretes, Antônio Ribeiro de Macedo  (Coronel)

16/02/1854    Nascia Teófilo Soares Gomes

16/02/1920    Inaugurado o Estádio Francisco Pinto (A. A. 29 de maio)

16/02/1947    Era fundada Escola de Samba do Batel

16/02/1991    Era fundada Escola de Samba Leões de Ouro

17/02/1962    Inaugurado o Cine Ópera

19/02/1942    Escoteiros de Antonina entregam mensagem a        Getúlio Vargas

22/02/1979    Era fundada Escola de Samba Unidos do Portinho

27/02/1932    Falecia, em Curitiba, Ermelino Agostinho de Leão

(COLABORAÇÃO DE CELSO MEIRA)