O antipetismo foi uma das maiores forças políticas dos
últimos anos. Baseado principalmente nas classes médias, o fervor antipetista
tem se tornado mais ativo desde 2013. Em 2015/2016 foi importante no apoio ao
golpeachment. Esteve ausente enquanto o PT parecia nas cordas, com a longa
questão da prisão e da proibição da candidatura do presidente Lula. Com a
ascensão de Haddad nas pesquisas, já se ouve novamente nas redes o urro dos paneleiros.
Será que o antipetismo vai ser efetivo esta vez?
Na verdade, depois do golpeachment, a Montanha pariu um rato (ou um morcego?). Toda
a fúria antipetista do passado recente resultou em Temer. O governo do Vampiro
começou com o famoso ministério dos homens brancos e terminou melancólico,
durante uma greve de caminhoneiros contra a politica de liberação dos preços
dos combustíveis. Como todos sabem, o vampiro só não foi deposto porque ninguém
se interessou em ocupar seu lugar.
Agora, a nova versão da fúria antipetista quer fazer do que
era drama uma tragédia. Em vez de nos ofertar um ministério de homens brancos notáveis
e emplumados, o novo antipetismo nos oferece o Coiso e seu show de horrores.
Diogo Mainardi, entre outros, urra por um pacto entre os
candidatos mais ao centro, muitos deles ditos liberais, e o Coiso. Muitos dos ditos liberais (na economia!) embarcaram na campanha dos milicos e estão de lá, dando seus pitacos. Abraçados
com a criatura.
Como a UDN do passado, chamada de “vivandeira”, pois ia aos
quartéis pedir pela força o poder que não tinha no voto, o atual antipetismo
não é diferente. Não tem pejo em embarcar numa candidatura que prega o“autogolpe”, como fez recentemente o general Mourão em entrevista na Globonews.
Tudo isso para evitar o que seria “O” mal maior, ou seja, a
vitória de um candidato petista. Com seu horror à pobreza, o antipetismo
inventa seus monstros. Um deles, já bem conhecido, é o Movimento Brasil Livre,
de tantas e tão nefastas atuações. Depois de ter tido varias de suas paginas
retiradas do ar pelo próprio Facebook por divulgar notícias falsas, o grupo de
meninos também está engajado em sua luta pelo Coiso.
O MBL tem se dedicado, por exemplo, a criticar FHC em seu
apelo por um “Centro Democrático”: “se o PSDB não consegue representar que não
quer o PT, apareceu outro para fazer isso”. Para bom entendedor, este paladino
descrito pelo MBL é o candidato que questiona a lisura das eleições.
O antipetismo urra. Tem lá suas razões, embora poucas. Imagina que ele, o antipetismo, seja portador milagroso da verdade, como muitas
vezes os “antas” pregam ser. Os irrequietos grupos antipetistas são
– segundo eles mesmos – os porta-vozes de uma maioria silenciosa, que tudo sabe
e todo julga.
Nada mais estranho (e minoritário) que uma maioria
silenciosa. Possessos, quando são flagrados em minoria, despencam o verbo sobre
os de sempre: as minorias, os intelectuais esquerdistas, os pobres, os sem
cultura. Ninguém presta, são todos uns idiotas, ignorantes, inocentes úteis. Não raro, são doentes que precisam de "cura". Essa
fala já é bem conhecida dos esgotos das redes sociais.
Seria importante lembrar que o segmento que apoia politicas
socialistas e social-democráticas no Brasil são um terço do eleitorado. Junto
com o povão mais humilde, chega a 40% do total facilmente. Para o bem ou para o
mal, é uma quantidade grande de gente, assumida, bem posicionada. Não há como
jogar todo esse povo no mar, a não ser no mais louco dos delírios do mais
delirante fascista.
No desespero desta reta final de campanha, os antipetistas
se agarram aos milicos doidos e “míticos”. Os mais espertos dentre eles sabem muito bem o que estão fazendo ao aderir à caserna. Os demais vão no delírio das
soluções simples do Coiso. Vergonha alheia. Vão fazer papel de ridículos perante a História. Se é que se importam com a propria biografia...
Ninguém mandou o Carlos Lacerda não ter deixado
publicado o seu livro de memórias...