sexta-feira, 26 de abril de 2019

EM CASA DO CHEFE MIMI


A cidade de Capão Bonito em 1940 (https://bit.ly/2KGpwLv)
Lídio era o mais dorminhoco de todos. Sempre ia dormir cedo e acordava tarde. Sempre que se atrasava, o paciente Milton tentava acorda-lo. As vezes por bem, as vezes com alguns beliscões, Milton sempre punha Lídio em pé.

Aquele dia tinham um objetivo mais fácil: Capão Bonito, distante 35 Km de Guapiara. Agora o relevo havia mudado, e os morros pequenos e íngremes do planalto de Apiaí foram ficando cada vez maiores e menos íngremes. A caminhada estava ficando mais fácil, embora o calor fosse intenso.

Entretanto, houve um imprevisto: chefe Beto havia deixado seu revólver com o Delegado para cuidar durante a noite. E tinha esquecido de pegá-lo. Maçada! Sobrou para o subordinado: Lídio foi a contragosto de volta a Guapiara para pegar a arma.

Com muita raiva, mas seguindo ordens superiores, Lídio se pôs em marcha, de volta a Guapiara. No caminho, no entanto, a raiva foi se abrandando e ele foi se distraindo com o que via. Por todo o caminho, via os colonos se preparando para plantar, colocando os arados manuais puxados ora por bois ora por burros para revolver a terra. Assim se sucediam plantações de feijão milho e batata inglesa. Aqui e ali, algumas plantações de café.

No entanto, Lídio nos conta que a exploração mineral era quem movia a economia da região, com 9 minas em funcionamento. Em seu diário Lídio cita uma mina de ouro e outra de cobre em Apiaí, uma mina de ouro e outra de prata em Gramadinho. Em Guapiara, uma de ferro e outra de cobre. E entre Guapiara e Capão Bonito mais três: uma de “Carvão de ferro”, a mina da Cobrazil, que produzia cobre e era a mais famosa de todas, e uma mina de cálcio, que eles acabaram visitando.

Nesta mina, foram recebidos pelo engenheiro, que mostrou para eles a mineração e o beneficiamento. Segundo nos conta Lídio, a mina produzia “cal, carbonato de cálcio e sulfato de cálcio”. O engenheiro explicou para eles o processo, os principais tipos de produtos. Lídio anotou tudo o que pode em seu diário, e os rapazes seguiram na estrada.

Lá pelas 11 horas, quando estavam almoçando embaixo de uma grande arvore, uma chuva os apanhou de surpresa: tentaram achar uma casa, mas não acharam. Chefe Beto gritou: “Cada um por si e Deus por todos!”. Não tinha para onde fugir, e cada um por si virou todos juntos. Acabaram estendendo a lona por cima deles, e ficaram esperando a chuva passar. Quando virou chuvisco, retornaram à estrada.

Chegaram a Capão Bonito na hora da ave maria, ou seja, as seis da tarde. Os sinos da igreja matriz badalavam na praça rui Barbosa. Os meninos, todos católicos, ficaram emocionados ao ouvirem o som do sino. Contritos, oraram ali mesmo na praça da igreja pedindo saúde e coragem para que pudessem prosseguir na viagem.

Um fiscal da prefeitura de Capão Bonito os aguardava: foram todos conduzidos a uma pensão ali por perto. A pensão pertencia ao chefe escoteiro local, o chefe Mimi, que os acolheu muito bem. Após um bom banho, os rapazes jantaram ali mesmo na pensão de chefe Mimi. Depois, eles foram fazer uma visita ao prefeito, o Dr. Francisco Neves. Este, segundo Lídio um homem educado e cortês, que atendia a todos com simplicidade, ofereceu aos meninos um modesto coquetel.

Os escoteiros contaram sua história e a história da sua missão, sendo muito bem recebidos pelo prefeito e pelas pessoas presentes. Todos ficaram admirados com a coragem dos meninos e sua disposição nesta viagem.

Os meninos ainda foram aos telégrafos, mandar um telegrama para Antonina, informando o pessoal sobre sua posição. Depois, foram ao teatro municipal e ao clube literário de Capão Bonito, onde tiveram uma noite de celebridade. Contaram muitas histórias, deram autógrafos aos rapazes e moças ali presentes. E. como ninguém é de ferro, foram numa brincadeira dançante que lhes foi oferecida. Caíram na farra, tendo ido dormir já era quase uma hora da manhã.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

PARA MESTRE ELIMAR TREIN, COM CARINHO (FINAL)


Um pequeno avião monomotor sobrevoa a Amazônia.  Sem força para subir mais, o avião contornava as grandes nuvens que iam se formando no céu equatorial, para evitar turbulências. Lá embaixo, a floresta era imensa, verde, úmida. Era o dia 2 de abril de 1964.
Ao se aproximar de Belém, a torre faz um anúncio no rádio. O presidente João Goulart havia sido afastado pelo Congresso. Os passageiros se olham, espantados. Um rapaz grande e alto, lá no assento do fundo do avião, murmura em voz alta: “depuseram o Jango? Como pode isso?”.
Nem bem o avião pousou no aeroporto de Belém, a polícia, avisada pelo piloto ou por algum passageiro, fora pedir explicações ao rapaz. Ele ainda se mostrava espantado com a deposição de Jango. Todo o país deveria estar, pois os fatos ainda estavam ocorrendo, e ainda não se sabia o que iria acontecer. Os policiais pediram para revistar suas coisas.
Ao abrir as malas, encontraram muito dinheiro. O rapaz explicou que era geólogo, e que aquilo era o seu pagamento por vários meses na Selva. Trabalhara na Petrobrás, tinha pedido demissão e iria agora para casa, no Rio Grande do Sul. Seu nome era Elimar Trein.
Os policiais não quiseram saber. Era muito dinheiro. Aquilo não era dinheiro para atividades subversivas? Ele não era agente de Moscou? Quanto mais o jovem geólogo se explicava, pior ficava sua situação. O dinheiro foi confiscado e ele foi preso ali mesmo no aeroporto.
Enviado a uma cadeia, ele foi concentrado com outros presos naqueles dias: estudantes, sindicalistas, professores, era um mundo de gente que se aglomerava por ali. Os prisioneiros ainda tiveram que andar, algemados, pelas ruas da cidade. Dos prédios da velha Belém, chovia papel picado. Era a classe média local, feliz com a deposição do governo “comunista” de Jango. Dos prédios e das ruas ouviam-se os gritos de “comunistas”, incitações a violências, pedia-se a morte daqueles imundos.
De fato, muitas prisões ocorreram nestes primeiros dias do golpe. O jovem Elimar Trein, junto com os demais, seria enviado ao presidio dailha de Cotijuba, onde amargaria alguns meses ainda de cadeia.
Ali ficava o educandário Nogueira de Farias, um reformatório que ali havia sido construído na década de 1930. Durante boa parte do Regime Militar que se instalava, o antigo reformatório foi se transformando em presídio. Oficialmente, foi presidio a partir de 1968. Ali se juntavam todos, presos comuns e presos políticos. Não eram incomuns denúncias de maus tratos e tortura, transformando a pacata ilha de Cotijuba, famosa por suas praias e trilhas, na “ilha do inferno”.
Foi o próprio Elimar Trein que me contou esta história, lá em Belém, onde nos encontramos em 2010 num Congresso de Geologia. No dia seguinte, ele iria numa excursão para Cotijuba, ver as ruinas do velho presidio. Não perguntei as razões ao velho mestre. Imagino que para ele era algo como fechar uma porta, vencer um ciclo.
Não tornei mais a falar com Mestre Elimar Trein. Não sei de suas impressões da visita. O que soube, pesquisando, foi que o presidio durou até 1976, quando uma rebelião praticamente destruiu o prédio. Os presos quase mataram o diretor, que só sobreviveu por milagre. Hoje, o antigo educandário que virou presidio é uma ruína.
Até hoje, Cotijuba é afetada por seu passado como presidio. Não adianta fazer referencias a suas belas praias, aos passeios de charrete, ou à afabilidade de seus moradores. Cotijuba tem um presidio onde muita gente continua sofrendo, no dizer de Dona Dorinha, moradora da Ilha:
“Esse presídio é mal-assombrado, até hoje a gente escuta os presos que viveram aí gritando e pedindo socorro. É verdade! Quer vê? Passa depois das seis horas da tarde por aí que você vai vê, e vai sentir muita coisa. Só de você tocar nessas paredes caindo, a gente já se arrepia tudo. Aí teve muito sofrimento, e o espírito dos presos ainda estão preso aí.”
Hoje, com tanta gente negando o passado e re-inventando novas interpretações para velhos fatos, a narrativa de mestre Elimar Trein me surge forte na cabeça. Ele passou por tudo isso ainda muito jovem, reinventou-se e foi tudo o que foi na vida. Nem era político nem era apaixonado por política. Neste momento especifico, ele foi a pessoa errada no local errado, a demonstrar com seus padecimentos como estes episódios podem ser terríveis.
Aqui me despeço.
Que mestre Elimar descanse em paz.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

AS HISTÓRIAS DO DELEGADO


A cidade de Guapiara na década de 1940, no tempo da passagem dos cinco escoteiros. 
Na manha de domingo, 28 de dezembro de 1941, os jovens escoteiros foram acordados com um cheiro bom de café. E também com o cheiro bom de uma panela de feijão preto sendo cozido no fogãozinho rústico de Manduca, o cozinheiro da missão.
O arroz já estava praticamente pronto. Com uma mãozinha do inspetor de quarteirão de Banhado Grande, onde eles passaram a noite. Além de lhes fornecer pouso, ele também havia fornecido alguns mantimentos para a viagem. Desta forma, eles poderiam dar uma melhorada no farnel de viagem.
Logo que puderam, despediram-se do Inspetor, arrumaram as tralhas e se puseram na estrada. Tinham 41 quilômetros a percorrer, em direção a Guapiara. Caminharam muito.
As 12:00 pararam para comer o feijãozinho com arroz. Logo após o almoço,  atravessavam o lugarejo de Fazendinha. Ao final do dia chegaram a Guapiara. Entrando na cidade, como de praxe, foram logo procurar o prefeito ou o delegado. O delegado de Guapiara, assim que os viu, a principio não deu muita bola para os rapazes.
Estes insistiram com o delegado. O Chefe Beto contou a história da missão deles. Mostrou também ao velho delegado as carteirinhas de escoteiro e o livro oficial das assinaturas que traziam consigo. Ao fim da fala do Chefe Beto, o delegado chegou a se comover, e abraçou os rapazes, afetuosamente.
A provas disso é que ele acolheu os meninos em sua própria residência. Estes deixaram lá suas tralhas, e foram tomar banho no rio Pequeno, que atravessa a cidade. Depois, na volta, eles bem que repararam nas ruas limpas e bem cuidadas de Guapiara. Os rapazes se impressionaram principalmente com as casas bem pintadas e as praças limpas e ajardinadas. As escolas eram novas, as igrejas bonitas. Tudo era muito limpo e bem cuidado em Guapiara.
O delegado ofereceu uma janta aos rapazes, onde contou algumas coisas sobre a cidade. Enfatizou sobretudo a gente limpa e ordeira que ali vivia. Não tinha motivos de reclamação. No entanto, a cidade tinha ainda muitos problemas, como uma precária ligação de energia elétrica e total ausência de esgotos.
A cidade vivia sobretudo da mineração, segundo lhes contou o delegado. Ele também lhes contou o significado do nome da cidade. Guapiara é uma palavra indígena que significa lavra, buraco no chão para lavrar ouro e outros metais. Havia mais de duzentos anos ali se extraia ouro. Além da mineração, a cidade também tinha uma pecuária de suínos bastante forte. Isso supria os solos da região, que eram muito fracos para a agricultura.
Por fim, de estomago cheio e cheios também das histórias do delegado, os rapazes foram dormir.  

segunda-feira, 15 de abril de 2019

PARA MESTRE ELIMAR TREIN, COM CARINHO (2)


Depois que eu me formei, em 1989, eu saí de Curitiba, para fazer meu mestrado em São Paulo. Tempo rude e difícil, e cheio de mudanças em todos os planos.  
Na vida profissional, aquele era um tempo cheio de incertezas. Vivíamos a inflação galopante do final dos anos Sarney. Ter as coisas em casa era uma loucura, os preços variavam no mesmo dia. Na USP, as bolsas de estudo, essenciais para nos manter estudando e fazendo nossas pesquisas, sempre atrasavam. O ambiente era de uma cruel, marcadas por um governo inimigo da educação, o governo Collor.
Voltei a Curitiba em 1991, e consegui uma vaga precária para dar aula como professor substituto na UFPR. Eu havia ficado em segundo lugar no concurso para substituto, e o primeiro colocado, depois de um tempo, havia saído.
Foi aí que eu reencontrei mestre Elimar Trein, agora com Chefe do Departamento de Geologia da UFPR.
Rapidamente, Mestre Elimar se pôs a trabalhar e viabilizou minha contratação. Fez de tudo para que eu começasse logo a dar aulas, e me deu os meios para fazer isso. Uma a uma, as questões burocráticas foram resolvidas e meu contrato foi feito. Era um contrato muito precário, pois recebíamos como prestadores de serviço, sem direito a nenhuma garantia. Mas para quem não tinha nada, foi alguma coisa. Hoje, este sistema está bem melhor, embora sempre há quem queira voltar a este passado ruim.
Lembro de quando cheguei para dar minha primeira aula. Era uma aula de Geologia Geral para a Engenharia Cartográfica. Estava iniciando a aula quando o Coordenador da Engenharia Cartográfica entra na sala de aula, esbaforido e meio raivoso: “Ainda não arrumaram o professor substituto?”, perguntou para mim e para a turma.
Quando eu me apresentei, dizendo que era o professor da disciplina, ele se deu conta da situação. Havia me confundido com os alunos. Afinal, na época eu tinha um pouco mais que a idade dos meus alunos, e poderia facilmente me passar por eles. Depois, quando fui contar para Elimar da situação, rimos demais.
E assim foi. Volta e meia eu passava na sala da chefia de Departamento e nós íamos tomar um cafezinho. Volta e meia íamos também à cantina da Exatas, tomar um café e conversar, coisas sérias ou não. Não me lembro direito destas conversas, mas eu lembro que era um tempo bom.
Acabei saindo no final do meu contrato. Esse meu período, que durou dois semestres aproximadamente, foi marcado pelo apoio do meu agora colega Elimar Trein. Um apoio firme e amigo, do qual eu jamais me esquecerei.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

PARA MESTRE ELIMAR TREIN, COM CARINHO (1)


Fim de tarde no rio Ribeira, que Elimar Trein conhecia tão bem...
Semana passada tive a notícia da morte de meu querido professor Elimar Trein.
Desde então, como pequenos flashes, as lembranças deste mestre querido foram se enredando e se embaralhando em minha cabeça, formando uma teia de saudades. Nunca fui íntimo dele. Não sei dos pormenores de sua vida além da dos tempos da Faculdade. Portanto, vou me ater as lembranças do mestre e, com muito orgulho, colega Elimar Trein.
Minha primeira lembrança, ainda muito tímida, foi de quando eu fui pela primeira vez estagiário na saudosa Mineropar. Ainda no segundo ano do curso de geologia, estava lá numa salinha do primeiro andar do prédio do Juvevê, às voltas com atualizações de mapas de áreas de mineração, quando o vi pela primeira vez.
 Elimar Trein era o vozeirão que passeava pelos corredores conversando com todo o mundo. Ele era então o Diretor Técnico da empresa. De vez em quando ele colocava a cabeça pela porta de nossa sala, dava um bom dia e seguia em frente. Ficávamos ali, entre assustados e orgulhosos pela lembrança do chefe. Naquele tempo ele já era uma lenda.
Afinal, Elimar Trein fora um dos geólogos da legendaria Comissão da Carta Geológica do Paraná. Junto com gente de renome como Reinhardt Fuck, Onildo Marini, Arsênio Muratori e outros geólogos, a Comissão da Carta foi um divisor de águas na geologia paranaense.
Até hoje, vendo aqueles mapas impressos e coloridos e passear pela geologia e pelas rochas ali descritas, pode-se sentir o peso daquele trabalho, que mapeou a região Leste do Paraná numa escala de detalhe nunca antes mapeada. Façanha que nunca seria repetida. A julgar pelos sombrios tempos que correm, não o será tão cedo. A Comissão da Carta é hoje somente uma lenda. 
Elimar Trein foi o autor de algumas destas cartas, e autor de textos importantes da geologia do Paraná. Vê-lo andar em passos largos pelos corredores da Mineropar era como se víssemos a bibliografia que estudávamos a passear na nossa frente, viva e pulsante.
Ao contrário de Reinhardt Fuck e Onildo Marini, que foram posteriormente para a UnB e fizeram carreira memorável como pesquisadores, Elimar ficou no Paraná. Não foi inicialmente para a academia. Trabalhou em diversas empresas de mineração e esteve dentro da equipe que fundou a Mineropar. Foi, naqueles anos de muita atividade, um incansável gerente de equipes de campo.
Anos depois, comecei a encontrar com ele, de novo, nos corredores do Centro Politécnico. Estava vindo nos dar aula, e estava se atualizando, assistindo as aulas do prof. Pio Fiori. Alguns colegas até riram quando o viram assistir algumas aulas. Como se isso o diminuísse. Na verdade, era outra faceta marcante de Elimar: aprender e reaprender.
Não é fácil voltar aos bancos escolares depois de algum tempo. Mas não é nenhum problema, ao contrário. Não é voltar a aprender, mas continuar aprendendo de uma maneira mais rápida e honesta, que é através do ensino regular. No mundo de hoje, por conta da informação da internet, muitas pessoas acham que se pode prescindir do ensino formal e regular. Ledo engano.
Elimar Trein ministrou aulas de Geologia Estrutural para nós no segundo semestre de 1985. Foi o meu pior período no curso de geologia, com estudante. Por contas das agitações da política estudantil, e não só por conta delas, acabei faltando demais, e acabei reprovando.
Voltei no semestre seguinte. Encarei de novo Elimar Trein e a Geologia Estrutural. Desta vez, foi fácil. Lembro-me bem do trabalho de campo final, no vale do Ribeira, num dia quente e ensolarado. Depois de percorrido o perfil do dia, paramos num pequeno bar na beira da estrada, e tomamos umas cervejas. 
Com o calor e a poeira, os primeiros goles eram de um alivio que não se descreve com palavras. Lembro de mestre Elimar contando histórias de mineração, de trabalhos de campo, de fatos pitorescos da vida de geólogo de campo. Continuava o mestre, nascia o amigo.
Elimar Trein foi meu professor em diversas outras disciplinas. Lembro-me de que, durante a disciplina de mapeamento geológico, professor Jose Manoel dos Reis Neto, também de saudosa memória, nos avisou antes de irmos para o campo: “não vão forçar a barra ao caminhar, porque o Elimar não aguenta”. Aguentou sim, e discutimos muita geologia e nos divertimos nas estradas de Piên.
Na banca de graduação, foi um dos que nos arguiu com severidade, mas com suavidade. Apontou corretamente o que estava estranho, e mostrou o que estava bom. Quando ele encerrou sua arguição, olhei para Flavio Oliver e Jonas Furman, meus colegas de equipe, com um olhar de “agora somos geólogos”.
Faltava muito ainda, e Elimar Trein sabia disso.