Realmente horrível a minha estada em Antonina. Na casa do
barbeiro, tudo vulgar, tudo reles e em parte alguma se podia evitar essa
vulgaridade. O homem pode ter sido marinheiro num navio negreiro. Esteve
evidentemente na costa da África. Na sua miserável casa ocorriam as maiores
misérias: palavras injuriosas sobre os hospedes que não pagavam ou de hospedes
aos quais se reclamava dinheiro excessivo. Ali entravam e dali saíam figuras
esquisitas, ainda que entre elas assomassem algumas sofrivelmente decentes. Se
quisesse por no papel o que lá observei, poderia sair um vivo esboço para um
romance.
Cheguei como um mensageiro de um mundo melhor, embora
ninguém me conhecesse em Antonina, salvo um médico que estava na cadeia.
Era o pobre diabo de um meclemburguês[1]
e, a falar a verdade, não era médico, mas um tecelão, chamado Muller. Dou o
nome sem hesitar, porque afinal toda a gente se chama Muller!
Negociara com a célebre droga de Leroy, prejudicando,
talvez, na vila de Antonina, os interesses de alguém que fizesse o mesmo negócio.
Quando o levaram perante o presidente da Câmara Municipal e não quiseram
reconhecer seu documento de identidade de Meclemburgo, o tecelão, que com
ninguém podia entender-se, rasgou o documento na presença dos “Senhores”
reunidos. Isso lhe foi levado muito a mal.
Foi denunciado criminalmente e devia ir a Júri, a reunir-se seis meses
depois. Não há no lugar uma só pessoa que conheça ao mesmo tempo o alemão e o português.
Considerei então meu dever comunicar o caso ao cônsul geral do Meclemburgo no Rio
de Janeiro e ver se era possível ajudar o homem metido no horrendo calabouço.
A masmorra onde está o homem é realmente uma coisa atroz.
Como se pode suportar tal coisa? A cadeia, a penitenciaria de Antonina, é um
monumento tão vil que não há expressão para denomina-lo. Tenho bastante
paciência com as fraquezas, deficiências e injustiças que encontrei durante
minha viagem. Mas há condições que é preciso levar ao pelourinho da opinião
publica. A cadeia de Antonina é uma dessas condições, uma imagem da humanidade
e justiça das autoridades daquela cidade.
Enfim, a 14 de setembro, cerca de meio dia, apareceu ao
longe, ao leste da baia, o vapor “Paraense”. Nunca sai de um lugar de tão bom
grado, tão alegremente quanto de Antonina. Como despedida, fui ainda muito
explorado pelo barbeiro, mas de boa vontade paguei ao sujeito, pelos três dias
em sua ordinária tasca, os 18 mil réis reclamados (14 táleres prussianos) e fui
para bordo do vapor.
[1] Segundo a sempre confiável Wikipedia (em inglês) Mecklenburg
(baixo alemão: Mękelnborg) é uma região histórica no norte da Alemanha compreendendo a parte ocidental do estado (província) de Mecklenburg-Vorpommern. As maiores cidades da região são Rostock, Schwerin, e Neubrandenburg. Naquela época, era uma das mais pobres e atrasadas regiões da Alemanha.
Proponho que todas as mensagens em que sejam sugestões, principalmente, mas denńcias e insatisfaçõs também, sejam centralizados no blog do Joaodomero.
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e também aqui, para as discussões, pois quando for para o João saber, estaria lá o resultado das discussões, por exemplo.
O mesmo deveria ser feito pra os demais blogs.
O que pensam ?
Seria um controle e um falar registrado direto com o Prefeito,Ele se obriga a prestar contas e divulgar suas intenções, publicar resumo das atividades na semana, e responder sobre o esgoto que fede nas ruas etc. As ações para desentupir os dutos pluviais, and so on