No ano de 1930 apareceu na firma J. Cordeiro um rapaz com aparência
de seus 21 anos, à procura de serviço.
Foi o mesmo atendido em sua solicitação começando a trabalhar
no armazém de serviços de descarga de vagões e carregamentos de lanchas, no que
deu-se bem.
Logo no início, já de camaradagem com os demais
trabalhadores, ficamos sabendo ser filho de bugre. Todos o conheciam pelo nome
de Xixipe.
O rapaz logo se enamorou por uma tal Maria Louquinha, que
morava na zona do Portinho. E não trabalhava mais, só pensando na sua amada.
Num domingo o mesmo encontrou a sua namorada com um Don
Juan, na fonte da Carioca. Ficou muito triste, contou aos companheiros o que
tinha acontecido, e disse que ia suicidar-se.
Os seus colegas, conhecendo a Maria Louquinha, começaram a
rir.
O rapaz dirigiu-se à Ponte Bandeira Ribas, dizendo que ia
suicidar-se mesmo. Os seus colegas ficaram surpresos ante a sua atitude e
esperavam o trágico desfecho, quando o mesmo chega a cabeceira da ponte e
senta-se.
O tempo formava-se, roncos de trovões, e não demorou muito cai
um forte aguaceiro. O rapaz levantou-se e retornou ao armazém.
Quando o mesmo chegou ao armazém, o José Soares, seu colega
de serviço o interrogou sobre sua atitude de suicidar-se, ao que o mesmo respondeu:
“a chuva está muito forte, e a maré muito cheia”.