terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O SUICIDA



No ano de 1930 apareceu na firma J. Cordeiro um rapaz com aparência de seus 21 anos, à procura de serviço.
Foi o mesmo atendido em sua solicitação começando a trabalhar no armazém de serviços de descarga de vagões e carregamentos de lanchas, no que deu-se bem.
Logo no início, já de camaradagem com os demais trabalhadores, ficamos sabendo ser filho de bugre. Todos o conheciam pelo nome de Xixipe.
O rapaz logo se enamorou por uma tal Maria Louquinha, que morava na zona do Portinho. E não trabalhava mais, só pensando na sua amada.
Num domingo o mesmo encontrou a sua namorada com um Don Juan, na fonte da Carioca. Ficou muito triste, contou aos companheiros o que tinha acontecido, e disse que ia suicidar-se.
Os seus colegas, conhecendo a Maria Louquinha, começaram a rir.
O rapaz dirigiu-se à Ponte Bandeira Ribas, dizendo que ia suicidar-se mesmo. Os seus colegas ficaram surpresos ante a sua atitude e esperavam o trágico desfecho, quando o mesmo chega a cabeceira da ponte e senta-se.
O tempo formava-se, roncos de trovões, e não demorou muito cai um forte aguaceiro. O rapaz levantou-se e retornou ao armazém.
Quando o mesmo chegou ao armazém, o José Soares, seu colega de serviço o interrogou sobre sua atitude de suicidar-se, ao que o mesmo respondeu:
“a chuva está muito forte, e a maré muito cheia”.