Dentre os numerosos espécimes de cordados que temos
analisado do ponto de vista da Paleontologia Imaginaria, o Mutatis mutandis é uma das mais interessantes pelos desdobramentos
de seu estudo. Trata-se de uma espécie de peixes que vivia mudando de um ecótone
para outro, com uma intensa atividade que durou praticamente todo o
Fanerozóico. Segundo Granero (1968, 2014), essas mudanças eram eventos
especiais, que envolviam diversas e distintas etapas de desenvolvimento, e
envolviam quase todo o ambiente nos quais estavam inseridos, incluindo diversas
outros espécimes.
O Mutatis sp
mudava-se primeiramente guardando objetos e utensílios em compartimentos na
forma de caixas e sacos, amontoando esses objetos ao redor de seu ninho. Era
grande a quantidade de objetos descartados neste processo (Giulian &
Granero, atas do congresso de paleontologia de Feira de Santana, 1999, pag
201-235). Estes autores calculam a quantidade de materiais descartados em 30%
do total de objetos do Mutatis mutandi.
No transporte dos objetos, era requerida a presença de
animais do gênero Descuidadus sp,
sempre presentes em grandes quantidades nesses eventos. O Descuidadus colocava os objetos de qualquer jeito nos transportes,
em geral quebrando espelhos, vasos caros, quebravam plantas, esqueciam porcas e
parafusos, riscavam as paredes, trocavam caixas e outros comportamentos bem
reconhecidos no registro paleontológico, aumentando o descarte de objetos ao
fim da segunda fase da mudança (Luisão Mudanças et al., atas do congresso de paleontologia imaginaria de Apucarana,
1994, pag 307-428).
Muitos destes também se extinguem durante estes episódios de
mudança dos mutatis mutandis. Estas situações de extinções em massa podem
atingir escala mundial. Durante o transporte, verifica-se que numerosas outras espécimes
também se mudam, como os canídeos Caidus
caminhonis e muitos outros seres, como roedores, plantas e insetos. Hoje se
acredita que a extinção em massa do fim do Cretáceo foi causada por uma mudança
domiciliar na região de Chichxlub, no Iucatã. Essa problemática foi tratada,
entre outros, por Manuel Joaquim, em seu trabalho seminal intitulado “o Mundo
Gira e a Lusitana Roda”, (Éditions du Chémin, 1956).
Os modernos estudiosos do tema não têm duvidas sobre o papel
do Mutatis mutandis nas grandes
extinções em massa do registro paleontológico. Para Granero (1995) três episódios
de mudança do mutatis mutandis equivalem a um incêndio de grandes proporções,
destruindo praticamente todo o meio. Por outro lado, Luisão Mudanças (2013)
pondera que mudanças de pequenas proporções também podem acarretar danos
ambientais profundos, principalmente se estiver relacionado com o Descuidadus sp.
No entanto, a irregularidade do registro paleontológico em
escala planetária não garante que estejamos, ainda hoje, imunes a tais catástrofes
(Fink, 2008, Atas do Congresso de Paleontologia Imaginária de Johanesburgo,
p425-456). O mutatis mutandis deve ter sido extinto no final do Paleoceno, em
meio à fase interglaciar Mindel (Fink, op. cit.). No entanto, alguns
especialistas garantem que mais mudanças vêm por aí. Reservem muitas caixas de
papelão, comprem uma boa fita adesiva e Salve-se quem puder.