quarta-feira, 30 de novembro de 2011

GANHAR, REZAR, SECAR

Não, a frase não é minha, e sim do Chico Sá, colunista da Folha de São Paulo e comentarista do Cartão Verde. Ganhar, rezar, secar. Ganhar do coxa, rezar para que os ataques do Galo e do Bahia funcionem e secar o Ceará e o Cruzeiro. Parece fácil falando, mas para o time que está ai, tarefas de Hercules. A frase resume bem nossa desdita: um time que esteve fora da ZR por somente uma rodada está chegando merecidamente à degola. Pra quem tentou fugir do mármore do inferno com Guerron, Nieto e Cia, agora só com Expedito, este sim um craque. 
Nossos queridos coxa-brancas, que sabem de cór e salteado como é o caminho pras profundas, riem mostrando os dentes. Pimenta nos olhos dos outros é colirio. Ainda está, na memória dos coxas aquele dia fatal de dezembro de 2009 quando tudo deu errado e o inferno se abriu para eles em pleno Couto. Azar, agora é nossa vez. 
Assim como eles, teremos que nos reinventar ano que vem, nossa torcida tem que voltar a ser a torcida sofrida mas guerreira que era no século passado, que voltar ao topo é uma consequência. Frise-se que nós nunca caimos. Nós começamos de baixo, empurrados pra lá pelo grupo dos 13. E aqui estamos, até pelo menos domingo que vem. Desde 95, quando subimos gloriosamente (e em cima de um certo alviverde) e passamos a ostentar no peito uma estrela de prata, jamais caimos. 
Pelo menos ano que vem estarei na arquibancada do Brinco de Ouro pra ver o gente ganhar do Guarani. Eu queria mesmo era estar no Lucarelli e ganhar da Ponte Preta, mas Papai Noel, assim como o Coelhinho da Pascoa e o Politico Honesto, simplesmente não existe. 
Furacão, Eô! Atletico-o-ô!
Vamos lá, Furacão!!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

MUDANÇAS DE ESTAÇÃO


Avenida Nenê Chaminé, sem número

No começo do mês, estava em Nova Friburgo voltando de uma vistoria a locais onde haviam ocorrido escorregamento de terra em janeiro ultimo, em companhia de, entre outros, Claudio Amaral, diretor do DRM – o Serviço Geológico do Rio de Janeiro. Em toda o megadesastre, ele era quem falava pelo corpo técnico que estava cuidando dos risco geológicos na região, e, por força disso, era muito conhecido e requisitado pela população. Numa caminhada de cerca de trezentos metros ele foi parado pelo menos por duas vezes, por pessoas que vinham perguntar sobre a situação de risco de sua casa, de sua rua especifica. Educadamente, Claudio respondia a cada um, evitava polêmicas e fazia o possível para dar a melhor informação possível num universo intrincado onde ele, na verdade, mandava pouco. Pelo lado das pessoas, via-se claramente o desespero de quem já tinha passado por poucas e boas no passado recente. Muitos tinham sobrevivido por sorte. E não sabia direito a quem recorrer, a quem indagar sobre os riscos que estão por vir com o começo da próxima estação das chuvas.
Cerca de dez dias depois, estava na Deitada-a-beira-do-mar com meus alunos, subindo os morros e fazendo observações. Conversei com diversas pessoas, em praticamente todos os bairros ao redor do morro. Da mesma forma que as pessoas em Nova Friburgo, o que eu vi foi muita desesperança. Pessoas que perderam tudo e que se encontram desesperadas e perdidas, como o Edson, que interrompeu nosso trabalho achando que estávamos desrespeitando ou, pior, roubando a casa de sua mãe na laranjeira. Aos gritos, e completamente torrado, como se diz em antoninês, ele nos ameaçou, pedindo aos berros para que fossemos embora dali. Ao conversar com ele procurei entender sua reclamação e acalmá-lo. Era uma criança grande, literalmente sem chão, com a casa da mãe destroçada e cheia de lama, num cenário realmente aterrador. Chorou muito, pediu desculpas, se disse atordoado pelo sofrimento. Quando se acalmou, pediu dois reais. Não sei em que foram investidos os dois reais que dei a ele, mas pra coisa boa não foi.
Conversei com outras pessoas, melhor situadas que o pobre Edson. Tinham aonde ir, casa de parentes onde ficar, e não se sujeitavam a morar nos abrigos. “é muito humilhante”, me disse uma senhora que encontrei no Tucunduva. Na Laranjeira, uma mulher nos contou que as casas por ali estavam sendo paulatinamente depredada por bandos de rapazes desocupados, que buscavam as casas abandonadas pra fumar crak. Aqui e ali, via-se que algumas casas estavam sendo reocupadas, outras se viam guris entrando e saindo, num cenário que poderia ser de guerra. Mas é Antonina.
No bairro Floresta, em Morretes, conversei com seu Arlindo, um próspero agricultor que perdeu praticamente tudo na catástrofe, inclusive uma irmã. Não queria nada, nem cesta básica: “aqui não tem vagabundo”, disse, com orgulho de quem tira seu sustento da terra, e com suas próprias mãos. Uma terra, aliás, toda virada do avesso, cheia ainda de lama, pedras, troncos e restos de casas e carros. Mais pra frente, já havia terra livre de tocos e arada, esperando pra plantar. A indefinição do governo sobre o que fazer com a área não pode durar pra sempre, diz ele. Não há tempo a perder, a safra tem que ser plantada a tempo. A maior reclamação de seu Arlindo é não deixarem mais plantar na sua propriedade, agora declarada área de risco.
Em Nova Friburgo como em Antonina, as pessoas ainda estão perplexas, esperando respostas do poder público. Este, por mais bem intencionado que esteja, está as voltas com burocracia, lentidão, jogos de interesses. O planeta, que continua girando em torno de seu eixo, indiferente a nós como era indiferente aos dinossauros e outros quetais, se prepara para o verão do hemisfério meridional e suas chuvas intensas. 

sábado, 19 de novembro de 2011

NA TERRINHA


Estou na Deitada-a-beira-do-mar fazendo trabalhos de campo com meus alunos de Iniciação Cientifica, subindo os morros e procurando entender o que aconteceu na tragédia do 11 de março. Visitamos o bairro da Floresta, em morretes, onde uma gigantesca corrida de detritos vitimou 1 pessoa naquela fatidica sexta-feira. Um dia, todos estes fatos servirão para prevenção e não para entrar no rol das tragédias anunciadas. 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

NOVA FRIBURGO

O Morro das Duas Pedras em Nova Friburgo (RJ), vista do morro  do bairro  Village;  as faixas em branco são escorregamentos de janeiro/11
Estou chegando de Nova Friburgo (RJ), onde fui participar de um simpósio de Geologia, onde se discutiu muito     sobre os eventos catastróficos destes ultimos anos em todo o Brasil. Foi muito interessante poder participar com colegas de todas as partes do país e principalmente os colegas geólogos do Rio de Janeiro, já calejados com os problemas de escorregamentos em eventos catastróficos.  Aqui em Nova Friburgo foram resgatados 850 corpos, mas a estimativa é que mais de 2 mil pessoas ainda estão desaparecidas. Corridas de Lama, como    as que ocorreram na Larangeira e no Cemiterio São Manoel foram especialmente letais.  Aprendi muito, espero poder aplicar um pouco do que aprendi na minha terrinha. Este fim de semana estarei aí, pra mais uma campanha de reconhecimento dos escorregamentos do morro do Bom Brinquedo. 

Escorregamentos no bairro Village, Nova Friburgo (RJ), em janeiro /11

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

COMENTARISTUS LEVIANUS

(a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com Morretes (PR). Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog fazer a divulgação científica da Palentologia Imaginária para o publico interessado em ciências)



O comentaristus levianus é um dos organismos fósseis mais comuns do permiano inferior. Segundo alguns dos maiores estudiosos da espécie, como F. VaiaMerdrov, estes vermes proliferavam em redes infectas, ocupando um nicho muito particular, de águas turvas e redutoras. As características da espécie indicam pouca acuidade visual, cérebro pouco desenvolvido e dedos longos característicos, que os permitiam longas jornadas de digitação frenética e sem descanso.

Segundo um dos seus maiores estudiosos, o general Golbery do Couto & Silva, em seu livro “Malufismo, etapa superior do Adhemarismo”, os c. levianus mais primitivos alimentavam-se dos excrementos de espécimes populistas como o carlus lacerdis e o janius quadrius. Quando surgiram, no inicio do permiano, ocuparam rapidamente os nichos de outras espécies de comentaristus, como o c. fanaticus, o c. raivosus e o c. homofobicus. Juntando as características destas três espécimes, os comentaristus levianus foram ocupando nichos paleoecológicos importantes nas partes mais profundas e menos oxigenadas dos mares permianos. Segundo as últimas descobertas, em seu período de maior apogeu, os comentaristus levianus se alimentavam de excrementos de animais ainda mais rasteiros e de capacidade cerebral ainda menor que os precedentes, como o reinaldus azevedus ou o diogus mainardii, então muito comuns neste tipo de ambiente.

Os primeiros exemplares fósseis do comentaristus levianus foram primeiramente descritos no século XVIII pelo paleontólogo francês Silvousplez . Diderot, numa carta a Silvouplez, foi o primeiro a notar que o comentaristus levianus deveria ter vivido em ambientes anóxicos, onde era pouco comum a entrada de luz e oxigênio (Diderot, carta a Silvouplêz, Editions du Sans Porvir).

F. Vaiamerdrov, eminente paleontólogo imaginário soviético, estudou a fundo o comentaristus levianus, não sem antes passar longas temporadas (in)voluntárias na Sibéria, onde encontrou numerosos exemplares fósseis. No entanto, em camadas à esquerda do rio Volga, nos Urais, Vaiamerdov descobriu fosseis de comentaristus levianus formando comunidades com o patrulheirus ideologicus, outra espécie nefasta que evoluiria até o triássico médio. Juntamente com o politicamenticus correctus, estes organismos ocupariam todos os mares permianos.

No entanto, o c. levianus não tinha predadores à altura, uma vez que os mares estavam infectados e muito escuros, e prosseguiam fazendo muito estrago nestes ambientes. Não tinham dó de nenhuma espécime doente ou mutilada, e as perseguiam até matá-las com grandes doses de enzimas que secretavam, como a preconceituose e a revanchose (Silva, 2002, 2006; Roussef, 2010).

Para Vaiamerdov (Congresso de Paleontologia Imaginária de Vladivostok, 1956), o que acabou extinguindo o c. levianus foram as mudanças no ambiente geradas a partir do final do permiano. Com a oxigenação dos oceanos a partir da ruptura do Pangea, acabaram com os ambientes estagnantes e sem luz. Com isso, e precisando se expor em ambientes mais iluminados e menos estagnados, os comentaristus levianus, sem a proteção do anonimato, não tiveram nada de interessante a propor, e acabaram por se extinguir rapidamente.

domingo, 6 de novembro de 2011

IMPONENTE E LINDA É ELA

Hoje é domingo, pé de cachimbo. Já tarde da noite, trabalhando no fim de semana, são as contingências da vida de professor universitário. São os cavacos do oficio. Amanhã devo ir a Nova Friburgo (RJ) para um simpósio de geologia e onde, pela primeira vez na minha vida, vou coordenar uma mesa-redonda. Também devo participar de alguns debates sobre os desastres geológicos da região serrana do Rio este ano. Infelizmente, não deu tempo de preparar uma comunicação sobre o desastre da terrinha. Mas estarei lá, vou ver e aprender o que puder.

Pois então, minha terrinha faz hoje 214 anos de feliz existência. Feliz? Meu amigo gusano já vai me interrogar: afinal, amigo, o que é a felicidade? É um estado de espírito, uma condição, uma pré-condição, o que? Não sei responder, amigo gusano. Talvez, na próxima ida à terrinha, tenha que buscar ajuda espiritual de Pai Zinho de obatalá, meu guia metafísico que só me mete em enrascada.

O que sei é que minha terra sempre foi uma terra valente e brigadora. Brigou pra ser uma cidade, contra os interesses do lado de lá da ilha de Teixeira. Brigou pra ser uma paróquia, pra poder rezar em paz. O 6 de novembro, quando finalmente nos emancipamos, foi um dia de festa popular, talvez um prelúdio de nosso carnaval. Ermelino de Leão que o diga, lá no seu “Fatos e Homens”.

Depois, Antonina brigou pra ser porto. Conseguiu. Não foi só um porto, foi um porto importante, o 3º de Brasil nos anos 1930. Antes, o pessoal do lado de lá da ilha do Teixeira fez o que pode pra nos impedir. D Pedro II foi contra os anseios dos capelistas e nos tirou a ferrovia. Está lá, nos diários do velho, já comentados neste espaço. Depois, bem depois, conseguimos nosso ramal. Conseguimos pavimentar o Caminho da Graciosa, até a construção da moderna BR-277 o melhor caminho do litoral para o planalto.

A segunda metade do século XX foi ruim, não dá pra negar. O progresso de Antonina foi todo pra Paranaguá. Desde os anos 1970, lutamos pela sobrevivência do porto e da cidade. muitos de nós está em Paranaguá e Curitiba, em vez de estar comendo um caranguejo na Ponta da Pita. Teríamos chegado hoje a uma população de 50 mil habitantes facilmente.

Mas nada disso aconteceu. Nosso cantinho de baía empacou, mas não perdeu a ternura jamais. Contra o baixo astral, contra o pessimismo, nosso povo sabe sorrir, sabe rir, sabe gargalhar. Temos nossas festas pra se divertir, temos o carnaval pra pular, um peixinho de vez em quando, um pirão do mesmo...será que alguém ai sabe o que é a felicidade?

Neste inicio de século XXI, quando tudo parecia que ia melhorar, eis que a catástrofe se abate sobre a terra de Valle Porto. Casas destruídas, bairros destruídos, gente ferida, gente morta. Nessas horas, pensando bem, foi até bom não termos 50 mil habintantes, muitos dos quais estariam ocupando nossos morros. A tragédia que nos abateu poderia ser maior.

Como diz o lema de Eduardo Bó: “levanta, sacode a poeira, dá volta por cima”. O bagrinho é antes de tudo um forte. Vamos vencer. Antonina já é um canto do paraíso, um convite à felicidade, o que quer que isso queira dizer. Vamos cuidar de nossa cidade, vamos cuidar de nossos morros, de nossa baía, de nosso patrimônio histórico, artístico, cultural e industrial. Como diria a letra de um – só um – de um de nossos muitos hinos: “Minha Antonina gentil, és um pedaço de aquarela das belezas do Brasil!”. Com saudades e lagrimas nos olhos encerro esta simples crônica.

Como é linda esta cidade!!














quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CONVERSAS COM GUSANO (1): DIA DOS MORTOS

uma catrina, vestida de noiva, na frente de uma lojinha em Guanajuato, México
Hoje é dia dos mortos. Não sou nada religioso, ao contrário, embora procure respeitar as crenças todas. Acho que muitas mal não fazem, outras são duvidas existenciais disfarçadas de religião. Fanatismos e dogmatismos, esses eu detesto. Mas, como eu dizia, hoje é dia dos mortos e estou particularmente tocado. Um pouco porque estive no México, fiz amigos mexicanos e aprendi um pouco sobre o quanto a data é significativa para eles. É um dia da família ir ao cemitério e levar iguarias aos seus mortos. As festividades duram quase um mês, sendo parte integrante da cultura mexicana. Mortos, esqueletos, caveiras, você encontra em qualquer lugar, em qualquer esquina. Os esqueletos femininos, com chapéus e outras coisas afins, têm até nome: são as “catrinas”, sei lá eu por que.

Para nós é outra coisa. É um dia calmo, em que sempre chove um pouco, garoa branda. Em Antonina, é certeza de uma garoazinha. Aqui em Campinas o céu está azul e faz um friozinho. Dia de se levar flores aos cemitérios, limpar túmulos, acender velas aos mortos. Em respeito a tudo isso, embora ache que tudo acaba e pronto, sem deus nem justiça, fiz minha parte e acendi uma vela na sala aqui em casa, pra homenagear meus mortos queridos. O pouco que fiz de psicanálise me diz que isso é mais para mim do que para eles, que já se foram e são hoje só uma saudade. Quando eu me for, minhas saudades irão comigo, minhas lembranças e meus sentimentos acabam como uma chama que se apaga com o vento: acho que é esse o significado da vela que arde em minha lareira.

Trouxe um amigo do México. Não é bem verdade nem é correto dizer que se pode comprar um amigo, mas foi exatamente o que fiz. Comprei uma garrafa de um aguardente mexicano, o mezcal. Dentro das boas garrafas de mescal vem dentro um verme, um bigato, como dizem os paulistas. É garantia de que o mezcal foi feito do mais puro agave, que á uma das variedades de nossa pita. Destilando-se o mescal é que se obtém a tequila.

Pois bem, tenho tido altas conversas com Gusano, o verme de minha garrafa de mescal (gusano é verme em espanhol). Conversas profundas, existenciais. Coisas de cachaceiro, diriam alguns – o mais correto seria dizer mezcalero. Para afogar mágoas, nada melhor que conversar com um amigo engarrafado e já afogado em mezcal. Gusano tem me contado coisas interessantes sobre o amor, a felicidade, a solidão, a saudade.

Um pouco de tudo isso têm sido minhas recentes conversas com Gusano. Sentir saudade da família, dos filhos, dos amigos é mais fácil em terra estrangeira, quando tudo está distante, segundo Gusano. Sentir saudade dos mortos é outro estágio, saudade dos que não tem mais presença física, só a memória mediada pela cabeça dos que estão vivos. Gusano me disse um pouco mais: a mais funda saudade é a saudade de nós mesmos, daqueles que já fomos, que já vivemos e sentimos. A saudade que é irmã da solidão, não a solidão simples, mas a solidão existencial, o estar só por entre as gentes, como diria Fernando Pessoa.

Se pudéssemos voltar no tempo e fazer tudo diferente! Mas isso não existe, é uma impossibilidade física, vivemos no mundo de Newton, Einstein e Heisenberg : tudo existe e funciona, mas é relativo e incerto vezes a velocidade da luz ao quadrado. Gusano é taxativo: deixe de chororô e bola pra frente, amigo. Pois é, amigo Gusano, é isso aí, bola pra frente. Temos que viver e viver com nossos atos e das conseqüências deles. Os mortos estão mortos, já nada podem fazer. Nós, os vivos, mesmo iludidos no espaço-tempo é que temos que literalmente carregar a chama, enquanto nos caber viver. E viveremos, caro Gusano, coerentes com o que aprendemos com nossos mortos.

Depois de um vendaval no sábado que nos deixou sem luz e arrancou arvores por aqui, agora faz um sol bonito. O sol, esse, nasce pra todos e não está nem aí se estamos eufóricos ou melancólicos. Sim, Gusano, nesse dia dos mortos o bom mesmo é viver e aproveitar a claridade e o calor.
Meu amigo Gusano, profundo como sempre, dentro da garrafa de mezcal lendo alguns papers...