O Furacão original, o grande time do Atletico-PR nos anos 1940: Canário tinha vaga neste time? |
(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão desde 16 de dezembro de 1941 numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 1 de
janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca)
estão descansando em Itapetininga, para seguir viagem rumo de São Paulo.)
O corneteiro tocou a alvorada no quartel do 5º BC em
Itapetininga, pontualmente às 6 horas da manhã.
Os escoteiros acordaram ainda tontos de sono, e foram para o
banheiro, lavar-se para o café. Junto com os soldados do batalhão, os meninos
participaram das solenidades todas do dia. Entre estas estava a formatura da
tropa e o hasteamento da bandeira, tudo isso ao som do Hino Nacional.
Em seguida, acompanhados por duas bandas, os escoteiros
desfilaram pelas ruas da cidade ao redor do quartel. Depois disso, dia livre!
Lídio aproveitou a folga para escrever uma carta para sua
mãe. Nessa carta, reclamava dos abusos que o chefe Beto vinha praticando contra
todos os meninos. Na carta, Lídio conta que Beto centralizava o dinheiro e não
dava um tostão aos rapazes.
Lídio pedia que a mãe
fosse em casa de seu Manequinho para contar os desmandos do chefe. Ele nos conta
que terminou de escrever a carta com os olhos cheios de lagrimas. Lembra também que
todas as vezes que fora reclamar com o chefe Beto, este logo lhe dizia que não tinha
nada a explicar. Afinal, ele era o chefe e os outros deveriam obedecer a
hierarquia.
Depois de postar a carta, Lídio saiu a passear pela cidade.
Foram também, é claro, ver o local onde estava acontecendo a festa de Nossa
Senhora Aparecida. Lá, acabaram por assistir a missa campal celebrada ao fim da
manhã.
Quando no quartel deu o toque de corneta anunciando a hora
do rancho, os rapazes estavam todos de volta para aproveitar o almoço especial
de ano-novo. Neste dia, para alegria dos rapazes, havia refrigerante e
sobremesa.
Durante a tarde, no quartel, os escoteiros escutaram um
pouco de rádio, para se informar do que acontecia na guerra. Também ouviram as
notícias nacionais, como nos conta Lídio.
Ao fim da tarde, já que estavam de descanso, os escoteiros combinaram com
alguns rapazes da cidade uma partida de futebol, num campo de futebol suíço das
proximidades. Lidio conta que a equipe foi reforçada com dois soldados do 5º BC
de Itapetininga. A estrela do match, no entanto, foi Canário. Ao final, puderam
se vangloriar de um placar de 10 a 4 a seu favor, mais o show de Canário.
Depois da janta, foram passear pela cidade. Lídio e Manduca
foram conhecer a rádio Emissora de Itapetininga, onde foram entrevistados e
deram uma cordial saudação ao povo de Itapetininga, que tão bem os estava
recebendo.
Participaram também da procissão de Nossa Senhora Aparecida.
Lídio nos conta em seu diário que fora uma das mais bonitas que ele havia
visto.
Quando se fez o toque de silêncio, todos estavam de papo pro
ar. Todos, menos Manduca, que estava uma fera. Aquele dia, as brincadeiras estavam um pouco além da
conta. Em geral, quem dormia primeiro tinha os travesseiros ou a coberta
roubada pelos colegas, e acordava morrendo de frio. Outra brincadeira era
amarrar os pés com um lenço só pra ver o tombo do infeliz ao levantar-se pela
manhã.
Mas a predileta de todos - menos, é claro, das
vítimas - era o famoso “mosquitinho”. Queimava-se um palito de fósforo e
deixava=se na brasa. Depois, era colocado entre os dedos dos pés, da vítima
adormecida. Quando a brasa chegava até a pele, em geral a pessoa acordava
subitamente com a dor. Segundo Lídio, “era o maior sarro do mundo”.
O mosquitinho era a brincadeira predileta de nove entre dez escoteiros, hahaha.
ResponderExcluir