quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 21: O ATAQUE DOS CACHORROS DO MATO

A Igreja da irmandade de N.S. do Rosário, em Itapetininga, onde os escoteiros antoninenses passaram o Ano Novo de 1942
(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão desde 16 de dezembro de 1941 numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 2 de janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão saindo de Itapetininga, com destino a São Paulo.)

Os rapazes tinham que seguir viagem. Quando deu o toque de alvorada no 5º BC de Itapetininga, eles já estavam de pé com as tralhas todas para seguir viagem. O destino agora era São Paulo. 

No entanto, naquela bela manhã de janeiro, estava faltando água no quartel.  Não havia água na caixa geral. Somente uma torneira funcionava, mas ela estava reservada aos oficiais. Lídio, no entanto, estava determinado a lavar o rosto. Quando estava assim determinado, não conhecia limites. 

Foi procurar a tal torneira. Uma caixa d’água de latão ficava numa pequena torre, e a torneira ficava próxima de um pé de cedro. Um cabo ficava ali, não deixando que os soldados se aproximassem. 

Lídio chegou por trás, sem que o cabo o visse e percebeu que a caixa estava cheia d´água. Nesse momento, um oficial chamou o cabo que tomava conta da torneira. Era para entregar um pacote para o outro oficial, que estava na casa de comando. 

Lídio aproveitou para encher o cantil. E o fez rapidamente. O cabo já vinha voltando quando ele encheu o cantil de água. O cabo, desconfiado, perguntou o que ele estava fazendo. Lídio se fez de besta, e perguntou se ele podia encher o cantil ali na torneira. O cabo disse que não e o enxotou dali. Lídio se apressou em sair de perto, saboreando a vitória. E foi dividir o cantil com os outros rapazes, que puderam tomar café com o rosto lavado e a boca escovada. 

Assim limpos, os rapazes saborearam com mais gosto o reforçado café servido pelo quartel. Segundo Lídio, o café era café com leite e pão com queijo e goiabada. Delícia pura!

Depois, despediram-se dos oficiais ali presentes, bem como dos soldados, cabos e sargentos, que tão bem os haviam acolhido nestes últimos dois dias. E seguiram viagem. 

Estavam tão descansados que caminharam muito bem toda a manhã. Ao meio dia estavam já chegando em Alambari, um pequeno distrito de Itapetininga. Ali, almoçaram um sanduiche de pão com ovos e café oferecido na casa de um ferreiro do lugar. Quando deixaram pra trás Alambari é que sentiram o calor que estava fazendo. 

Os termômetros marcavam 40ºC à sombra. Depois de caminhar naquele sol infernal por uns 13 quilômetros, acabaram por se abrigar num rancho coberto de sapé na beira da estreada. O relógio de Lídio marcava neste momento 18:20 horas. 

No entanto, ali não havia água. Milton e Manduca foram procurar nas proximidades. 

Quando anoitecia um velho andarilho que ia para São Paulo também parou no rancho. Pediu proteção e agasalho para passar a noite. 

Lídio já tinha ido dormir, de tão cansado estava. O andarilho recomendou que tivessem muito cuidado e mantivéssemos o fogo alto porque nesta área existiam muitos cachorros do mato ferozes. E não foi conversa fiada do andarilho. Efetivamente os cachorros do mato vieram espreitar a casa. Com o fogo aceso, limitaram-se a vigiar de longe. O fogo, evidentemente, foi mantido por toda a noite.

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