Uma das tecelagens do bairro de Bangu em 1940. Bangu era um dos mais importantes distritos industrias do páis. |
(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 29 de
janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) chegaram ao Distrito Federal, cruzando os subúrbios e o grande bairro operário de Bangu.)
Foi o próprio soldado de plantão do Posto Fiscal de Campo
Grande quem se encarregou de acordar os cinco rapazes. O café já estava preparado.
Foi com muito ânimo que Milton, Canário, Lydio Manduca e Chefe Beto partiram para o final da
viagem. As oito da manhã eles passaram por Senador Vasconcelos e às 9 horas por
Santíssimo. As 10 da manhã, os rapazes estavam chegando no grande bairro
operário de Bangu.
Bangu não é para os fracos. O sol estava muito forte, o
asfalto literalmente derretendo e eles estavam caminhando praticamente
descalços. O ar úmido tornava o calor ainda mais intenso. Infernal. Então, eles
decidiram dar uma parada.
Bangu era conhecido por suas inúmeras tecelagens, sendo um
imenso bairro operário, um dos maiores da américa do sul, segundo anotaram os
rapazes. Além do mais, ali estava o estádio do Bangu Futebol Clube, o
legendário. Em Bangu haviam sido revelados os dois maiores astros do momento do futebol
brasileiro: Domingos da Guia e Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”. Lendas do
futebol, naquele ano os dois não estavam mais na zona norte. Estavam jogando na
zona sul, no time do Flamengo.
Os rapazes almoçaram num bar restaurante, e ali ficaram
descansando até as quatro da tarde. Ali, fizeram um balanço das finanças do
grupo. Ainda bem que estavam chegando, pois a coisa estava indo de mal a pior. Quando
fizeram as contas eles viram que cada um tinha em média 10 mil réis, o que mal
daria pra o dia seguinte.
O que eles não imaginavam é que já estavam famosos. O soldado
Affonso, que os recebera na noite passada no Posto Fiscal de Campo Grande,
havia contado ao Jornal “A Noite” sobre a façanha dos escoteiros. “A pé
do Paraná ao Rio”, era o título da matéria. A matéria cita Chefe Beto como “Alberto
Istorichi” no início da nota e “Alberto Istriki” ao final. Em meio
as notícias sobre a guerra, as notícias policiais e anúncios sobre o carnaval próximo,
a aventura dos meninos já era notícia no Rio de Janeiro, a um dia do seu fim.
Sem saber disso, os rapazes voltaram a caminhar e as cinco
da tarde passaram por Realengo, onde estavam situados vários quartéis. As seis
da tarde chegaram no largo do Campinho e resolveram pernoitar aqui. Chefe Beto
havia perdido o Livro Diário oficial seis quilômetros atrás e teve que ir
buscá-lo.
Além do mais, eles estavam baqueados com a viagem. Literalmente
no limite das forças, os rapazes ainda continuavam no trecho amparados pela
vontade de chegar. O corpo nem obedecia mais. Com o calor que fazia, complicava
tudo. Segundo Lydio, se restassem mais três dias, eles teriam que
baixar ao hospital.
Extremamente cansados, os rapazes pararam para pernoitar no
8º Distrito Policial em Campinho.
Chegaram, finalmente! E esse Livro Diário oficial, do chefe Beto ainda existe?
ResponderExcluirAguarde! Livro Diário oficial, a novela!!
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