O Monumento Rodoviário na Serra das Araras (RJ); os escoteiros descansaram aqui durante o sol forte em 27 de Janeiro de 1942 |
(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 27 de
janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca)
estão na Serra das Araras, quase chegando no Distrito Federal.)
O sol estava quase nascendo quando os cinco escoteiros de Antonina foram despertados por vozes. Eram os operários da Light, que estavam indo para trabalhar nas obras da Usina Elétrica no Ribeirão das Lages.
Lydio sentiu muita
dor nas costas neste dia, por ter dormido, junto com os colegas, numa calçada
fria. Vinha passando um carro que vendia
pães. Os rapazes pararam o caminhão para se abastecerem.
As sete da manhã, Canário, Milton Chefe Beto, Lydio e Manduca partiram da Localidade de São Joaquim, onde
haviam dormido, e começaram a subir a Serra das Araras. A estrada era muito
perigosa, com curvas fechadas, protegidas por muretas de metais ou de cimento,
evitando que algum motorista mais desatento pudesse rolar alguma ribanceira.
As 10 da manhã eles chegaram no monumento rodoviário,
situado no ponto mais alto da Serra. Lydio o descreve como um monumento
belíssimo, com características de um farol marítimo. “Impunha-se pela beleza
e modernismo de suas linhas retangulares”, acrescenta, com ares de crítico
de arquitetura.
Os rapazes deram um tempo da caminhada e foram explorar o
Monumento. Além do estacionamento e do restaurante, havia também um pequeno
alojamento para os motoristas cansados. Bastante moderno, sem dúvida.
Do alto da torre, eles podiam ver a represa e a usina da Light,
que naquela época fornecia água e energia elétrica para diversos municípios da
região, mais o Distrito Federal. À noite, um grande refletor iluminava a
redondezas com sua luz potente.
Estava muito quente. Quando chegara, Lydio calcula que
estava uns 40 graus. Na sombra. Os rapazes descansaram sob algumas arvores, mas
logo o sol deslocou as sombras. Chefe Beto providenciou um almoço para eles.
Era um sortido, que eles apreciaram muito.
As cinco da tarde, com o sol mais baixo, é que eles voltaram
a caminhar. As sete horas eles pararam para um rápido café. Enganava o
estomago.
Houve uma briga muito feia entre Canário e Chefe Beto.
Segundo Lydio, a coisa foi muito braba. Mas, com a intervenção dos demais, tudo
ficou resolvido. E, o que é mais importante, em paz.
Naquela tarde caminharam 23 quilômetros.
Chegaram num lugarejo denominado Caxias, que não é a cidade de Duque de Caxias.
Era dez para meia noite quando eles descansaram, ao ar livre, dormindo debaixo
de uns pés de cedro.
A convivência estreita durante muito tempo acaba mesmo gerando desentendimentos. Rataplã!
ResponderExcluirMas eles conseguiam resolver entre eles, e isso era a força do grupo, não é?
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