sábado, 18 de janeiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 37: TAUBATÉ E PINDA

A vila de Pindamonhangaba, a Pinda, na primeira metade do século XX. Os escoteiros dormiram no Fórum de Pinda antes de seguir viagem. 


(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 18 de janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão passando por Taubaté e  chegando a Pindamonhangaba.)

Depois de um bom café da manhã no quartel do 6º Regimento de Infantaria de Caçapava, Chefe Beto, Milton, Lydio Manduca e Canário retomaram a marcha. Tinham um longo caminho a percorrer ainda, até o Rio de janeiro. O destino agora seria Pindamonhangaba, a cerca de 37 quilômetros dali. 

Lydio achou a paisagem monótona: “nada senão ver vales, montanhas, a estrada e o rio Paraíba”. Que triste que é...

A paisagem do vale do Paraíba era deslumbrante: de um lado a Serra do mar e do outro a Serra da Mantiqueira.  Antes da grande sombra azulada das serras, ao fundo, nas laterais do vale, pequenos morros em forma de meia laranja ocupavam o relevo. Em frente, a vastidão da planície, com seus morros suaves, e também as planícies dos rios, principalmente o Paraiba.

Quando os escoteiros passaram por ali, a região estava se industrializando. A estrada São Paulo Rio já existia e a futura Via Dutra já estava sendo construída, ligando as duas mais ricas regiões do pais. As antigas fazendas de café dos velhos barões do vale do Paraíba ainda estavam lá. havia aqui e ali ainda alguns herdeiros do atraso, netos dos antigos saquaremas, o partido conservador do império, como Monteiro Lobato. mas, nos anos 1940, o vale pulsava e se reerguia, de outra forma. 

Os rapazes não estavam muito interessados nisso. eles tinham um objetivo, e ele estava à frente, muitos quilômetros adiante. Depois de andarem toda a manhã, perto do meio dia eles chegaram à vila de Quiririm, onde pararam para uma rápida refeição. Eles pararam providencialmente a um quilometro e meio da vila, para não provocar aglomeração de gente enquanto comiam.

Em geral, neste bivaques que eles faziam pelas vilas ao longo da estrada, eles sempre acabavam juntando gente. Adultos e crianças se chegavam a eles, para saber o que estavam fazendo por ali aqueles estranhos com roupas esquisitas, magros e bronzeados de tanto andar sob o sol. Os rapazes esquentaram num pequeno fogão de pedra que improvisaram a comida que tinham recebido no quartel de Caçapava e mandaram bala. 

Revigorados, retomaram a caminhada, e a um da tarde já estavam em Taubaté. Em Taubaté chamou a tenção dos rapazes uma capela consagrada a Nossa Senhora do Pilar, santa de devoção dos capelistas. E dos taubateanos também, pelo visto. Também souberam que por ali existe a chácara do visconde, onde mora o escritor Monteiro Lobato. 

Mas eles não tinham tempo, tinham que prosseguir. As 19 horas passaram pela vila de Socorro e as nove da noite chegaram em Pindamonhangaba, a belíssima Pinda. Lá, acabaram dormindo no Fórum, cedido por uma autoridade judiciaria.



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