A Estrada de Apiai para Guapiara hoje. Rite o asfalto, e a paisagem é praticamente a mesma que os escoteiros encontraram em 1941 |
(Estamos no mês de dezembro de 1941. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão desde 16 de dezembro de 1941 numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 27 de dezembro de 1941, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca)
estão saindo de Apiaí. Num lugarejo do meio da estrada, eles levaram um baita susto numa festa de casamento.)
Era sete horas da manhã quando os escoteiros se puseram na estrada, deixando Apiaí para trás em sua jornada.
Era sete horas da manhã quando os escoteiros se puseram na estrada, deixando Apiaí para trás em sua jornada.
Agora eles andavam por uma rodovia movimentada, e não mais
numa estrada secundaria no meio do nada. Ao contraio do vale da ribeira no
trecho paranaense, o trafego de automóveis e ônibus ali era intenso. Volta e
meia passava um carro ou ônibus e levantavam muita poeira, as vezes quase
impedindo-os de enxergar claramente a frente.
A fina poeira do planalto de Apiaí era constantemente
sacudida pelos carros da Viação Pássaro Azul e do expresso Paraná/São Paulo. Os
ônibus da Viação Cometa também passavam. A poeira e o calor eram muito fortes.
Ao meio dia, os rapazes pararam para descansar e comer um pouco. Almoçaram o
farnel que traziam, resultado da noite anterior: costela de porco assada, pão e
café.
Durante a caminhada eles continuamente assoviavam canções escoteiras,
em geral dobrados que eram executados pela banda dos escoteiros. Iam
alegremente a frente, cantando suas canções prediletas.
Quando as dificuldades e o cansaço surgiam, Lídio nos diz
que eles procuravam lembrar-se da 8ª lei do escoteiro: “o escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades”. Com estes
pensamentos em mente, e ritmados pelo som dos dobrados da sua banda, os meninos
atravessaram os morros do planalto de Apiaí durante todo o dia.
Ao final do dia, estavam chegando na povoação de Banhado Grande.
Banhado Grande era pequena, com cerca de 9 casas de madeira, bem conservadas.
Eles procuraram pouso, e o inspetor de quarteirão os colocou numa velha casa
abandonada. Foi um alívio, ter um teto para dormir!
Antes de se acomodarem, porém, os rapazes viram uma
cerimonia de casamento celebrado na vila, e que os impressionou a todos. Lídio
nos conta que o noivo chegou montado num belo cavalo negro, acompanhado de uma
guarda de honra. A seguir, a noiva chegou numa carroça puxada por dois cavalos,
toda enfeitada de flores. Atrás da carroça da noiva, vinha outra carroça
enfeitada de flores com as damas. As damas estavam todas vestidas de branco, o
que fez um belo contraste com as cores da paisagem.
Na casa do inspetor de quarteirão, onde seria celebrada a cerimonia,
estavam aguardando os noivos o juiz de paz e o escrivão de Apiaí. A cerimonia
foi celebrada, como de praxe. Na saída da cerimonia, em vez do tradicional
arroz, os homens sacaram de seus revólveres e atiraram para o alto, em grande
algazarra. Uma barragem de fogos também ocorreu, ensurdecendo a todos. Lídio
notou que o foguetório assustou os animais.
Findo o casamento, o inspetor de quarteirão ofereceu uma
janta aos rapazes, que estavam bastante impressionados com a cerimonia que
haviam assistido. Durante a a jante, ele perguntou ao Inspetor sobre os
caminhos que deveriam seguir nos próximos dias, seus problemas e dificuldades.
E também contaram ao homem sobre a viagem e sobre os episódios que viveram até
ali.
De tanto que falou da viagem, Lídio nesta noite teve
dificuldade de dormir, lembrando de seus pais e familiares, lá na distante
Antonina.
Bom descanso, escoteiros de Antonina, para retomar a caminhada em direção à capital federal.
ResponderExcluirprecisa, tem muito chão ainda!!
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