Anuncio no jornal O Dia, de Curitiba, informando o percurso dos "Itas" da Costeira, indo e vindo de Norte a Sul; |
Antonina era uma pequena cidade marítima, no estreito litoral
do Paraná. Seu pequeno porto, porém, era muito bem situado. Localizado no fundo
da baia de Paranaguá, estava no início da estrada da Graciosa, então o melhor
caminho para o planalto. Enquanto a distância de Paranaguá a Curitiba era de
120 km, passando por rios e Serras altas, o caminho da graciosa, além de
bonito, era o que oferecia o melhor custo benefício para os carroceiros e,
depois, para os pequenos veículos a motor. O binômio porto mais próximo e a
estrada da Graciosa constituía uma vantagem sensível para o comercio da
Deitada-a-beira-do-mar.
O porto de Paranaguá, uma das principais cidades do estado, também
era um adversário terrível. Perdendo na questão geográfica, combateu com o
estabelecimento de um novo modal de transporte como diferencial. Este
diferencial seria a ligação do porto com a ferrovia. Paranaguá assumiu esta
vantagem no final do século XIX, sendo o caminho final da linha férrea,
inaugurada em 1885. Antonina, logo a seguir, emparelhava a disputa com o ramal
ferroviário até a cidade de Morretes. Os dois portos, associados e
concorrentes, eram pontos importantes do transporte marítimo de cabotagem do Rio
de Janeiro para o sul do Brasil e mesmo para Uruguay e Argentina.
Entretanto, a crescente malha ferroviária, embora muitas
vezes parceira, também punha em xeque o transporte marítimo, principalmente no
sul. A princípio, o trilho era um associado do transporte de cabotagem, fazendo
ligações e encurtando distancias de maneira cooperativa. No entanto, com a
chegada do automóvel, ameaçando a ferrovia, a cabotagem começou a rapidamente
perder importância.
A década de 30 em Antonina foi um período de muito aperto
econômico. Os velhos armazéns que antes controlavam o comércio da cidade com
Curitiba e com os portos mais próximos, como Santos e Florianópolis, mudaram-se
em sua maior parte para Paranaguá e Curitiba. O pequeno comércio local que não
conseguiu se mudar da cidade e era dependente do sistema de cabotagem, começou
a diminuir. Com a interrupção das atracagens da Costeira e do Loide na cidade,
a situação começou a ficar desesperadora para estes comerciantes. Da mesma
forma, os Sindicatos de Estivadores e os que trabalhavam nas firmas
embarcadoras foram ainda mais duramente afetados.
Não se sabe de onde veio a ideia de mandar os rapazes para o
Rio. Mas, desde o início, a ideia pareceu boa. Estávamos vivendo no regime do
Estado Novo, a Ditadura Varguista. O escotismo era um dos pilares de Vargas,
assegurando o surgimento de uma juventude patriota e adestrada, fortemente
associada ao regime. Uma vez que o destino das companhias de cabotagem estava
em suas mãos, por que não quatro meninos a convencê-los?
O grupo escoteiro Valle porto havia sido fundado havia três
anos, em 1938. Era um grupo jovem, mas bastante organizado. Desde o início fortemente
associado aos encontros escoteiros da região, possuía uma tropa bem treinada.
Muitos destes escoteiros participaram nestes primeiros anos de diversos
encontros de escoteiros em Joinville, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Era
um grupo forte e motivado.
Caminhadas também eram o forte do Grupo Escoteiro Valle Porto.
Em maio de 1940, os escoteiros Rubens Nagorne Vieira, Lourival silva, Lydio dos
Santos Cabreira e Alceu Pereira da Silva haviam participado de uma caminhada a
pé de 82 km, ligando Antonina a Curitiba. Foi um feito notável. Este Raid,
que era como se chamavam então este tipo de competição, foi o batismo da
patrulha Touro. Esta foi, com algumas modificações, a patrulha encarregada da
missão no Rio de Janeiro.
Uma vez definido o grupo, foram reunidos na Patrulha Touro
cinco rapazes que pudessem dar cabo da tarefa. A escolha, bem se pode imaginar,
era a escolha de rapazes que tivessem experiência em caminhadas, em acampamentos,
mas, que, também, pudessem agir como um grupo. Sem isso, a missão jamais
poderia ter sido concluída com êxito.
Quem eram estes rapazes?
Postagens diárias? Isso é uma beleza!
ResponderExcluirVamos ver....
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