A Serra dos Orgãos, que foi atravessada pelos escoteiros em 1941, vista do bairoo do Batel |
Quando, na manhã seguinte, os rapazes acordaram na Fazenda
Olímpia, fizeram muitas massagens para aliviar os membros doloridos. A aventura
estava só começando...
Chefe Beto conversou com o encarregado da fazenda na hora do
café. Queria saber qual o melhor caminho tomar. Eles tinham a ideia de que era
mais vantagem ir pelo caminho do telégrafo até São Paulo. O caminho ia por
Iguape, passando a Serra Negra no Paraná. “Não vão, porque é perigoso”, disse,
taxativo, o encarregado. Segundo ele, o caminho do telegrafo é marcado por
pântanos perigosos e rios traiçoeiros. Sugeriu o caminho por Capela da Ribeira,
mais tranquilo.
Entre aliviados e assustados, os rapazes concordaram com o
encarregado, e se prepararam para subir a Serra dops Orgãos, em direção à Capela da Ribeira. Após o café, despediram-se do senhor Ymaguti. No novo caminho, cruzaram
novamente o rio Cachoeira, em direção a vila de Cachoeira de Cima.
Chegaram em Cachoeira de Cima as 10:30, onde pararam para
tomar água e pedir informações. Atravessaram novamente o rio Cachoeira, mais
acima, rumo à Fazenda Esperança, do turco Said. Lá, segundo Lydio, eles foram
recebidos fidalgamente. O turco lhes ofereceu galinha assada, arroz e farofa.
De sobremesa, garapa.
Da fazenda Esperança, os rapazes começaram a trilhar pela
velha estrada para São Paulo. Segundo Lydio, era estrada lá dos mil e
oitocentos...Na verdade era uma trilha, que depois quase desaparecia na mata. Depois de muito caminhar, chegaram ao pequeno povoado de Cotia, ao
pé da Serra dos órgãos. O povoado estava abandonado.
Os rapazes se acomodaram numa pequena fabriqueta de farinha.
Era uma tapera, e parecia estar abandonada há meses. Para maior segurança,
reforçaram as paredes com uma corda, com medo que a tapera pudesse desabar em
cima deles.
Milton e Manduca acharam, próximo da tapera, como era de se
esperar, uma pequena roça de mandioca. Lá,
se abasteceram do quanto puderam. Na tapera, os rapazes começaram o fogo num
fogão rústico feito de pedras.
Ali era um local muito ermo e distante. Como estivessem no
sopé da Serra dos órgãos, a noite caía muito rapidamente. As 18 horas,
a escuridão já era total. E isto em pleno mês de dezembro!
Com medo das onças, os rapazes resolveram fazer uma
fogueira, com turnos de guarda de 2 horas. No turno de guarda de Canário, ele
acordou todos aos berros: “Ei, negada, acordem rápido! é a onça! é a onça!”.
Canário tremia e apontava o farolete para uma moita. “Atire, Chefe Beto,
atire!”.
Não se soube se era ou não era onça. mas, depois disso, quem dormia? O sono acabou de vez. Os rapazes
foram tentando dormir. Ao longe, chegaram a ouvir os turros de algum animal bem longe, na
Serra. Seria ela?
No turno de guarda de Lydio, alta madrugada, todos já tinham
voltado a dormir. Na escuridão quase total, ele pensou em ter ouvido um choro
de bebê. Apavorado, Lydio tremia e se arrepiava, quando percebeu uma grande
coruja pousada perto dele. o pio dela parecia um grito de criança, e Lydio gelou até a espinha. A coruja olhava pra ele com seus grandes olhos bem
abertos. Mas era só uma coruja. Com muito custo, Lydio a espantou para longe. Que noite dos infernos!
No meio de tanto susto, foi com alívio que ele percebeu os
primeiros raios do dia.
Que noite aterrorizante deve ter sido. Abraço!
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