Mais que os apelidos, outra característica chama a atenção: Antonina tem,
nesta eleição, cerca de 135 candidatos, num universo de 16155 eleitores,
conforme os dados do TRE-PR (aqui). Isso dá um total de aproximadamente 120 eleitores para cada candidato. Nada muito relevante em termos de Brasil, no entanto. O aumento do
número de vereadores tem sido um fenômeno desta eleição.
Isso se deve ao aumento do numero de vagas em disputa. Foram
abertas muito mais vagas de vereadores nesta eleição, o que despertou em mais
pessoas a vontade de concorrer. Mais vagas significa mais possibilidades, logo
mais gente se apresenta. Por outro lado, a proliferação de vagas de vereador
nos últimos anos, principalmente nas cidades pequenas e medias, gerou uma serie
de distorções.
Uma das distorções mais sérias é o caso da remuneração dos
vereadores municipais. Antigamente, no tempo de meu pai e meu avô, o cargo de
vereador não era remunerado. Com isso, somente concorria ao cargo pessoas que
tinham algum ideal politico. Por outro, os vereadores pobres se viam em
desvantagem frente aos vereadores ricos, não tendo tempo de comparecer as
sessões, por exemplo, por ter que trabalhar.Mas esse é um problema das grandes cidades. Em Curitiba, por exemplo, com sessões todos os dias, o vereador tem que receber salario.
O problema foi que, quando o cargo se tornou remunerado nas pequenas cidades, as
famílias passaram a ver no cargo mais uma fonte de renda. As pessoas se
candidatavam para ganhar o salário de vereador, não para legislar sobre
assuntos do município. Certo vereador do passado recente, era um coitado, não
tinha emprego fixo, vivia à custa dos parentes e amigos. A família decidiu dar
um emprego ao pobre, juntou-se e o elegeu vereador. Qual foi a primeira atitude
do novo eleito? Pediu um adiantamento de salário pra Câmara, como se ali fosse
um cabide de empregos a mais, e ele, um empregado novo.
Alguns usaram – e usam - muito mal os seus salários e verbas
de gabinete. Pagar viagens de ônibus para hospitais, como certo vereador do
passado fazia é, como dizem, fazer mesura com o chapéu alheio. O dinheiro que
ele tem ali é do contribuinte, não dele. Pode até ser legal, mas é imoral, meu
caro edil. Simples assim.
Outro absurdo é a prerrogativa que os vereadores têm de
aumentar seus próprios salários. Mês passado os vereadores aqui de Campinas,
cidade que vem sofrendo com diversos casos de corrupção, tentaram aumentar seus
próprios salários: felizmente a grita popular foi tão forte que eles recuaram.
É um absurdo o que os vereadores ganham, e, no caso de cidades pequenas, não há
justificativa nenhuma sequer para receber salário, o que dirá as vultosas
quantias que o erário dispende com eles.
Enfim, parece que a coisa vai ter jeito: há uma lei que
proíbe que em cidades com menos de 50 mil habitantes os vereadores recebam
salário. Apoio essa lei. Assim, vão ficar somente os vereadores que tem vocação
politica, os que têm sangue nos olhos, os que querem fazer a diferença. No caso
de cidades como Antonina ou Morretes, onde as sessões são de noite e uma vez
por semana, o vereador pode muito bem trabalhar de dia e comparecer às sessões
semanais sem prejuízo de seu ganha-pão.
Ficariam assim somente os que estão interessados em ajudar a
coletividade. Os demais, que procurem um emprego condizente com seu padrão de
vida e deixem o contribuinte em paz. E se, desse jeito, não houver candidatos?
Fecha-se a cidade e devolve ela pros índios, pedindo-se evidentes desculpas pelos estragos efetuados nestes últimos três séculos.
Tomara que o projeto de lei seja aprovado. Somente assim me candidatarei ao cargo.
ResponderExcluirabraço e boa nota.