(Estamos no mês de março de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 2 de março de 1942, Beto, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca), Milton e Lydio, estão voltando pra casa. Em pleno mar, todos estão com medo do ataque de submarinos de guerra alemães. )
Em viagem de primeira classe, os
rapazes foram conhecendo um mundo novo: visitaram todo o convés, foram
conversar com o comandante e com a tripulação, desceram ao porão para ver a
casa de máquinas do navio.
Desfrutaram das refeições fartas
e exóticas. Lýdio experimentou lagosta pela primeira vez na vida. Em seu
diário, anotou que as tais lagostas eram "uma espécie de camarão
gigantesco, muito saboroso e de fácil digestão". Nas sobremesas, os rapazes
se deliciaram com sorvete de goiaba, tão bom que sempre repetiam.
Naquela noite o barco continuava
navegando rumo sul, todo pintado de preto, e com as luzes apagadas. Eram
precauções importantes na época.
Quando os rapazes chegaram ao Rio, havia sido
encerrada por aqueles dias a III Reunião de Consulta dos Chanceleres das
Repúblicas Americanas. Esta conferência foi muito importante porque definiu a
posição brasileira alinhada com os países Aliados e contra as potencias do
Eixo.
O ataque a Pearl Harbour havia
sido realizado em dezembro, poucos dias antes dos rapazes partirem de Antonina.
Nesta reunião no Rio de Janeiro todos os países do continente americano,
com a exceção de Argentina e o Chile, haviam se alinhado contra a agressão
sofrida pelos Estados Unidos.
Com a situação de beligerância já
no ar, os navios brasileiros começavam a ser abertamente alvo de submarinos
alemães. Havia pouco menos de uma semana,
dois navios brasileiros, o “Olinda” e o Buarque” haviam sido afundados por
submarinos alemães. Eram dois navios cargueiros com destino aos Estados Unidos.
No caso do Olinda não houve
mortes, mas o “Buarque a situação fio mais tensa. O navio afundou rapidamente e
a tripulação e os passageiros passaram nos botes de salvamento dias no mar gelado
do hemisfério norte. Um passageiro morreu nestas circunstâncias.
Pouco tempo depois, em
julho/agosto de 1942, os submarinos alemães iriam começar o que um comandante
alemão chamou de “alegre carnificina”: o ataque contra os navios
mercantes nacionais, que vitimou por volta de 3.500 brasileiros.
A comoção
popular que isso causou foi grande. Seria o elemento que faltava para a
declaração de guerra formal aos países do Eixo que o governo brasileiro fez
cinco meses depois, em agosto.
Enquanto isso, Lydio anota em seu
diário as precauções da embarcação para uma viagem em tempos de guerra. Com o
receio de um ataque, nenhuma luz podia ser acesa no navio. Sequer fumar no
convés era permitido. No meio de tantas preocupações, Lydio certificou-se de
colocar um colete salva-vidas ao lado do beliche, para o caso de qualquer
perigo.
Na primeira noite, a agitação
entre os passageiros era geral: com o embalo do navio, os passageiros estavam
todos enjoados, vomitando tudo o que haviam comido pela amurada. Milton Horibe,
o chefe Beto e Manduca estavam entre os passageiros que passaram mal nesta
primeira noite.
Após passar por todo o litoral
paulista, tendo ao largo Ilha Bela e São Sebastião, o navio começou a mudar seu
curso, e em breve estaria atracando no Armazém 3 das docas de Santos. A última
etapa da viagem estava chegando.
E a aventura continua! Olhe que viajar sob a mira nazista é para poucos. Abraço!
ResponderExcluirFoi aventura do inicio ao fim!
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