Um grande sucesso da culinaria inglesa de Devonshire, Leicestershire e Graciosadebaixoshire: mussel with cassava flour |
Alguém aí
estes dias comparou Antonina com o Flamengo: todo mundo gosta, mas nunca dá
certo. Mas há também a comparação com o Corinthians: a coisa até que vai, mas
sempre mascada, difícil, sofrida, “com muita emoção”. Acompanhei, com
interesse, os debates sobre a alteração do plano diretor da
Deitada-a-beira-do-mar. Entre as idas e vindas, entendi que a prefeitura ia
passando a coisa meio goela abaixo, com o beneplácito da Câmara de Vereadores e
que atualmente, há uma ordem judicial impedindo alterações no dito Plano.
Lembro de
que, nos anos 80, mais precisamente em 1986, houve a tentativa de instalar uma
fabrica de dióxido de Titânio em nossa formosa baia. De um lado houve quem saudasse a altamente
perigosa instalação com a geração de empregos. Do outro, levantou-se um grande
clamor popular, que envolveu até os pescadores artesanais, dizendo que Antonina
não queria ser uma “Nova Chernobil”. Um grande exagero e uma clara manipulação,
por certo. Mas chamou atenção dos meios de comunicação da época: uma cidade em
profunda crise econômica que resistia à industrialização tendo como bandeira a
defesa do meio ambiente. Bichos raros. Deu no Fantástico e no Globo Repórter,
que fez uma bela entrevista com a
querida professora Iza Maria Azim, mãe de meu amigo Zé Paulo, hoje Secretario
Municipal de Saúde.
Ou seja, a
coisa não vem de hoje. Sempre que um novo estabelecimento industrial bate as
portas da cidade, a cidade quer saber sim, o que tem por trás. É bom, é correto
e faz bem à saúde. No entanto, é bom que se saiba, esse dilema entre meio
ambiente e desenvolvimento é um falso dilema. Eu acredito que pode haver uma
solução – e um compromisso – entre os dois termos da equação, que alguns acham
incompatível. Acredito firmemente que, entre o ecochato mais chato e o
desenvolvimentista mais burro (ou mal intencionado) há um sem-fim de pessoas
sensatas que podem trazer solucionática às nossas velhas problemáticas, como
diria o nosso filósofo Dadá Maravilha. Ele que, aliás, à frente de seu tempo,
sempre combinava a tecnologia do helicóptero com a leveza do beija-flor em seus
gols memoráveis.
Podemos
fabricar pregos, transportar fertilizantes, lavrar minério de ferro, criar
camarões e software, e tudo com impactos ambientais que possam ser minimizados
por técnicas adequadas. Basta querer e ter transparência. Se os cidadãos
confiam na indústria que tem ao lado de suas casas, e se os gerentes forem
responsáveis o suficiente, se tiver uma imprensa séria e responsável, o
equilíbrio entre estes interesses poderá trazer bons resultados ao entorno e ao
meio ambiente, ainda por cima gerando empregos. Claro que não é um equilíbrio
fácil. É coisa dura, o cidadão tem que estar todo o tempo alerta, reclamando,
fiscalizando. O poder público, claro está, não pode ser conivente com os
interesses privados. Tem que ser convivente com os interesses públicos, pois
pra isso foi eleito.
Antonina é
um lugar de muitas belezas, que encantam a gente que aí chega. Tem um povo
maravilhoso e acolhedor. Tem bons atracadouros, embora os esteja perdendo para
o assoreamento da baia há décadas. Mas também tem um sentimento de
autocomiseração, que o nosso Paulo “Metido pra cacete” Cequinel, muito
apropriadamente comentou esses dias, que é caso pra Freud, pra Jung e pra Pai
Zinho de Obatalá, tudo junto e misturado. Antonina não é Parati, a mais bela
cidade, nem Santos, o mais movimentado porto, é só a bela e pacata Antonina,
que é uma bela cidade à beira mar que tem um porto. Entre a perseguição de
Paranaguá e a inveja de Morretes caminha o ego capelista, choroso e lamuriento.
Menos, menos.
Tirante
isso, tanto a cidade como o povo de Antonina já sabe isso de gerações, que é
preciso ter discussão e transparência sobre estas indústrias que chegam. Os
industriais, por outro lado, tem que saber também cativar corações e mentes dos
eleitores, e não o bolso de prefeitos e vereadores. Ninguém nega um bom
projeto, feito com lisura e que todos podem ganhar com isso. Simples, eficaz e
eficiente como uma falta batida pelo Paulo Baier, nosso ex-jogador em
atividade.
É possível
conciliar Meio Ambiente e Desenvolvimento, esse é meu pensamento. Não podemos é
nos encastelar em posições inconciliáveis, sem espaço para o dialogo, a
discussão e o consenso. Por quem os sinos dobram em Antonina? Espero que pelas
futuras gerações, com emprego, renda, e, também qualidade de vida e um meio
ambiente equilibrado.
Eu, modesto capelista estrangeiro, sem ter um amigo do nível do seu, o gusano, quero dizer que este seu texto proclama com elegância, que sempre me falta, tudo aquilo que venho dizendo, ou que penso estar dizendo, ou que quero dizer.
ResponderExcluirQuando crescer quero ser claro, objetivo e certeiro como você, meu prezado amigo.
Perfeito o texto.
Uma boa notícia. A partir de segunda teremos aqui na terrinha uma loja pra lá de legal, com vinhotes, cervejas especiais, massas e temperos, cachaças e otras cositas (legais) más.
Encomendarei a tequila do gusano para que eu - quem sabe? - finalmente aprenda a ser claro como Jeff, o Picanço que entende de deslizamentos, inclusive aqueles que dramaticamente levam os times paranaenses para a segundona.
Mais claro e direto que você, meu caro, só o gusano. Sua direitez, embora de esquerda, é invejável. eu sou o vaselina,mero libriano com ascendente em gemeos que sou. Vou tratar de um acordo com o méxico - sem o Patriota na parada - pra ver se o gusano chega até a deitada-a-beira-do-mar sem enjoos ou problemas com a alfandega. Bom saber da noticia da loja, na minha proxima ida a terrinha faço mór questão de visita-la e conhecer pessoalmente o diretor-presidente das organizações Ornitorrinco. um grande abraço e obrigado pelo carinho de teu texto!
ResponderExcluirCompromisso assumido.
ResponderExcluirVindo pra cá, avise-me.
Antes que de alguma confusão, a loja não é das Organizações.
Grande abraço.
Passarei agora pelo traumático teste do robô.
combinado! rapaz, este teste do robô é um saco...não sei como os caras conseguem fazer comentarios anonimos...
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