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Estou meio cansado com a correria dos últimos dias. Véspera de
viagem é sempre assim: um monte de pendências para serem ajeitadas antes de ir.
Agora não é diferente, mas com um grau de intensidade maior que as últimas
vezes.
No caminho do aeroporto, dormi no ônibus e acordei já na
marginal, com seu sol fraquinho de início de inverno. Até o trânsito da Marginal parecia fraquinho. Agora, mais a noite, o tempo esfriou e chega a estar nublado.
Aqui ao redor de mim, no aeroporto, começa a se formar o burburinho
de passageiros esperando ser chamados. Os funcionários da companhia aérea começam
a se posicionar em seus postos. Um misto de ansiedade e impaciência toma conta
das faces das pessoas, esperando os serem chamadas para o avião.
Eu estou muito ansioso. Vai ser minha primeira vez nos Estados
Unidos, e estarei sozinho. Não domino o inglês como gostaria, o que me dá doses
adicionais de ansiedade. Mas tudo bem, ansiedade se vence, se domina e vai
adiante. No entanto, existe outra incógnita: os Estados Unidos: O que vou ver por
lá?
Existem vários Estados Unidos, e vou conhecer uma pequena
parte. Vou ficar a maior parte do tempo na cidade de Golden, onde fica a
Colorado School of Mines, uma das mais prestigiosas escolas de mineração do mundo, e onde vai ser o simpósio. Devemos ter inclusive uma saída de campo no
domingo para visitar algumas áreas de debris flows nas Montanhas Rochosas. O que
me deixa bem feliz. Vou acrescentar mais uma cadeia de montanhas no meu currículo.
Todos nos temos uma ideia dos Estados Unidos, mesmo os que,
como eu, jamais colocaram os pés por lá. Essa visão nos é dada pela onipresente
indústria cinematográfica americana, sempre a nos conceder narrativas as mais
diversas sobre o país e seu povo.
Hollywood nos deu tanto narrativas de chave heroica, com
grandes personagens que representam a paz e a liberdade contra os maldosos vilões
que querem destruir o sonho americano. De outro, narrativas de chave crítica
mostrando as mazelas da sociedade, com seus heróis dúbios e seus finais irônicos,
como se dissessem: isso aqui não é bem
assim como vocês pensam.
Fazer a América. Eis um sonho persistente e que se mostra
muito forte, mesmo atualmente. Como não querer uma vida de muito trabalho, mas
com uma casa e um belo gramado? Nem sempre o sonho é a realidade. Mas, para
quem vem de outros sonhos, e mesmo de alguns pesadelos, parece que o sonho americano
é possível.
Cada um têm seu sonho, seu desejo e, portanto, a sua América.
Qual será a minha América, dentro do estreito recorte que vou ter pelos próximos
dias?
Aproveite, há coisas muito bacanas acontecendo por la, além da paisagem 😉😘
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