segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

ANTONINA CRIA...E O MUNDO COPIA (2)


A Ponta da Pita no final do Paleolítico Superior, onde a roda foi inventada por Barreano em 500 adC (antes de Carcanha)
 Para Neuton Pires

A genialidade antoninense dispensa apresentações. Aqui, entre a ilha do Teixeira e o pico Paraná, surgiu muita coisa essencial para a humanidade. Entretanto, a falta de jeito antoninense também dispensa apresentações. Assim como o barreado, que foi criado aqui e copiado em Morretes e em Paranaguá, muitas outras coisas criadas na baia de Guarapirocaba foram lamentavelmente copiadas alhures.
Os filhos da Deitada-a-beira-do-mar, por um motivo inexplicável, sempre foram passados pra trás por pessoas inescrupulosas, que ganharam dinheiro e glória com estes inventos geniais. E nós ficamos sem a fama. E sem a bufunfa.
Mas isso pouco importa. Tendo farinha e um peixe, uma cerveja gelada, deixe a fama e a grana lá pra eles. Não é assim? Como o pirão, dinheiro e glória também passam.

Uma das mais antigas invenções antoninenses foi, sem sombra de dúvida, a roda. Sim, a roda, qual o espanto? A roda foi inventada em Antonina.
A roda foi inventada por Barreano nos idos de 500 adC (Antes de Carcanha). Sua inspiração original foi ver um bebum rolando no chão após uma caranguejada no sambaqui do Godo. No entanto, a vida que seguia. Barreano demorou mais outros 500 anos pra colocar a ideia em prática...dava muito trabalho.

Durante os experimentos que levaram a criação final da roda, Barreano verificou que o processo original, usando pessoas, era uma tonteira só. A Turma do Litro, observando os experimentos ali perto do trapiche, disse diversas vezes para Barreano que aquela era uma invenção sem futuro. Afinal, o goró dá menos trabalho pra tontear, com uma relação custo-benefício mais rápida.

Mas Barreano não desistiu. Continuou pesquisando. Alguns dizem que contou com ajuda de pesquisadores da UNICAMP, mas isso é pura especulação. Trabalhando sozinho, sem apoio da FAPESP, Barreano levou mais 500 anos para se perceber que troncos eram mais apropriados. E mais 500 anos pra se aperceber que cortando os troncos dava mais resultado.

Quando a coisa estava quase pronta, Barreano ficou feliz: havia inventado a roda! Ele ainda não sabia muito bem pra que servia. só sabia que tinha dado um trabalho danado. Mais do que estava acostumado. Então, merecendo um descanso, ele foi comemorar a sua genial invenção com uma caranguejada no Sambaqui da Ponta da Pita.

No entanto, alguns homens de Neandertal, de passagem pelo trapiche municipal, que naquela época estava estragado, prestaram muita atenção nos experimentos de Barreano. Quando ele saiu pra comemorar, eles furtivamente pegaram um exemplar da roda e saíram de fininho.

Cerca de 500 anos depois, quando Barreano voltou da caranguejada, viu que sua invenção já havia sido roubada, aperfeiçoada e patenteada pelos homens de Neandertal. Tentou protestar, mas a Turma do Litro, ali do lado, deu risada de sua cara: “Não falamos que isso não ia dar certo, Barreano? Tava na cara! Inventar a roda? Vê se pode... Coisa mais inútil... Dá uma bicada aqui, na mardita”.

E assim se passaram mais 500 anos.


(mais uma crônica cronicamente antiga (2009?), repaginada)

7 comentários:

  1. Isso tá muito bom e esclarecedor. Abraço!

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  2. Sensacional, como sempre. Nos brinde sempre com seus ótimos e divertidos textos, nobre colega. Forte abraço.

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  3. Continue sempre nos brindando com seus ótimos e divertidos textos, nobre colega.

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    1. Puxa, meu querido Fernandinho, muito obrigado por suas palavras...vou tentar sempre, pode deixar!

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  4. ótima crônica...descobri a poucos dias o blog... muito bom...abraços de um vileiro de Curitiba !

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