“Nem assaz alhures e antanho
era um evento tamanho
a sagração nupcial”
Edu Lobo e Chico Buarque,
O Grande Circo Místico
Não houve assunto na “Capital Ecológica” que não fosse o
grande espetáculo que foi o casamento de Maria Victoria Borguetti Barros. A
Maria Antonieta das araucárias. A moça, herdeira presuntiva (?) do clã dos Barros,
queria se casar. E então a princesa escolheu (sonho de noiva!) a Igreja do Rosário,
bem no centro de Curitiba. Para a Festa de suas bodas, a jovem deputada pelo PP
escolheu, naturalmente, a Sociedade Garibaldi, que fica logo ali, logo ali do
ladinho, como diríamos em Antonina. E deu no que deu.
As coisas não cheiravam bem desde a semana passada, quando foi
mostrada pela imprensa a bizarra estrutura da festa no Palácio Garibaldi. Tudo indicava que um grande evento sem-noção
estava para acontecer. A ocupação de bens tombados, a ostentação da Festa de
Maria Victoria, os preparativos na Igreja do Rosário, tudo indicava um cenário perfeito
para uma manifestação.
Segundo o Blog do Esmael, a ovação foi pensada dentro do próprio
palácio do governo estadual. Certamente por pessoas contrárias à pré-candidatura
de Cida Borguetti, a mãe da noiva, ao governo do estado. A própria direita xucra do MBL não via com
bons olhos a ostentação, embora apoiem Temer e outros canalhas, como Beto
Richa. Foram, entretanto, os movimentos de esquerda que foram à frente da
Igreja distribuir ovos e enfrentar a polícia. Ponto pra nós.
As cenas de confronto e as ovações foram amplamente divulgadas
pelas redes, não é preciso repeti-las aqui. Outros já falaram da ostentação, do
momento, da falta de sensibilidade (ver aqui). O que me incomoda é outra coisa.
copiei daqui |
Quando esteve na Província do Paraná, em 1880, D. Pedro II soube,
por um político local, que o Dr Jesuíno Marcondes (1927-1903) estava fazendo
falcatruas com compra e vendas de terras, fraudando o Tesouro Imperial. O imperador
ficou furioso, e anotou em seu diário: “outra vez! ”. Nada aconteceu. Jesuíno Marcondes
foi por diversas vezes Presidente da Província. Era inclusive o presidente em exercício
quando veio a República, que o fez exilar-se belamente em Genebra, onde morreu.
Silvio Barros, o pai de Maria Victoria e Ministro Golpista da Saúde, deu declarações à imprensa
dizendo que “tudo ocorreu como deveria” (ver aqui). A própria noiva teria dito aos jornais
que isso era o “preço da democracia”. Ou seja, eles tinham plena certeza do
confronto e o programaram, como se fosse uma propaganda política. Eles vão
ficar expostos, todo mundo vai falar deles, a casamento vai virar “trend topic” nas redes e tudo bem. Eles
saem ganhando com a exposição.
É este o cerne da questão. Enquanto os políticos da “Revolução
Corrupta” estão ocupando espaços e alterando radicalmente as leis e a política,
o que fazemos? Quais as metas? Estamos nas cordas, tentando defender Lula,
tentando defender o PT. Mas, o que nós dizemos para a população que está
perdendo seus direitos e está vendo essa barafunda toda?
De que adianta falar do simbólico, dizer que a igreja do Rosário era uma igreja da “irmandade dos homens pretos”? Maria Victoria quer se casar lá porque a igreja é bonitinha. Se tiver problemas de condução, ela pega um camburão. Se não der pra ir, ela chama a polícia. Pior, a polícia vai quando ela chama!
O poder no Paraná (e no Brasil, por suposto) está nas mãos desta canalha. Uma canalha que dorme bem de noite.
Quem precisa de desprincesamento somos nós.
O poder no Paraná (e no Brasil, por suposto) está nas mãos desta canalha. Uma canalha que dorme bem de noite.
Quem precisa de desprincesamento somos nós.
Bravo, Jeff!
ResponderExcluirObrigado, meu Querido!!
ExcluirContratar-te-ei para escrever meu livro. E tenho dito.
ResponderExcluirCom essa sua prosa ao mesmo tempo direta e escorreita, você não precisa de ghosts, meu caro!
ExcluirMas caso isso aconteça, vou avisando que cobro por mesóclise!!