domingo, 4 de novembro de 2012

SEM MEDO E SEM FUTURO

Na quarta fossa do oitavo circulo do inferno - os nomes lembram algumas fases do campeonato paranaense - Dante e Virgílio vêem o desespero das equipes que não alcançaram o G4; lá embaixo, subindo a Serra, não seria o Joinville? 

Dante Alighieri, nosso consultor em Inferno, nos alerta: não cabem profecias, nem adivinhações. No quarta fossa do oitavo circulo do inferno, lá bem pertinho da casa do Tisnado, os profetas e adivinhos fazem uma longa marcha, uma imensa fila um com as mãos no ombro do outro, todos com o rosto voltado para trás. Segundo Dante, no inferno estão condenados a olhar para trás aqueles que, em vida, quiseram olhar somente o futuro. Virgílio, seu guia durante sua infernal passagem, concorda, balançando gravemente a cabeça. Eu, agora, é que não arrisco mesmo mais nenhum prognóstico para as últimas rodadas do Brasileirão do B, o torneio do Cão.
Pois não é que o rubro-negríssimo conseguiu a sua mais importante vitória desse ano no Brasileirão do B, no jogo de seis pontos contra o são Caetano? O Azulão, que é um time do ABC, um aprazível local do planalto, teima em morrer na praia, mais uma vez. Azar deles.
Logo aos seis minutos, o lateral Maranhão olhou pra área e cruzou. Como diz mestre Tostão, gênio dentro e fora das quatro linhas, nada de chutão, nada de rifar a bola. Pois foi isso que o menino fez. Maranhão olhou, viu quem entrava e cruzou. A bola fez uma parábola no ar e caiu na cabeça de Marcão, o mulato matador. Marcão cabeceou para o chão e saiu pro abraço. Logo depois, aos 26, Elias, nosso profeta, numa cobrança de falta, põe a bola na área. No meio da área, Marcão sobe mais que a zaga e cabeceia certinho, pro chão. A bola ia fora, mas moleque Marcelo meteu os peitos e entrou com bola e tudo, antecipando-se ao goleiro Luiz.
Quando o São Caetano diminuiu, aos trinta do segundo tempo, tarde já era, como diria mestre Yoda. Moleque Marcelo, na frente da área, recebeu um passe do imortal Paulo Baier, que não é a previdência, mas desde a falecida CAPEMI faz assistência como ninguém. Moleque Marcelo recebeu o passe de Paulo Baier e meteu o kichute. E a bola foi morrer no cantinho esquerdo da meta do goleiro sãocaetânico. Tresaum.
Agora, na terça feira, 6 de novembro, no dia do duocentésimo-décimo-quinto aniversário da nossa querida Deitada-a-beira-do-mar, o escrete rubronegríssimo vai enfrentar o América-RN em pleno Janguitão, o popular Eco-estádio. É outro jogo do mesmo campeonato. Nada está ganho, mas também não há nada perdido. O São Caetano viaja e pega o vice-líder Criciúma, lá na terra do carvão. O Vitória, que já foi Leão, tem uma parada duríssima contra o Coelho, o América-MG, lá em Salvador.
Há que se jogar bola, como teria dito Machado de Assis, outro mulato que batia um bolão, mas na língua de Camões. Deve estar feliz o velho Quincas, suposto torcedor do Fluminense. Sorte dele, neste ano. Para nós outros, provisoriamente nas terras do Bode preto, do Tranca-rua, do Tinhoso, não há medo, mas também não há esperança. Nas terras do Malfazejo é assim. Pra sair dela, há que se defrontar com o pior a cada passo.
Na série B, cada jogo é como se fosse o último. E sem prognóstico.

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