Ando meio longe da
blogosfera, com pilhas e pilhas de coisas por fazer, escrevendo e lendo tanto e
o dia todo, que na hora de descansar eu tenho ficado quieto na frente da
televisão. No entanto, agora há pouco, vi a cerimonia de premiação do judô na
Olimpiada de Londres.
Não compartilho de ufanismos barulhentos e acríticos à la Galvão Bueno, sei das
mazelas de meu pais. Sei também das dificuldades que temos por aqui pra
trabalhar, pra estudar, pra treinar algo a sério.
O brasileiro tem uma grande síndrome de vira-lata. É comum
que a gente “amarele” na hora de enfrentar, no esporte, rivais de outros países.
Mas fiquei feliz de quase ir as lágrimas ao ver a premiação de
Sarah Menezes. Não vi a luta, não vi nada das Olimpiadas, embrulhado que estou
com defesas de tese, provas e planejamentos para o semestre que se inicia.
Ver a pequena piauiense, moreníssima, de cara de bugre, ali
no meio das lourinhas europeias escutando o nosso hino, o “virundum”, é dessas
coisas de levantar Darcy Ribeiro da tumba de tanta felicidade. É a “Roma Negra”
de Darcy surgindo deste improvável país que é o nosso.
A questão que vem à nossa cabeça é: quantas Sarahs não
existem por aí esperando uma escola decente, um emprego melhor, um país mais
justo? No trânsito, ao ver os buracos na rua, as cracolândias, os candidatos a vereador e suas caras de Fotoshop, sinto
vontade de explodir tudo. Mas basta ver o sorriso lindo - e brasileiríssimo - de Sarah escutando o
virundum e tudo se torna outra vez viável, nem que seja por um momento. Nesta ensolarada
manhã de sábado, somo s todos judocas e nosso nome é Sarah.
Eu te amo, meu Brasil.
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