O Mapa de Pedro de Souza Pereira (1653), que mostra as "minas de Paranaguá" |
Este é o mais antigo mapa da baia de
Paranaguá. Foi executado em abril de 1653 por Pedro de Souza Pereira, a mando
do governador geral Salvador Correia de Sá & Benevides. Mais detalhes sobre este mapa podem ser obtidos aqui.
Na metade do século XVII foram
intensas as buscas de minas de ouro nos “sertões do Pernagoa”, que nada
mais era que o vale dos rios Cubatão (hoje Nhundiaquara), Cachoeira e
Faisqueira, compreendendo os atuais municípios de Antonina e Morretes.
Este é um dos mais antigos mapas de recursos
minerais do Brasil, uma vez que ali estão demarcadas as “minas” ou lavras de
ouro da época. Desde 1995 estou estudando sobre a mineração de ouro no Brasil
do século XVII. Estou neste momento preparando uma monografia sobre este tema.
O que se
pode apreender é que as minas de Pernagoa (leia-se Antonina &
Morretes) foram importantes não pela quantidade de ouro gerada (menos de uma
tonelada métrica em cem anos), mas pelo acúmulo de conhecimento e preparaçào do
que hoje se conhece como "recursos humanos".
Consta que foi um
escravo (provavelmente índio) que trabalhou em Paranaguá o primeiro descobridor
do ouro de Minas Gerais, conforme o relato do Padre Antonil. Muitos dos
mineradores da região de Paranaguá se mudaram para as novas Minas Gerais, e lá
fizeram suas vidas.
Legenda do mapa, mostrando as principais feições geográficas da Baia e a "ilha de Guarapirocaba" |
O mapa é um típico mapa do século XVII,
e procura mostrar a região em três dimensões, mostrando a vista da baía de
Paranaguá para quem entra em sua barra. As proporções não são lá muito exatas,
mas algumas feições geográficas estão bem representadas.
Algumas denominações
célebres, como Ilha do Mel e Ilha das Peças já existiam nessa época, como se
pode ver na legenda. Ali consta, pela primeira vez, a expressão “ilha de
guarapirocaba”, e não baia de guarapirocaba, conforme registra a nossa
tradição, que vem de Ermelino de Leão.
"A Ilha de Guarapirocaba" nada
mais é que a atual ilha da Ponta Grossa, se não estou enganado. Outra feição
bem característica é a menção ao caminho de queritiba, ou curitiba-iva,
então o principal acesso para o Planalto.
Vê-se que Curitiba, então um mero
garimpo de serra-acima, ainda não tinha uma grafia consagrada. Outra coisa
interessante é a atual ilha das rosas, denominada “Ilha dos guarás ou aves
vermelhas”. O Nhundiaquara, o maior rio, é representado com uma canoa
rasgando seu estuário e as denominações de minas em toda sua extensão.
Outra coisa interessante sobre este mapa
é que uma cópia dele foi capturada por piratas holandeses, alarmando os
portugueses sobre um possível ataque as minas de Paranaguá, facilmente
acessíveis por mar. Lembre-se que nesta época Holanda ainda dominava
Pernambuco.
Detalhe que mostra a baia de antonina, com a indicação do caminho de Curitiba (Curitiba-iva), a Ilha de Guarapirocaba e a Ilha das Rosas |
Muita informação neste pequeno texto, fico imaginado a riqueza da monografia. Abraço!
ResponderExcluirpois é, Edson...é muita coisa e pouco tempo!!
Excluirtem mais informações aqui: https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/24128
e aqui:
http://lsie.unb.br/rbc/index.php/rbc/article/view/1263
Nossa inesquecivel história!
ResponderExcluirVocê sabe indicar onde conseguir este mapa digitalizado, em formato que possa ser ampliado para ver os detalhes?
ResponderExcluirBelo texto! Você saberia indicar onde conseguir esse mapa digitalizado, com boa qualidade, para que possa ser ampliado?
ResponderExcluirEu tenho uma copia, se voce quiser, me acha lá no feice
Excluirtem um atlas de mapas historicos de paranagua lançado pela ufpr
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