quarta-feira, 8 de abril de 2015

HOMO INABILIS

(a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com Morretes (PR). Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog fazer a divulgação científica da Palentologia Imaginária para o publico interessado em ciências)

O homo inabilis foi uma das espécies de hominídeos mais estranhas que surgiram nas savanas africanas durante o Plio-Pleistoceno. Tinham um cérebro altamente desenvolvido, e parecia-se com os homo erectus mais evoluídos. Mas os homo inabilis se constituíram numa verdadeira catástrofe em termos ecológicos. Eram muito distraídos e provocavam confusões muito grandes entre os primatas de sua era. Bandos de caçadores compostos por homo inabilis estragaram muitas caçadas de outras espécies de hominídeos, em geral porque faziam barulho fora de hora, atravessavam o meio da tocaia, ou atraiam acidentalmente bandos de tigres de dentes de sabre para o interior de agrupamentos de hominídeos desprotegidos. Julga-se que muitas espécies de hominídeos foram acidentalmente extintas quando, durante as caçadas, os homo inabilis perdiam o controle sobre as manadas de elefantes que tentavam capturar.
O antropólogo Osborne Leakey, primo do famoso descobridor dos pitecantropus e australopithecus, sir Richard Leakey, foi o principal estudioso dos homo inabilis. Em seu trabalho mais importante (O. Leakey, 1958), com o surgimento dos homo inabilis, muitas espécimes de primatas acabaram se extinguindo. Evidências antropológicas encontradas em camadas do plioceno africano descobertas por Leakey (op. cit.), registram a extinção de espécimes e grandes incêndios florestais em todo o leste africano.
 Os indícios levantados por Osborne Leakey parecem indicar que foram os homo inabilis os primeiros hominídeos a domesticarem o fogo. Isto quando pararam de se queimar e de provocar devastadores incêndios pelas savanas, que acabavam com ecossistemas inteiros. Estima-se que, isoladamente, os homo inabilis foram de longe a espécie que mais alterou os ecossistemas pleistocênicos, de uma maneira até então nunca antes vista.
Em geral, os homo inabilis tinham boas idéias, mas nunca eles as colocavam completamente em prática. Quando colocavam, era de forma tosca e imperfeita, logo dirigindo seus esforços para outras atividades e deixando aquelas idéias de lado. E assim por diante. Aperfeiçoaram o fabrico de utensílios, com novas técnicas de lascamento de pedras e outros artefatos líticos. Os espécimes que se dedicavam a estas tarefas sempre apresentavam escoriações advindas do trabalho de fabricação: dedos quebrados ou mutilados, pés cortados. Não foi por acaso que são invenção dos homo inabilis os primeiros - e toscos - curativos até hoje encontrados (Leakey, op.cit).
Ainda segundo o monumental tratado de Osborne Leakey, infelizmente desaparecido e somente encontrado em fragmentos preservados pelo fogo, pode-se supor que os homo inabilis acompanharam os homo sapiens na sua peregrinação rumo a Europa e Ásia.

A grande questão que se coloca (Pereira & Schroeder, 1988, atas do congresso de Paleontologia Imaginária de Vina del Mar) é se os homo inabilis se extinguiram completamente ou se ainda se encontram, isoladamente, entre os grupos atuais de homo sapiens. O próprio Osborne Leakey nunca conseguiu responder de maneira definitiva essa questão. Socorro!!

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