quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

19 DE FEVEREIRO: SEMPRE ALERTA!

Os escoteiros da Tropa Valle Porto, agitando a Deitada-a-beira-do-mar nos anos 1940

Hoje, há setenta e três anos atrás, o escoteiro Milton Oribe entregava uma carta à Getúlio Vargas. Era o momento culminante de uma saga que havia começado em 16 de dezembro de 1941, quando os cinco escoteiros, Alberto, Milton, Antônio,  Manoel e Lídio, partiam de Antonina com destino ao Rio de janeiro. A história está ainda viva na cidade, todos sabem contá-la. Existe a foto, incessantemente reproduzida, da entrega da carta. Existe o diário de Lídio dos Santos Cabreiro (o Canário), que conta os pormenores da caminhada. Volta e meia, algum jornal dá conta do sucesso: foi assim com a recente e boa edição do jornalista Diego Antonelli, da Gazeta do Povo (aqui). Nosso querido Luiz Henrique da Fonseca também começou a publicar as aventuras em seu blog (aqui), “As aventuras da patrulha Touro”, que terminou sem terminar. Tem mais, Luiz?
De resto, existe o relato factual de Canário: ele nos mostra um grupo de meninos-adolescentes do anos 40 numa real aventura. No seu diário, refeito em 1985, mostra as agruras que passaram, os perrengues todos e as festas que fizeram no carnaval do rio de janeiro. Um precioso depoimento de época. Ali sabemos que o chefe Alberto Storache não foi ao encontro com o ditador porque ficou no banheiro do quartel enquanto o caminhão com os meninos saia. Quem entregou foi Milton Oribe, talvez o segundo na linha de comando. Ironias do destino...
Em anos passados, fiz alguns questionamentos em meu blog, sobre alguns pontos obscuros e o real significado da saga (aqui). Ainda permanecem obscuros os seus resultados concretos , bem como é importante saber como isso ocorreu, já que foi uma ação planejada de dentro do Estado Novo. Qual foi seu impacto nos anos seguintes? Como isso mudou (ou não) a cidade?
Toda uma geração foi educada no escotismo, sob a sombra dos meninos-heróis. Ser escoteiro e ainda mais escoteiro de Antonina não era brincadeira: o movimento escoteiro do Paraná – e do Brasil – sabia e dava o devido valor à aventura dos meninos capelistas. Hoje vejo meus colegas de farda orgulhosos exibindo as suas – nossas – fotos nas redes sociais. Refletem todo um movimento importante da juventude que marca nossa experiência no século XX. Ser escoteiro tinha o seu valor.
Lidio Cabreira, no final de sua narrativa exorta a que alistemos nossas crianças no movimento escoteiro: “você estará criando o seu filho amigo, leal, cortes, bondoso, útil e sem vícios e cumpridor de seus deveres”. Alguns vão dizer que isso falta hoje em dia, que não temos mais valores, e tudo isso. Acho muito relativo e até mesmo perigoso. Eu mesmo não sei  se ainda cultivo algum valor, se  sou leal, cortes ou bondoso, se faço minha s boas ações ou se sou um bom cidadão. De boas intenções andam lotados os círculos infernais.

Mas sei que o Movimento Escoteiro, para além de suas boas ações, fez de mim este ser que ama seus amigos de farda e sua terra, a bela Deitada-a-beira-do-mar que inspirou essa e outras belas histórias pra serem contadas em tardes felizmente chuvosas como a que estou vendo agora de minha janela. É isso que eu gosto de ver naquelas fotos antigas em preto e branco que vira e mexe são postadas na rede: este é você, este é ele, este sou eu. Somos todos orgulhosos escoteiros de Antonina. 

2 comentários:

  1. pois eu acho que valores são valores...essa historia que valores são relativos é uma bagunça destes PTistas que acham que tudo pode ser nivelado por baixo. Valores é o que teu Avô e estes escoteiros tinham sim: família, moral, verdade, e não isso que temos agora. VAI PRA CUBA!! (enquanto pode!!)

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