Os escoteiros da Tropa Valle Porto, agitando a Deitada-a-beira-do-mar nos anos 1940 |
Hoje, há setenta e três anos atrás, o escoteiro Milton Oribe
entregava uma carta à Getúlio Vargas. Era o momento culminante de uma saga que
havia começado em 16 de dezembro de 1941, quando os cinco escoteiros, Alberto, Milton,
Antônio, Manoel e Lídio, partiam de Antonina
com destino ao Rio de janeiro. A história está ainda viva na cidade, todos
sabem contá-la. Existe a foto, incessantemente reproduzida, da entrega da
carta. Existe o diário de Lídio dos Santos Cabreiro (o Canário), que conta os
pormenores da caminhada. Volta e meia, algum jornal dá conta do sucesso: foi
assim com a recente e boa edição do jornalista Diego Antonelli, da Gazeta do Povo (aqui).
Nosso querido Luiz Henrique da Fonseca também começou a publicar as aventuras
em seu blog (aqui), “As aventuras da patrulha Touro”, que terminou sem
terminar. Tem mais, Luiz?
De resto, existe o relato factual de Canário: ele nos mostra
um grupo de meninos-adolescentes do anos 40 numa real aventura. No seu diário,
refeito em 1985, mostra as agruras que passaram, os perrengues todos e as
festas que fizeram no carnaval do rio de janeiro. Um precioso depoimento de época.
Ali sabemos que o chefe Alberto Storache não foi ao encontro com o ditador
porque ficou no banheiro do quartel enquanto o caminhão com os meninos saia.
Quem entregou foi Milton Oribe, talvez o segundo na linha de comando. Ironias
do destino...
Em anos passados, fiz alguns questionamentos em meu blog,
sobre alguns pontos obscuros e o real significado da saga (aqui). Ainda permanecem
obscuros os seus resultados concretos , bem como é importante saber como isso
ocorreu, já que foi uma ação planejada de dentro do Estado Novo. Qual foi seu
impacto nos anos seguintes? Como isso mudou (ou não) a cidade?
Toda uma geração foi educada no escotismo, sob a sombra dos
meninos-heróis. Ser escoteiro e ainda mais escoteiro de Antonina não era
brincadeira: o movimento escoteiro do Paraná – e do Brasil – sabia e dava o
devido valor à aventura dos meninos capelistas. Hoje vejo meus colegas de farda
orgulhosos exibindo as suas – nossas – fotos nas redes sociais. Refletem todo
um movimento importante da juventude que marca nossa experiência no século XX. Ser escoteiro
tinha o seu valor.
Lidio Cabreira, no final de sua narrativa exorta a que
alistemos nossas crianças no movimento escoteiro: “você estará criando o seu filho amigo, leal, cortes, bondoso, útil e
sem vícios e cumpridor de seus deveres”. Alguns vão dizer que isso falta
hoje em dia, que não temos mais valores, e tudo isso. Acho muito relativo e até
mesmo perigoso. Eu mesmo não sei se
ainda cultivo algum valor, se sou leal,
cortes ou bondoso, se faço minha s boas ações ou se sou um bom cidadão. De boas
intenções andam lotados os círculos infernais.
Mas sei que o Movimento Escoteiro, para além de suas boas
ações, fez de mim este ser que ama seus amigos de farda e sua terra, a bela
Deitada-a-beira-do-mar que inspirou essa e outras belas histórias pra serem
contadas em tardes felizmente chuvosas como a que estou vendo agora de minha
janela. É isso que eu gosto de ver naquelas fotos antigas em preto e branco que
vira e mexe são postadas na rede: este é você, este é ele, este sou eu. Somos
todos orgulhosos escoteiros de Antonina.
Bela crônica!
ResponderExcluirpois eu acho que valores são valores...essa historia que valores são relativos é uma bagunça destes PTistas que acham que tudo pode ser nivelado por baixo. Valores é o que teu Avô e estes escoteiros tinham sim: família, moral, verdade, e não isso que temos agora. VAI PRA CUBA!! (enquanto pode!!)
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