quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 56: UMA VIAGEM DE TREM


Copacabana, 1940

(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, realizaram uma marcha a pé de mais de 1.200 quilômetros rumo ao Rio de Janeiro, para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 5 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) recebem uma noticia interessante da Federação dos Escoteiros.

O dia 6 de fevereiro no Rio de Janeiro amanheceu ameaçando chuva. Ficou tudo enfarruscado, e o sol começou a abrir já eram as 9:30 da manhã. 

Os jornais naquele dia amanheceram com notícias sobre a missão do ministro Souza Costa aos Estados Unidos. Desde o fim da IIIª Conferência dos Chanceleres de estado dos países americanos, reunidos no Rio e encerrada havia poucos dias, Getúlio Vargas havia assinalado que o Brasil iria entrar na guerra, ao lado dos Estados Unidos. 

Os acordos de Washington, que viabilizariam a entrada brasileiro no conflito do lado Aliado, falavam de uma reorganização da economia brasileira para o esforço de guerra. De acordo com as manchetes, técnicos americanos estavam indo para a Amazônia verificar a produção de borracha na região, que sofreria um novo surto de crescimento econômico com a guerra. Havia grandes possibilidades de desenvolvimento industrial do país saindo destes acordos. 

Enquanto isso, no teatro da guerra, os ingleses continuavam resistindo às tropas japonesas em Singapura. Um duelo de artilharia ainda estava sendo executado, dificultando o avanço japonês. Porém, apesar de toda a barragem de fogo britânico, as forças japonesas já estavam concentradas nos arredores da cidade. A situação em Singapura era dramática. 

Na Rússia, o marechal Timoshenko lançava uma ofensiva para expulsar os alemães na região do rio Dnieper. No Norte da África, as forças de Rommel eram detidas, depois de vários dias de avanço ininterrupto, a leste de Derna, na Líbia.
Os escoteiros receberam nesta manhã um aviso para comparecerem na sede da UEB as 13 horas. Quando chegaram, os rapazes foram recebidos por todo o alto comissariado da UEB: os senhores Cunegundes Moreira, Francisco Peres, João Ribeiro, o capitão Emanoel Moraes e o Major Rolim. 

O Alto Comissariado informou aos rapazes que eles iriam viajar, no domingo, para a cidade de Entre Rios (a atual Três Rios), para uma cerimonia de fundação de uma nova tropa escoteira. Eles iriam representando a tropa Vae Porto e a Federação de Escoteiros Paraná-Santa Catarina no evento. 

Eles viajariam de trem até lá. Os rapazes ficaram muito contentes de saber que da viagem de trem. Era uma viagem relativamente curta, do Rio de janeiro até Três Rios, que ficava na divisa com Minas. Mas era uma viagem importante e uma responsabilidade. 

Preocupados, os rapazes procuraram logo o colega escoteiro Salvini e o grupo Tamandaré. Eles tinham marcado um futebol e outras atividades esportivas com eles para os próximos dias. Com medo de que alguma zica pudesse acontecer se, por acaso, alguns dos rapazes se machucassem e não pudessem participar da viagem, eles cancelaram o compromisso. 

Responsabilidade é isso.

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