quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

A MARCHA DS ESCOTEIROS 62: FINALMENTE, COLEGIO MILITAR


O Colégio Militar do Rio de Janeiro, em São Cristovão, onde os escoteiros ficaram alojados em fevereiro de 1942
(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 12 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) finalmente se mudam para o Colegio Militar do Rio, em companhia de outros escoteiros paulistas.)

No dia seguinte, os cinco escoteiros de Antonina tinham uma missão. Não, ainda não era entregar a mensagem a Getúlio Vargas. Incorporados aos escoteiros da tropa Santos Dumont, chefiada por seu hospedeiro, o gentil Chefe Pires, eles foram logo cedo na Estação Pedro II recepcionar a tropa de escoteiros que estavam vindo de trem de São Paulo. 

Era uma delegação de 80 escoteiros e dez chefes, representando a Federação Paulista de escoteiros, que vinham – olha só! - entregar uma mensagem ao presidente. 

Logo as sete da manhã estavam todos eles na estação, todos uniformizados para receber os colegas escoteiros, provenientes de São Paulo e de diversas outras cidades do interior paulista. A delegação era chefiada pelo chefe Carmine Espósito. 

Com a chegada dos escoteiros paulistas, a sorte dos cinco rapazes mudou outra vez. Uma ordem do major Rolim incorporou os escoteiros antoninenses aos escoteiros paulistas recém-chegados. Agora sim eles poderiam ficar – finalmente - no Colégio Militar em São Cristóvão. 

Canário, chefe Beto, Lydio, Manduca e Milton foram então para Quintino, para pegar as coisas e se despedir de Chefe Pires. Segundo Lydio nos conta foi com lagrimas que eles se despediram do chefe Pires e de sua esposa, que lhes deram tanta acolhida e carinho. É de não se esquecer mesmo. Chefe Pires e sua esposa trataram os rapazes com bastante cuidado, tirando-os do Albergue da Boa Vontade e dando um tratamento mais respeitoso para eles. 

Mas agora a dinâmica já era outra. Já no colégio Militar, depois do almoço eles foram em companhia do Dr João Ribeiro na cantina do Q.G. dos escoteiros do mar. Era um estabelecimento modelar, como nos conta Lydio. A cantina estava instalada no segundo andar, no entreposto da pesca. Lá, os próprios escoteiros faziam plantão e trabalhavam diariamente nos serviços burocráticos do QG. 

Na entrada do prédio havia um escoteiro de plantão, para dar informações aos recém-chegados. Na sala de administração trabalhavam cinco escoteiros como datilógrafos, escreventes e auxiliares. Na outra sala ficava um pequeno Museu do Escoteiro, com um escoteiro na porta para anteder aos visitantes. E não era só isso. 

Havia salas para os Pioneiros, escoteiros e Lobinhos. Estas salas também serviam para estudos do mar. Ao final, havia ainda a sala de artesanato, onde 19 (?) escoteiros trabalhavam como marceneiros fazendo mesas, armários, cadeiras, estantes e bancos. Outros ainda trabalhavam com cerâmica, reproduzindo peças de cerâmica marajoara. No térreo havia o galpão, onde estavam alojados os barcos veleiros e canoas de todos os grupos de escoteiros do mar da Capital da República. 

 Na cantina geral estava a venda de uniformes. Tinha uniforme e utensílios para escoteiros do mar, do ar e terrestres. Vendiam-se boinas, chapéus, bibicos, gorros de marinheiro, sapatos, cinturões, lenços, meias, distintivos, cantis, facas, mochilas, bornais, apitos, bastões, insígnias, barracas, bandeiras e um monte de outras coisas que eram o objeto de desejo dos escoteiros. 

Ali ainda tinha uma lanchonete, onde eram servidos doces, refrescos, sanduiches, cafés, toddy e todo tipo de refrigerantes. Tudo atendido por três escoteiros pioneiros. Os rapazes saíram admirados de tanta organização. 

O Dr João ainda levou os rapazes para conhecer a Lapa, o reduto boêmio da cidade. Ali era o reduto do samba e do crime, anotou Lydio. Eles viram os cartazes nas fachadas das famosas gafieiras do bairro. Depois de lhes mostrar a Lapa, Dr João os deixou no Colégio Militar para a janta. 

Lá, eles foram cercados pelos colegas paulistas, que lhes pediam para contar detalhes de sua grande aventura. Foi uma noite de muita conversa...

2 comentários:

  1. Que organização a dos escoteiros do mar. Uma pergunta que sempre me fiz, que talvez você possa responder: por que Antonina não tem escoteiros do mar. Acho que Paranaguá também não tem.

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  2. Olha, Edson, hoje tem um grupo de escoteiros do mar em Antonina, comandados pelo nosso querido chefe Ninoca. Mas sempre ouvi que escoteiros do mar é uma tropa mais cara, que exige mais coisas que os escoteiros de terra. De todo modo, seria bom se no nosso tempo de escoteiros tivéssemos mais atividades aquáticas e não somente gramáticas, não é?

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