domingo, 9 de fevereiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 59:UMA CERIMONIA EM TRES RIOS


A estação ferroviária de Tres Rios (RJ); os escoteiros estiveram aqui em 10 de fevereiro de 1942

(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, realizaram uma marcha a pé de mais de 1.200 quilômetros rumo ao Rio de Janeiro, para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 10 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) participam de uma cerimonia escoteira em Três Rios (RJ).)

Era inda madrugada quando os cinco rapazes foram sacudidos de suas camas no Albergue da Boa Vontade, onde estavam alojados. O servente avisou que eles eram esperados na Estação Pedro II, as 5 e meia da manhã. Às seis da matina, sem falta, partiria o trem para Entre Rios, onde eles tinham atividades aquele dia. Segundo Lydio, foi “um corre-corre sem tamanho”. 

No entanto, tudo correu bem. Na hora marcada, Chefe Beto, Milton, Lydio Manduca e Canário estavam na estação aguardando os superiores. Ficaram a principio meio perdidos, pois a estação estava em obras. Nesta época, estavam derrubando o predo velho para a construção da nova estação, maior e de linhas modernas. Descrevem enormes relógios apontando para o céu. Era a atual Central do Brasil. 

Eles tinham vinte portas para escolher, e ficaram por um momento sem saber aonde ir, procurando pela tropa. E o movimento de pessoas, segundo Lydio, era impressionante. Muita, muita gente, e tudo aquilo virado num canteiro de obras. Como fazer?

Quando chegou a primeira tropa escoteira, o coração dos rapazes se acalmou. Eles foram incorporados à tropa e foram aguardar o embarque, que se daria na plataforma número 3. Logo mais foram chegando outras e outras tropas escoteiras, e a plataforma ficou cheia de rapazes fardados. 

Lydio procurou anotar as tropas que estavam ali. A primeira que chegou e a qual eles se incorporaram era pertencente ao primeiro e segundo círculo regional dos escoteiros do Rio de Janeiro. Eram as tropas Guaianazes, Natalino da costa Feijó, Nilo Peçanha e Azambuja Neves. Estas tropas estavam sob o comando do Chefe Francisco Pires, que teve parte importante na aventura carioca dos cinco rapazes. 

Junto com estas tropas, estavam as tropas do Conselho Metropolitano dos Escoteiros Católicos da Guanabara, sob o comando do Chefe Napoleão. Eram as tropas Santana, São Pedro e São Tarciso. Pra completar o grupo, ainda havia um pequeno grupo representando a Federação Fluminense dos Escoteiros, sediada em Niterói. Quanta gente!

Um apito forte estremeceu as tropas todas e as colocou em alerta. Era o apito do trem, que ia partir. Eram 6 horas da manhã. O chefe da plataforma respondeu com outro apito, avisando que a composição estava pronta. Mais um apito do maquinista e o trem estava em movimento. A Maria Fumaça que levava os escoteiros começou a andar. Lydio aboletou-se numa janela para ver a paisagem. 

O trem foi passando pelas estações. Lydio anotou as estações de Engenho de Dentro, Cascadura, Pais Leme, Nova Iguaçu, Barra do Piraí, Barão de Vassouras, Juparaná, Paraíba do Sul e, finalmente, Entre Rios, a atual Tres Rios, ponto final das tropas escoteiras. Eram onze horas da manhã quando chegaram. 

A pequena Entre Rios estava toda engalanada para receber os escoteiros. Havia banda de música e palanque para diversas autoridades. A tropa de Escoteiros de Entre Rios estava lá, em trajes civis, mas toda perfilada.

Houve uma grade desfile escoteiro pelas ruas da cidade. Todo rumaram para a sede do novo grupo. Depois das festividades de abertura, todos foram comer, que ninguém era de ferro. O restaurante Central ficou pequeno para tanta gente. Os escoteiros comiam enquanto ainda havia autoridades discursando. 

As duas e meia da tarde, com discursos do prefeito, do tenente da Junta Municipal e do vigário, estava fundado o Grupo de Escoteiros da Central do Brasil, de Entre Rios. Ao som do Hino Nacional, todos se dispersaram. 

Os rapazes foram dar uma volta, conhecer o miolo da cidade. Mas foi só. As 16 horas, todos estavam na estação ferroviária para a viagem de volta. Na viagem de volta, os rapazes não desceram na Central do Brasil. A convite do Chefe Francisco Pires, eles foram dormir na caserna da tropa Santos Dumont, no subúrbio de Quintino.

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