sábado, 22 de fevereiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 72: O COLEGIO VAZIO

O navio Olinda, da Carbonífera Sulriograndense, afundado por submarinos alemães em fevereiro de 1942
(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 11 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão no Colégio Militar vazio, com a partida dos demais grupos escoteiros.)

Naquele domingo, 22 de fevereiro de 1942, os cinco escoteiros já estavam há 23 dias no Rio. 23 dias de um clima “Senegalês”, segundo Lydio. Pra combater o calor, muito ventilador e muito banho de água fria. Em vez de café, só tomavam mate gelado. 

Lydio, pra afastar o tedio, ficava a rabiscar o diário, que andava bem atrasado. Chefe beto, por outro lado, ficava na cama, a ler um jornal sobre as últimas notícias da guerra na Europa. 

As notícias aquele dia não eram boas. Havia poucos dias, o vapor Olinda, pertencente à carbonífera Riograndense, havia sido afundado por um Uboat alemão perto da costa do cabo Hateras, na costa americana. Este havia sido o segundo navio de bandeira brasileira afundado somente naquela semana. Havia poucos dias, o navio Buarque, pertencendo ao Loide brasileiro, havia sido afundado na mesma região. 

Até aquele momento, três navios brasileiros haviam sido afundados pelos alemães. No jornal do Brasil daquele dia, o secretario de estado americano Summer Wellles havia anunciado que, para os países aliados dos Estados Unidos no continente americano, seria instituído um sistema de comboios. 

Por outro lado, o jornal alertava para notícias falsas sendo propagadas sobre ataque alemães ao Brasil. Citava um caso de que um alerta havia sido emitido pera Natal, e pedia mais atenção para evitar pânico exagerado. Em tempo de guerra, tempo de fake News. 

Toda esta situação preocupava muito todos os que tinham que ser transportados via marítima. Os navios viajavam com o casco pintado de cinza, e nem sempre com a bandeira de seu pais. Muitos alarmes falsos deixavam a população alarmada com a presença de submarinos ao longo da costa brasileira. 

Ainda não havia chegado julho/agosto de 1942, tempo da “alegre carnificina” dos Uboats alemães em plena costa brasileira, que haveria de custa mais de 2500 vidas de brasileiros. Mas os dados estavam jogados. 

Os escoteiros, entretanto, também tinham preocupações com viagens. Aquele dia também, estava marcado como o dia de retorno das delegações escoteiras a seus estados. Os gaúchos foram os primeiros. As 8 da manhã, a bordo do vapor Aratimbó, o mesmo que os havia trazido à Capital Federal, os levou de volta. Sem incidentes, diga-se de passagem.

As 16:30 horas foi a vez da delegação paulista, que voltou de trem. 

E o Colégio Militar começou a ficar grande demais, só para os cinco. 

Cinco não, seis. Agora fazia parte da turma o escoteiro Gastão Batinga, que regressaria com os rapazes ao Paraná, pois pertencera a Delegação Gaúcha e tinha solicitado permissão de seus superiores apara voltar com os rapazes. 

Gastão era alagoano, e residia em Santa Maria, no Rio Grade do Sul. Entretanto, agora ele estava se mudando para Curitiba, já tinha até feito a matrícula. 

Lydio comenta com pesar que nem sabia o que o colega iria estudar. Ele não disse, e eles não perguntaram. Gastão Batinga era um colega muito bem, alegre e atencioso, e foi um baita companheirão nestes últimos dias de viagem.

2 comentários:

  1. Bateu o vazio típico da missão cumprida, agora é voltar para a terra, outro desafio. Abraço!

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    1. Como voltar, depois de ir, não é? voltar de Epopeia não é fácil, como diria Ulisses...

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