sábado, 8 de fevereiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 58: UM DOMINGO NA PRAIA

Enquanto os escoteiros esperavam pelo encontro com Getúlio Vargas, ingleses e alemães se enfrentavam na Líbia

(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, realizaram uma marcha a pé de mais de 1.200 quilômetros rumo ao Rio de Janeiro, para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 8 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) tem um dia de folga e vão à praia.)


Domingo, 8 de fevereiro, dia de passear. Mais um dia de folga para os cinco escoteiros antoninenses em sua jornada ao Rio de Janeiro, para entregar uma mensagem ao Ditador Getúlio Vargas. Os rapazes foram informados que a viagem a Três Rios fora adiada para o dia seguinte, segunda feira. Depois de tomar o café no Albergue da Boa Vontade, os rapazes se prepararam para um dia na rua. 

Pela manhã, Chefe Beto, Milton, Canário, Manduca e Lydio andaram pela zona portuária, saindo da praça da Harmonia. Ao passar pela rua barão de Tefé Lydio se lembrou da infinitamente mais modesta rua Barão de Tefé em Antonina. O Barão de Tefé, Antônio Luís von Hoonholtz, foi um grande defensor do porto de Antonina, tendo inclusive feito estudos que apontavam para a viabilidade e mesmo a superioridade do porto de antonina em relação ao de Paranaguá. 

Entretanto, quando dom Pedro esteve em antonina, em 1882, acabou por perceber alguns parcéis – rochas aflorantes na superfície – que não constavam no mapa de Tefé. Vendo que Antonina teria problemas com calado e lajes de pedra, o imperador tomou a decisão de fazer a estrada de ferro ir a Paranaguá. Antonina só alguns anos depois teve o seu ramal ferroviário. Ali, no entanto, no calor do domingo da capital, era a saudade da terra que aproximava o barão e as ruas com seu nome. 

Com dinheiro no bolso, os rapazes se fartaram de tomar sorvete. Com o calor que fazia, a sede era muito grande. Era ver uma sorveteria, e lá estavam eles procurando novos tipos e sabores. 

A tarde, os rapazes foram para o centro, tendo visitado a praça Tiradentes e a rua da Carioca. Lá, contemplavam embevecidos os grandes prédios do centro da cidade, conheciam as pequenas ruas estreitara e se espantavam com os grandes monumentos. 

A cidade preguiçosa, numa tarde de calor. Naquele dia, o jornal do brasil anunciava de tudo. Empregos os mais diversos, desde meninas para trabalhar em casa de família, apartamentos e casas nos mais diversos bairros, carros a caminhões. Nas páginas de informação, notícias da guerra: os soviéticos lutavam para jogar os alemães para oeste, em batalhas enorme e com grande número de baixas. Na Líbia, continuava o jogo de xadrez entre Rommel e os generais britânicos. Na Ásia, a situação de Singapura se torna cada vez mais difícil. Os japoneses fechavam o cerco. 

Ali, andando pela cidade, os escoteiros se sentiam bichos a parte. Não combinavam com a paisagem. Afinal eram adolescentes do interior andando pelas ruas da capital. Tudo era estranho, diferente e ao mesmo tempo com um glamour que os deixava com um sentimento de estranheza. Sentindo-se feios e atrapalhados, Lydio colocava a culpa no uniforme escoteiro que eles vestiam. O tormento era demais. 

Aqui e ali, eles cruzavam com grupos de rapazes vestidos com “minúsculos calções de banho”, e de belíssimas morenas “com maios provocantes”. E eles ali, estranhos, naquelas fardas que naquele momento os fazia ridículos. 

Que mundo cruel era este!

2 comentários:

  1. fico imaginando o constrangimento dos rapazes fardados em meio a corpos seminus, hahaha!

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