quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O ANTIPETISMO E A VERGONHA ALHEIA



O antipetismo foi uma das maiores forças políticas dos últimos anos. Baseado principalmente nas classes médias, o fervor antipetista tem se tornado mais ativo desde 2013. Em 2015/2016 foi importante no apoio ao golpeachment. Esteve ausente enquanto o PT parecia nas cordas, com a longa questão da prisão e da proibição da candidatura do presidente Lula. Com a ascensão de Haddad nas pesquisas, já se ouve novamente nas redes o urro dos paneleiros. Será que o antipetismo vai ser efetivo esta vez?
Na verdade, depois do golpeachment, a Montanha pariu um rato (ou um morcego?). Toda a fúria antipetista do passado recente resultou em Temer. O governo do Vampiro começou com o famoso ministério dos homens brancos e terminou melancólico, durante uma greve de caminhoneiros contra a politica de liberação dos preços dos combustíveis. Como todos sabem, o vampiro só não foi deposto porque ninguém se interessou em ocupar seu lugar.
Agora, a nova versão da fúria antipetista quer fazer do que era drama uma tragédia. Em vez de nos ofertar um ministério de homens brancos notáveis e emplumados, o novo antipetismo nos oferece o Coiso e seu show de horrores.
Diogo Mainardi, entre outros, urra por um pacto entre os candidatos mais ao centro, muitos deles ditos liberais, e o Coiso. Muitos dos ditos liberais (na economia!) embarcaram na campanha dos milicos e estão de lá, dando seus pitacos. Abraçados com a criatura.
Como a UDN do passado, chamada de “vivandeira”, pois ia aos quartéis pedir pela força o poder que não tinha no voto, o atual antipetismo não é diferente. Não tem pejo em embarcar numa candidatura que prega o“autogolpe”, como fez recentemente o general Mourão em entrevista na Globonews.
Tudo isso para evitar o que seria “O” mal maior, ou seja, a vitória de um candidato petista. Com seu horror à pobreza, o antipetismo inventa seus monstros. Um deles, já bem conhecido, é o Movimento Brasil Livre, de tantas e tão nefastas atuações. Depois de ter tido varias de suas paginas retiradas do ar pelo próprio Facebook por divulgar notícias falsas, o grupo de meninos também está engajado em sua luta pelo Coiso.
O MBL tem se dedicado, por exemplo, a criticar FHC em seu apelo por um “Centro Democrático”: “se o PSDB não consegue representar que não quer o PT, apareceu outro para fazer isso”. Para bom entendedor, este paladino descrito pelo MBL é o candidato que questiona a lisura das eleições.
O antipetismo urra. Tem lá suas razões, embora poucas. Imagina  que ele, o antipetismo, seja portador milagroso da verdade, como muitas vezes os “antas” pregam ser. Os irrequietos grupos antipetistas são – segundo eles mesmos – os porta-vozes de uma maioria silenciosa, que tudo sabe e todo julga.
Nada mais estranho (e minoritário) que uma maioria silenciosa. Possessos, quando são flagrados em minoria, despencam o verbo sobre os de sempre: as minorias, os intelectuais esquerdistas, os pobres, os sem cultura. Ninguém presta, são todos uns idiotas, ignorantes, inocentes úteis. Não raro, são doentes que precisam de "cura". Essa fala já é bem conhecida dos esgotos das redes sociais.
Seria importante lembrar que o segmento que apoia politicas socialistas e social-democráticas no Brasil são um terço do eleitorado. Junto com o povão mais humilde, chega a 40% do total facilmente. Para o bem ou para o mal, é uma quantidade grande de gente, assumida, bem posicionada. Não há como jogar todo esse povo no mar, a não ser no mais louco dos delírios do mais delirante fascista.
No desespero desta reta final de campanha, os antipetistas se agarram aos milicos doidos e “míticos”. Os mais espertos dentre eles sabem muito bem o que estão fazendo ao aderir à caserna. Os demais vão no delírio das soluções simples do Coiso. Vergonha alheia. Vão fazer papel de ridículos perante a História. Se é que se importam com a propria biografia...
Ninguém mandou o Carlos Lacerda não ter deixado publicado o seu livro de memórias...

domingo, 23 de setembro de 2018

CONTRA O FASCISMO (#ELENÃO)


A população de Londres comemorando a vitória sobre o nazi-fascismo em 1945, em manchete do Daily Mail
As próximas duas semanas serão decisivas. O fascismo, representado pelo #elenão, está se consolidando, em níveis jamais vistos. Precisamos pensar este fato para além de nossos estômagos e construir uma grande frente que possa afastar a possibilidade de um governo com matizes fascistas no brasil. Para isso, precisamos nos situar e ver quem são nossos potenciais aliados e com quem nós podemos contar nessa luta. E lutar para conquistar corações e mentes, para impedir um mal maior no Brasil.
Não nos enganemos: o projeto de poder de #elenão e sua tchurma é claramente fascista. Sua proposta baseia-se claramente num culto explícito da ordem. Uma ordem baseada na violência de estado e em práticas autoritárias de governo, como já apontado por muitos.
Uma proposta de ordem a segurança que dá salvo conduto aos agentes da lei para “fazerem justiça” pelas próprias mãos. Uma proposta que é simples e de fácil compreensão, mas de aplicação difícil e duvidosa, já que estamos lidando com policiais de verdade e não com anjos.
O nacionalismo, o culto à pátria e a família são outras características típicas do neofascismo. Como ferramenta de coesão social, apontar o inimigo externo como o culpado é típico destes regimes. A família modelo é a família hétero, cis, machocêntrica. Branca, devemos acrescentar? Outros modelos de família são demonizados, como o fez recentemente o vice, General Mourão.
Estes discursos se referem a uma prática de governo que desprotege os menos favorecidos e as minorias vulneráveis. O caráter misógino e homofóbico do discurso neofascista é mais do que evidente e dispensa comentários. Mais uma vez, a pratica de culpar as minorias pelos males da sociedade volta para assombrar a sociedade, como já fez no passado.
Pouco se sabe de suas propostas em outras áreas. Na educação, sua proposta é a censura e a mordaça, via os projetos “Escolas Sem partido”. Na economia, uma proposta “liberal” que na prática aumenta a desigualdade. Embora tenha voltado atrás, a pulga continua atrás da orelha.
De qualquer modo, a questão é muito séria. Os partidos de esquerda precisam ter uma plataforma comum. Os partidos de centro precisam ser atraídos. Chega dessa bobagem de chamar quem discorda de fascista. A ciência política já definiu claramente o que é fascista. Vão se informar.
É necessário que liberais e socialistas de todos os matizes se unam para combater o inimigo comum, o fascismo. Unidos, liberais e socialistas já combateram o fascismo no passado, derrotando-o exemplarmente. Precisamos recordar deste momento.
Neste momento de crise, uma crise econômica violenta, que esta semana fez dez anos, é natural que o mundo esteja preocupado e perplexo. Como nos anos 1930, a crise econômica fez surgir propostas de sociedade que levaram o mundo a crises terríveis e guerras, que ceifaram milhões de vidas. Neste sentido, a guerra da Síria pode ser um paralelo com a guerra civil espanhola. Os pactos do pós Segunda Guerra Mundial estão sendo rompidos por todos os lados.
O mundo inteiro está em convulsão. Ninguém está contente com a sua vida. Os problemas se acumulam. No entanto, o principal problema são os que oferecem soluções simples. Como o muro de Donald Trump; o Brexit, e outras. Soluções simples que impõe problemas extraordinários e criam novos.
Neste contexto, o “Coiso” representa isso. O próprio jornal conservador inglês The Economist publicou uma matéria sobre a ascensão do fascismo brasileiro e mostrando-o como uma terrível ameaça à toda América Latina.
Não podemos subestimar o poder deste discurso do ódio. Nos estados Unidos, esse foi o caminho da vitória de Trump.  Precisamos conquistar os corações e mentes que se deixaram dominar por ele.
Antes de desqualificar estas pessoas, precisamos mostrar que o caminho da democracia e da liberdade é mais complexo e mais difícil. Mas que este caminho difícil e tortuoso é o único que pode levar a uma humanidade mais inclusiva e a um mundo de paz e prosperidade.
São Heisenberg, rogai por nós!