(Estamos no mês de fevereiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, percorreram 1250 quilômetros numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 23 de fevereiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) fazem nova visita ao Departamento de IMprensa e Propaganda, o famigerado DIP.)
Na segunda feira, 23 de fevereiro
de 1942, os cinco rapazes fizeram uma visita ao DIP, o Departamento de Imprensa
e Propaganda. Já haviam estado lá na semana anterior, mas com toda a balburdia
dos outros escoteiros. Agora eram só os cinco.
O DIP era o temido Departamento
de Censura do governo do Estado Novo. O DIP atuava firmemente na
censura a jornais e rádios. O jornal Estado de São Paulo, por exemplo, ficou cerca de três anos
com um fiscal do DIP em sua redação, para censurar as notícias que o governo
não gostava.
Além disso, o DIP produzia muitas
pelas de propaganda, em geral louvando Getúlio Vargas. Estes livros contavam desde
sua infância em São Borja, até episódios de sua juventude. Tudo engrandecendo Getúlio,
e fazendo uma propaganda da moralidade requerida pelo Regime. Quando criança,
era louvado por ser “bom estudante”, “bom companheiro”. Como líder, era o homem
sábio, defensor da justiça e, pra ficar por aqui, “amigo maior” das crianças.
Desde quando foi montado, em
1938, até a visita dos escoteiros, o DIP era ativo numa propaganda estilo nazifascista,
imitando a propaganda de Hitler e Mussolini. Entretanto, com a guinada de
Vargas a um apoio aos Estados Unidos na Guerra, o DIP iria mudar de cara. Seus
tempos finais o Departamento foi um apoio firme ao esforço de guerra aliado,
embora mantivesse a ferrenha censura internamente.
Os rapazes se encontraram com o
diretor, Dr Lourival Fontes, que conversou demoradamente com eles a respeito da
aventura deles. Lourival Fontes era um jornalista sergipano, que se mostrou um notório
defensor de doutrinas autoritárias. Foi ele que imprimiu a maior parte da estratégia
de propaganda fascista do DIP que os rapazes agora visitavam. Em julho deste
mesmo ano de 1942, por causa das mudanças na política Getulista em relação a
guerra, Lourival Fontes pediu sua demissão.
Nesta visita dos rapazes ao DIP,
o Dr Lourival Fontes deu a eles diversas fotografias oficiais. Entre elas, a icônica
foto da entrega da carta a Getúlio por Milton Oribe. Temos claro, portanto, que
a viagem dos rapazes ao Rio também foi uma propaganda do Regime do Estado Novo.
Também lhes passou vários livros didáticos.
Depois, eles passaram pela
Federação Carioca dos Escoteiros. Agora, eles queriam receber notícias dos
amigos e familiares, mas também saber como é que eles voltariam.
Da parte dos rapazes, tudo era
especulação. Canário achava que eles deveriam voltar de avião. Sonhava com uma
viagem em que pudesse ver tudo do alto. Já para Manduca, o melhor seria voltar
de trem, pois eles poderiam conhecer outras cidades. Lydio achava que de navio
seria o método melhor e mais rápido. Chefe Beto dizia que o melhor seria voltar
num automóvel militar. Já imaginou entrar em Antonina num daqueles caminhões de
choque?
E eles voltaram de trem, navio ou avião?
ResponderExcluirSpoiler agora, Edson? KKKK
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