Desfile escolar em Bananal no anos 1940. Os escoteiros chegaram aqui após passarem por um susto muito grande! |
(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em
Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de
Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro
para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 24 de
janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca)
estão chegando a Bananal, ultimo trecho paulista da viagem.)
Os perrengues dos cinco escoteiros capelistas em sua viagem ao Rio de Janeiro eram constantes. Na manhã seguinte,
Lydio acordou e não conseguiu se levantar. Perguntou aos companheiros: “nada
de novo?”. “Não, tudo velho”, responderam. Foi então que Lydio olhou
seus pés e viu uma enorme bolha, que pegava todo o calcanhar. Doía muito.
Canário procurou um espinho de laranjeira num pomar nas
imediações. Com o espinho a bolha no pé de Lydio foi furada. Saiu muito pus
dali, que Lydio descreveu como parecendo um olho d’água. Com um pequeno
curativo, o problema foi provisoriamente sanado.
O acampamento estava cheio de curiosos, como sempre. Milton, Chefe Beto, Manduca, Canário e Lydio foram levantando acampamento e saíram as sete da manhã. Antes, porém,
pediram informações como alcançar Alambary. Indicaram para eles um atalho, que
economizava cerca de 12 quilômetros nos 21 que teriam que percorrer. Neste
caminho, mais malconservado, mas ainda com muito mato, eles poderiam se abrigar
do sol. Os problemas nos pés foram aliviados.
Sentindo=se ainda mal, enquanto os colegas tomavam café,
Lydio tomou ainda uma colher de óleo de rícino. Além dos problemas no pé, ainda
teve que “garrar o mato” seguidas vezes. Com isso, desgarrou-se bastante da
turma. Teve que andar mais rápido para se reintegrar ao grupo.
Os rapazes chegaram ao Alambary as 10 da manhã. De lá,
seguiram adiante, rumo a bananal. Na estrada pararam na primeira venda eu encontram,
par almoçar. Lydio, ainda de resguardo dos copos de purgante, teve que se
contentar somente com leite. A uma da tarde, partiram novamente rumo a bananal,
última cidade paulista do caminho. Neste trecho, Lydio caminhava com
dificuldade, sendo geralmente quem fechava a marcha.
Neste dia, na estrada, encontraram com outro peão, montado
num cavalo baio, com uma bandeira vermelha na mão. No entanto, desta vez a
boiada veio rápido, e a estrada era cercado dos dois lados por arame farpado.
Era difícil escapar.
Beto e Milton pularam a cerca e correram para um bambuzal
que havia ali perto. Canário e Manduca se jogaram para baixo de um caminhão que
estava passando e parou para dar passagem a boiada. Lydio, ainda com os pés
doendo e com o estomago ruim, achou um pequeno pontilhão na estrada onde só
cabia ele, e ficou ali com água pelos joelhos e encolhido com medo da passagem
dos bois.
Um boi pulou a cerca, e foi na direção de Beto e Milton.
Estes, desesperados, tentavam subir nos bambus, sem muito sucesso. Os bambus
vergavam sob o peso dos rapazes e caia. Por sorte, um dos boiadeiros viu a cena
a espantou o boi para longe.
Na estrada, o caminhão, que havia parado para a passagem dos
bois começou a nadar, sem ver que canário e Manduca estavam debaixo dele.
Quando ele arrancou, nada aconteceu aos dois, mas eles ficaram expostos aos bois.
Novamente, um boiadeiro chegou perto deles e impediu que algum boi avançasse
contra os dois.
Quando os cinco novamente se reuniram, estavam pálidos de
medo. Lydio, por outro lado, seguiu pensando que poderia piorar, pois segundo
uma história que ele sabia, quem se molha depois de tomar óleo de rícino fica
todo encarangado. Mas nada aconteceu, e eles chegaram finalmente em Bananal, as
18 horas.
Chegaram lá no início de uma tarde de sábado. Rapazes e
moças faziam o footing na rua principal da cidade, e os casais de namorados
estavam na fila do cinema. Os bares estavam cheios de gente tomando cerveja.
Eles procuraram o prefeito, que, depois do elogiar os
rapazes e seu feito, os alojou no Hotel Bandeirante de Bananal. Mais uma vez
compensado o sacrifício, eles dormiram o sono dos justos.
Um dia de muitos perigos que, afinal, terminou bem, com um sono repousante para retomar a caminhada no dia seguinte. Abraço!
ResponderExcluirAinda tem muito chão pela frente! rataplan!!
Excluir