A igreja Matriz de Areias. Aqui foi mais uma das "Cidades Mortas" do Vale do Paraiba atravessadas pelos escoteiros em janeiro de 1940
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(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 22 de janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão saindo de Silveiras e chegando a Areias.)
A noite no Hotel Cintra, em Silveiras, havia sido tudo de
bom. Revigorados, os cinco escoteiros de Antonina só queriam saber de pegar a estrada. As sete e
meia, Chefe Beto, Milton, Canário, Manduca e Lydio partiram para Areias, distante 28 quilômetros dali.
Entretanto, o forte sol ia diminuindo os ânimos. O calor era intenso.
Agora os rapazes estavam deixando uma parte do Vale do Paraíba
que era mais plana, com terrenos sedimentares, para Costear a Serra da Bocaina.
A serra da Bocaina é um grande planalto que faz parte da Serra do Mar. Sua história
geológica está ligada aos episódios finais da separação continental. Seu
terreno, tectonicamente alçado por cima do planalto chega a atingir 1700 metros
de altura. A caminhada agora iria ser feita em térreo de Serra praticamente até
a baixada fluminense.
Depois de caminhar toda a manhã, meio tontos, os rapazes
resolveram descansar lá pelas 11 da manhã, debaixo de uma sombra da estrada.
Ali fizeram um bom almoço Lydio conta que foi feito ovos
fritos, batatinhas cozidas, arroz e carne seca no feijão preto. Um baita dum
banquete. Pra completar, a sobremesa foi abacaxi em rodelas, com um cafezinho
para dar a chave de ouro.
Aproveitando a folga, os rapazes foram nadar no rio Ventura,
que passava perto. Além de tomar banho, aproveitaram para lavar umas roupas. O
calor era tão grande que eles resolveram dar um tempo por ali, esperando o sol
baixar.
As 14 horas, Chefe Beto deu ordem de partida.
Nesta tarde os rapazes seguiam caminhando em grupos
dispersos. Na frente iam Chefe Beto e Milton. Mais atrás seguia Manduca. Por
fim, Lydio e Canário fechavam a marcha. As cinco da tarde, eles passaram pelo
rio Vermelho e logo em seguida chegaram à cidade de Areias. Ao bater da Ave
Maria, as seis da tarde, eles entraram na cidade.
A cidade de Areias era uma cidade decadente do ciclo do
café. Era uma das “Cidades Mortas” a que se refere Montero Lobato. Antes
um mero pouso de tropeiros entre São Paulo e Rio de Janeiro, a Vila de São
Miguel das Areias foi o local onde o café entrou no território paulista. Em
meados do século XIX a riqueza da cidade era muito grande. Boa parte das
construções da cidade data deste período. Com a retirada do café, a cidade
diminuiu, até quase desaparecer.
Os rapazes foram procurar o senhor prefeito municipal, para
assinar o livro oficial. Desta vez, Lydio ficou encarregado de fazer o contato
com o prefeito. Assim que o encontraram, seu Quinzinho, o prefeito, assinou o
livro e os colocou no Hotel Santana, por conta da Prefeitura Municipal.
Constam as lendas que foi no hotel Santana onde Dom Pedro,
ainda príncipe regente, pernoitou na viagem que fez a São Paulo em setembro de
1822. Como se sabe, nesta viagem de Dom Pedro o Brasil voltou independente. Dormindo no
Hotel Santana, o mais chique e famoso de Areias, os rapazes sabiam disso?
Não é para qualquer um dormir no mesmo hotel que o futuro imperador.
ResponderExcluirchique no úrtimo!!
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