terça-feira, 7 de janeiro de 2020

A MARCHA DOS ESCOTEIROS 26: ESPANCAMENTO NA DELEGACIA



O pernoite na delegacia de São Roque foi terrível para os rapazes
(Estamos no mês de janeiro de 1942. Enquanto o mundo está em Guerra e o Brasil segue sob a Ditadura do Estado Novo, cinco escoteiros de Antonina (PR), entre 15 e 18 anos, estão desde 16 de dezembro de 1941 numa marcha a pé rumo ao Rio de Janeiro para entregar uma mensagem para Getúlio Vargas. No episódio de hoje, 7 de janeiro de 1942, Beto, Milton, Lydio, Antônio (Canário) e Manoel (Manduca) estão saindo de São Roque e chegando em Cotia.)

A noite em São Roque foi terrível para os meninos. A primeira coisa era o frio. A cidade de São Roque está no alto de uma serra, com uma altitude de quase 800 m. Com isso, as temperaturas no verão são mais suaves. Acostumados como calor escaldante do planalto, os rapazes agora estranhavam o friozinho da serra. 

A outra coisa era mais complicada. A delegacia de São Roque estava cheia. O carcereiro era um cara muito estúpido, que passou um tempão na madrugada espancando um dos presos. Os demais presos aproveitavam para reclamar, pois além disso não recebiam nem água nem comida adequadas. 

Juntando isso com os gritos de dor do preso supliciado, não tinha como dormir. Lídio foi pedir explicações para toda a cena que presenciavam. O soldado, com cara de poucos amigos, mandou ele se calar. Era um espetáculo terrível. 

Sendo assim, as 5 da manhã, os rapazes já tinham levantado e tomado café num bar próximo da delegacia. Logo depois, pegaram suas coisas e seguram viagem. 

O sol finalmente surgiu, e estava um dia bonito, sem nenhuma nuvem, e o sol ia rachando os miolos deles. 

Lá pelas nove e meia da manhã, eles cruzaram Mailasqui. Tratava-se de um lugarejo, afastado 300 m da estrada principal, onde havia uma estação ferroviária da Sorocabana. As 11:15 pararam na beira da estrada para merendar. Almoço não teria, porque estavam já com falta de alimentos para fazer. 

A seguir, caminharam o trecho mais bonito da estrada federal, segundo Lídio. A região em que entravam, no município de Cotia, era grande produtora de tomate, milho, cebola e ovos. 

Desta vez não teve lei escoteira que segurasse os rapazes: vendo aqueles parreirais bonitos, cheios de uvas, além de peras, os rapazes acabaram se abastecendo e salvaram o dia de caminhada. 

 Neste dia Lídio estava com o pé encarangado. O pé estava todo inchado. Segundo seu relato estava difícil encostar o pé no chão que tinha dores horríveis. Acompanhou os colegas com um esforço muito grande e deu graças a Deus quando chegaram em Cotia, as 18 horas. 

O prefeito de Cotia, segundo Lídio, era uma figura. Alojou os rapazes em sua própria residência. Como era solteirão, ficou com os rapazes ouvindo rádio e conversando até a hora de dormir.

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