domingo, 22 de abril de 2012

CRIACIONISTUS

(a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com Morretes (PR). Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog fazer a divulgação científica da Palentologia Imaginária para o publico interessado em ciências)


O gênero criacionistus é um dos mais interessantes espécimes discutidos na área de Paleontologia Imaginária desde o século XIX. Os primeiros espécimes foram encontrados num barranco de rocha calcária de idade siluriana no fundo de uma escola evangélica no Kansas, nos Estados Unidos, em 1832. Estes primeiros exemplares foram inicialmente estudados por J.Scopes, um professor de escola primária local, que o identificou corretamente na linhagem evolutiva entre o puritanus anglicensis e o adventistus raivosus (Scopes, Imaginary Paleontology Review, vol. 1, 1859, pág. 231-334).
Apresentados no Congresso de Paleontologia Imaginária da Filadélfia, em 1877, os criacionistus foram estudados, definidos e apresentados por Paolo Rossi (o jogador de futebol, não o acadêmico), que revelou a peculiar condição dessa espécie: o criacionistus era um fóssil que não acreditava ser um fóssil. Isso criava para eles mesmos uma série de embaraços, pois acreditavam serem restos de refeições de viajantes pelas estradas européias; ser ovas de peixes e crustáceos levados para o alto das montanhas como “sêmen levíssimo”; como criados no interior da terra por faculdades plásticas inerentes às rochas; ou como mera coincidência, como se um fóssil de crustáceo gravado na pedra fosse uma incrível brincadeira da natureza (Rossi, Imaginary Paleontolgy Review, vol. 34, pág. 459-609).
Os mares da época siluriana foram um tempo fértil em novos espécimes de animais e uma era plena de inovações e mutações, das quais os criacionistus eram somente mais uma espécie (Graham, Billy, Congresso de Paleontologia Imaginária de Kansas City, 1912). A maioria dos espécimes silurianos contemporâneos via com graça e ceticismo as argumentações dos criacionistus. “Eu não sou um fóssil, fui criado por Deus”, ele parecia bradar com suas nadadeiras petrificadas. As outras espécimenes não faziam caso: “Ahan, sei!”, diziam com um olhar irônico. “Desculpe, tenho que ir ao salão do trilobita aparar meus pigídios”, respondiam outros. “Nos vemos no Devoniano que vem”, e deixavam o chato, quero dizer, o criacionistus, falando sozinho.
Quando alcançou seu período de maior distribuição geográfica durante o Devoniano inferior, num quadrilátero que abrangia Fool´s Hole, em Nebraska, Redneck, no Kentucky, Little Rock, no Arkansas até Brainlessville, no Missouri, os criacionistus criaram um subambiente fortemente anóxico no qual proibiram as outras espécies de evoluir (Scopes, op.cit). No Congresso de Paleontologia Imaginária do Tennessee (1925) foi famosa a controvérsia que sustentada pelo filosofo britânico – e também paleontólogo imaginário – G.K. Chesterton. Para Chesterton, o criacionistus havia evoluído da baleia ou, então, do dromedário, o que era enfaticamente negado por ambas as espécies (Atas do Congresso de Paleontologia Imaginária do Tennessee, pág. 801-834).
Os criacionistus, como um fóssil que não ousa dizer seu nome, desapareceram ainda na era Paleozóica. Segundo uma corrente de paleontólogos imaginários, como Carl Jung (Jung, 1937), foi o fato de não suportarem ver sua imagem fóssil no espelho das águas que conduziu os criacionistus à extinção. Para outros estudiosos, como o Profeta Isaías (informação verbal), o criacionistus evoluiu sim, mesmo contra sua vontade, para outros espécimes como os céticus proféticus e os raivosus biblicus, espécies atuais caracterizadas pela interpretação literal dos textos paleontológicos sagrados (J.Butler, Congresso de Paleontologia Imaginária de Salt Lake City, 1919). Já os testimonius jeovensis se extinguiram porque as fêmeas da espécie, em vez de procriar, gastavam seus domingos batendo palma das tocas dos outros animais (Butler, op. Cit.). 


(ESTA POSTAGEM É DEDICADA À PAULO ROBERTO CEQUINEL, QUE EMBORA ATEU ACREDITA PIAMENTE QUE ORNITORRINCOS E BAGRES PODEM CONVIVER EM PAZ NA DEITADA-A-BEIRA-DO-MAR)

Um comentário:

  1. Muito bom! Grande contribuição para o estudo da paleontologia imaginária!

    www.direitoamemoria.blogspot.com.br

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