O gênero criacionistus
é um dos mais interessantes espécimes discutidos na área de Paleontologia
Imaginária desde o século XIX. Os primeiros espécimes foram encontrados num
barranco de rocha calcária de idade siluriana no fundo de uma escola evangélica
no Kansas, nos Estados Unidos, em 1832. Estes primeiros exemplares foram
inicialmente estudados por J.Scopes, um professor de escola primária local, que
o identificou corretamente na linhagem evolutiva entre o puritanus anglicensis e o adventistus
raivosus (Scopes, Imaginary Paleontology Review, vol. 1, 1859, pág. 231-334).
Apresentados no Congresso de Paleontologia Imaginária da Filadélfia,
em 1877, os criacionistus foram estudados,
definidos e apresentados por Paolo Rossi (o jogador de futebol, não o acadêmico),
que revelou a peculiar condição dessa espécie: o criacionistus era um fóssil que não acreditava ser um fóssil. Isso criava
para eles mesmos uma série de embaraços, pois acreditavam serem restos de refeições
de viajantes pelas estradas européias; ser ovas de peixes e crustáceos levados
para o alto das montanhas como “sêmen levíssimo”; como criados no interior da
terra por faculdades plásticas inerentes às rochas; ou como mera coincidência,
como se um fóssil de crustáceo gravado na pedra fosse uma incrível brincadeira
da natureza (Rossi, Imaginary Paleontolgy Review, vol. 34, pág. 459-609).
Os mares da época siluriana foram um tempo fértil em novos
espécimes de animais e uma era plena de inovações e mutações, das quais os criacionistus eram somente mais uma espécie
(Graham, Billy, Congresso de Paleontologia Imaginária de Kansas City, 1912). A
maioria dos espécimes silurianos contemporâneos via com graça e ceticismo as
argumentações dos criacionistus. “Eu não sou um fóssil, fui criado por Deus”,
ele parecia bradar com suas nadadeiras petrificadas. As outras espécimenes não
faziam caso: “Ahan, sei!”, diziam com
um olhar irônico. “Desculpe, tenho que ir
ao salão do trilobita aparar meus pigídios”, respondiam outros. “Nos vemos no Devoniano que vem”, e
deixavam o chato, quero dizer, o criacionistus,
falando sozinho.
Quando alcançou seu período de maior distribuição geográfica
durante o Devoniano inferior, num quadrilátero que abrangia Fool´s Hole, em
Nebraska, Redneck, no Kentucky, Little Rock, no Arkansas até Brainlessville, no
Missouri, os criacionistus criaram um
subambiente fortemente anóxico no qual proibiram as outras espécies de evoluir
(Scopes, op.cit). No Congresso de Paleontologia Imaginária do Tennessee (1925)
foi famosa a controvérsia que sustentada pelo filosofo britânico – e também paleontólogo
imaginário – G.K. Chesterton. Para Chesterton, o criacionistus havia evoluído da baleia ou, então, do dromedário, o
que era enfaticamente negado por ambas as espécies (Atas do Congresso de Paleontologia
Imaginária do Tennessee, pág. 801-834).
Os criacionistus,
como um fóssil que não ousa dizer seu nome, desapareceram ainda na era Paleozóica.
Segundo uma corrente de paleontólogos imaginários, como Carl Jung (Jung, 1937),
foi o fato de não suportarem ver sua imagem fóssil no espelho das águas que conduziu
os criacionistus à extinção. Para outros
estudiosos, como o Profeta Isaías (informação verbal), o criacionistus evoluiu sim, mesmo contra sua vontade, para outros
espécimes como os céticus proféticus
e os raivosus biblicus, espécies atuais
caracterizadas pela interpretação literal dos textos paleontológicos sagrados (J.Butler,
Congresso de Paleontologia Imaginária de Salt Lake City, 1919). Já os testimonius jeovensis se extinguiram porque
as fêmeas da espécie, em vez de procriar, gastavam seus domingos batendo palma
das tocas dos outros animais (Butler, op. Cit.).
(ESTA POSTAGEM É DEDICADA À PAULO ROBERTO CEQUINEL, QUE EMBORA ATEU ACREDITA PIAMENTE QUE ORNITORRINCOS E BAGRES PODEM CONVIVER EM PAZ NA DEITADA-A-BEIRA-DO-MAR)
(ESTA POSTAGEM É DEDICADA À PAULO ROBERTO CEQUINEL, QUE EMBORA ATEU ACREDITA PIAMENTE QUE ORNITORRINCOS E BAGRES PODEM CONVIVER EM PAZ NA DEITADA-A-BEIRA-DO-MAR)
Muito bom! Grande contribuição para o estudo da paleontologia imaginária!
ResponderExcluirwww.direitoamemoria.blogspot.com.br