Outra foto antiga de Antonina, recuperada por um powerpoint que me mandaram há uns tempos. Esta foto, tomada provavelmente de onde seria hoje o morro do Joubert, observa-se a antiga estação da estrada de ferro, entre as ruas Comendador Araujo e Nenê Chaminé, bem em frente de onde hoje se encontra a delegacia. Na rua não se vêem carros, somente carroças e homens montando a cavalo. Seria, portanto, uma foto muito antiga, talvez até dos anos 20 ou 30. Com certeza, anterior a 1944, quando esta estação foi destruída num incêndio criminoso.
(Neste dia, uns pé-de-chinelo estavam roubando o querosene racionado dos tempos da guerra, quando um deles deixou cair o lampião no chão. O incêndio foi grande, e a população inteira acordou com as explosões dos galões de óleo diesel acumulados. Deve ter sido um espetáculo pirotécnico e tanto... O problema foi que um deles deixou o tamanco no local do crime, através do qual o DIP – a terrível policia da ditadura do Estado Novo – chegou facilmente aos otários dos criminosos...)
A foto mostra bem os vagões de carga, ao lado dos quais estão empilhados os montes de lenha que fariam a maria-fumaça subir a serra. Eu ainda lembro-me de ter visto Maria-Fumaça em Antonina, ainda nos anos 60, mas já como raridade. Já se imaginou quanta lenha foi cortada dos morros da Deitada-a-beira-do-mar pro trem subir e descer a serra? No canto do muro, um homem está trabalhando junto de um pequeno vagonete. O que estaria fazendo? Bem no canto, a direita, pode-se ver uma grande chaminé, localizada acho que onde hoje está o prédio da Copel.
Ao fundo, podem-se ver inúmeras casas, algumas ainda existem. É nítida a contraposição entre as casas na frente do terreno e os quintais cheios de arvores e coqueiros no fundo. A maior parte eram casas simples, mas algumas possuíam sótão. Lembro com saudade do casarão do antigo clube dos operários, a segunda casa à esquerda na rua Dr. Vicente Machado, bem no meio da foto.
Outra coisa interessante é que parece bem, na foto, é o tamanho da cidade. Ela parece acabar depois da rua do Campo, a atual Conselheiro Alves de Araujo. Os brejos onde fica o atual campo de 29 de maio já eram ocupados? Mais para o fundo só se vêem mato e algumas casas esparsas ao longe.
Pela sombra da estação, parece que a foto foi tirada no comecinho da tarde, ainda com muita luz. Os muros da estrada de ferro, que ainda existem, e o branco das casas dão uma luz especial à foto. Detalhes pequenos acabam aparecendo. É essa luminosidade que faz a foto ser tão rica e trazer tantos detalhes.
Que dia seria esse? Os cavalos esperam pacientemente pela carga que virá do trem, que talvez esteja por chegar. Somente um homem andando na rua, outro na carroça e o empregado da via férrea, trabalhando atrás do muro. Seria um feriado? Ou era hora da sesta? Talvez fosse uma tarde modorrenta, daquelas bem quentes, em que não há nada pra fazer fora de casa. Alguém pensaria em dar uma passada no Jequiti, se já houvesse Jequiti.
Ainda bem que naquele tempo já existia a fotografia pra gente ficar perdendo nosso tempo aqui, filosofando sobre outro tempo...
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