domingo, 12 de junho de 2011

ANTONINA DESTINO TURISTICO

Para ser um bom juiz, recomenda-se certa distancia do objeto a ser julgado. Não se pode, por exemplo, julgar parentes, familiares ou, no pólo oposto, inimigos declarados. Para saber o que as pessoas “de fora” pensam da minha “pequena pátria”, entre o rio Sapitanduva e a ponta do Gomes, me dediquei a ler o Caderno de Turismo da Folha de São Paulo publicado no último dia 9 de junho.

O caderno começa com uma foto imensa do Passeio Público, com seu melhor ar de outono, em nos de cinza e verde. Logo abaixo – que emoção! – na parte esquerda uma foto de uma suave canoa, um mar calmo e morros com neblina do outro lado: “Baia de antonina”, começa a legenda da foto. Que maravilha, bela foto, a da minha terra. Continuo a leitura: “no litoral sul do Estado”. Coisa de Paulista, que divide o litoral entre norte e sul, com quase 500 km de costa. O nosso, com só 90, pode ser dividido assim? O texto continua: “com Morretes, a região é famosa pelo barreado”. Estamos junto com Morretes. Até ai tudo bem.

Depois a matéria fala da infraestrutura urbana de Curitiba, a qual está em deterioração pela falta de investimento do poder público, como aponta a entrevista com o prof. Fabio Duarte, da PUC-PR. Governos preguiçosos e burocráticos, reeleitos por apatia e por falta de oposição competente, faltou dizer. O texto a seguir pula para assuntos manjados: fala das etnias do Paraná, cita alguns escritores paranaenses, principalmente Dalton Trevisan e sua fama “vampiresca”. Até que, finalmente, o texto volta ao litoral: “missão Barreado”.

Nesta parte, o texto começa com uma informação inverídica – quem teriam sido as fontes do jornalista? – e diz que o barreado foi criado pelos caboclos do litoral “para recuperar suas energias durante o carnaval”. Bobagem. O barreado foi criado pelos carroceiros que iam entregar mercadorias em Curitiba e deixavam a panela no fogo por três dias; na volta, depois de descarregar as mercadorias, a gororoba estava pronta. Ok, vamos ao resto do texto. Ali se falam dos restaurantes de Morretes; somente o Buganvil é citado entre os bagrinhos.

Quando fala da estrada da Graciosa, o texto dá a impressão que ela termina em Morretes. Que ironia da historia: foram os habitantes das margens do Nhundiaquara os principais opositores do caminho, quando foi reaberto no século XIX. Até da graciosa se apropriaram. Por que será, hein?

Enfim, a querida Deitada-a-beira-do-mar é uma excelente fotografia de primeira página, com sua formosa baia, que foi um presente do mar, como disse com propriedade o samba enredo do Batel. Mas, quando o assunto é serviços, perdemos de goleada.

Assim, a impressão que fica é que somos um mero ramal - marginal – de Morretes. Perdemos a guerra do turismo, como já perdemos a guerrra dos portos e a guerra dos caminhos para o planalto. Será que algum dia quisemos ganhar alguma coisa? Afinal, peixe e banana e uma cachaça – de Morretes? – dão pro gasto....

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