A cidade de Guapiara na década de 1940, no tempo da passagem dos cinco escoteiros. |
Na manha de domingo, 28 de dezembro de 1941, os jovens
escoteiros foram acordados com um cheiro bom de café. E também com o cheiro bom
de uma panela de feijão preto sendo cozido no fogãozinho rústico de Manduca, o
cozinheiro da missão.
O arroz já estava
praticamente pronto. Com uma mãozinha do inspetor de quarteirão de Banhado Grande, onde eles passaram a noite. Além de lhes fornecer pouso, ele também havia fornecido alguns mantimentos para a viagem. Desta forma, eles poderiam dar uma melhorada no farnel de viagem.
Logo que puderam, despediram-se do Inspetor, arrumaram as
tralhas e se puseram na estrada. Tinham 41 quilômetros a percorrer, em direção
a Guapiara. Caminharam muito.
As 12:00 pararam para comer o feijãozinho com arroz. Logo após o almoço, atravessavam o lugarejo de Fazendinha. Ao final do dia chegaram a
Guapiara. Entrando na cidade, como de praxe, foram logo procurar o prefeito ou o delegado. O
delegado de Guapiara, assim que os viu, a principio não deu muita bola para os rapazes.
Estes insistiram com o delegado. O Chefe Beto contou a história da missão
deles. Mostrou também ao velho delegado as carteirinhas de escoteiro e o livro oficial
das assinaturas que traziam consigo. Ao fim da fala do Chefe Beto, o delegado chegou a se comover, e
abraçou os rapazes, afetuosamente.
A provas disso é que ele acolheu os meninos em sua própria residência. Estes deixaram
lá suas tralhas, e foram tomar banho no rio Pequeno, que atravessa a cidade.
Depois, na volta, eles bem que repararam nas ruas limpas e bem cuidadas de Guapiara. Os rapazes se impressionaram principalmente com as casas bem pintadas e as praças limpas e ajardinadas. As escolas eram
novas, as igrejas bonitas. Tudo era muito limpo e bem cuidado em Guapiara.
O delegado ofereceu uma janta aos rapazes, onde contou
algumas coisas sobre a cidade. Enfatizou sobretudo a gente limpa e ordeira que ali
vivia. Não tinha motivos de reclamação. No entanto, a cidade tinha ainda muitos
problemas, como uma precária ligação de energia elétrica e total ausência de
esgotos.
A cidade vivia sobretudo da mineração, segundo lhes contou o
delegado. Ele também lhes contou o significado do nome da cidade. Guapiara é uma palavra indígena que significa lavra, buraco no chão
para lavrar ouro e outros metais. Havia mais de duzentos anos ali se extraia
ouro. Além da mineração, a cidade também tinha uma pecuária de suínos bastante forte.
Isso supria os solos da região, que eram muito fracos para a agricultura.
Por fim, de estomago cheio e cheios também das histórias do delegado, os
rapazes foram dormir.
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