domingo, 20 de novembro de 2016

HOMO DEBEM


(a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com Morretes (PR). Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog fazer a divulgação científica da Palentologia Imaginária para o publico interessado em ciências)


Os homens de bem não constroem Impérios;
apenas lhes fornecem a argamassa.
Millôr Fernandes
Dentre todos os locais do Leste Africano onde foram encontrados resquícios de hominídeos fósseis, nenhum tem causado tanta polêmica quanto a Garganta de Olduvai, onde foram pela primeira vez encontrados os restos fósseis do homo debem. Segundo o arqueólogo Osborne Leakey, primo de Richard Leakey, o homo debem foi uma espécie representativa do Pleistoceno inferior de Olduvai (O. Leakey, 1959). Os principais jazigos fossilíferos, localizado nos estratos superiores, indicam sua ocorrência imediatamente após as Grandes Guerras Pleistocênicas (Marshall, 1946).
Algumas características iniciais mostravam tratar-se de uma espécie dominante, de comportamento bastante singular. Consumia com avidez os produtos líticos de seu tempo, e desfrutou de um período de grande irradiação, tendo alcançado a maioria dos locais habitados pelos hominídeos de seu tempo (McLuham, 1960).  
Segundo os principais trabalhos sobre o homo debem, a espécie era reconhecida por ser muito produtiva, produzindo artefatos líticos de consumo para a maioria dos hominídeos de período (Ford, 1927; Toyota & Ford, 1957; Toyota et al., 1988). Tinha um comportamento monogâmico restrito, e se acasalava com fêmeas recatadas e das cavernas (Fora Temer, 2016). Segundo alguns pesquisadores do período, o homo debem era uma espécie muito respeitada e temida em todo o leste africano (Magnoli, 2011).
Estudos mais recentes, porém, mostram que o comportamento do homo debem não é tão homogêneo quanto aparentemente se pensou (Foulcault, 1974). Os homo debem eram na verdade uma espécie bastante subordinada entre os demais grupos de hominídeos. A espécie verdadeiramente dominante eram os homo debens, que controlavam os grandes caminhos murados (wall streeets, em inglês). Os homo debens dominavam a produção dos homo debem e exploravam seu trabalho de produção de manufaturas líticas (Pikety, 2012).
Frequentemente, durante as crises provocadas pelo homo debens, os homo debem perdiam suas ferramentas e ficavam sem ter o que fazer, vagando pelas savanas e consumindo bebidas alcoólicas (Bukowsky, 1960). As fêmeas da espécie rebelavam-se continuamente contra sua dominação, e os lares chefiados somente por fêmeas da espécie chegou a representar metade dos locais de moradia ao fim do pleistoceno (Beauvoir, 1956).
Depois de duas grandes crises, datadas pelo Carbono 14 em 100.929 e 100.208 BP (antes do presente), os homo debem foram praticamente extintos (Soros & Buffet, 2008). No entanto, algumas espécies de hominídeos inadaptados para as mudanças daquele início de milênio, acabavam por associar os homo debem a posturas retrógradas e conservadoras (O. Carvalho, 2013). Espécies parasitas como o Coxinhus sp e o Australopithecus bolsonarius participavam de estranhas festividades com os corpos pintados de amarelo e orando para uma divindade aquática (O Grande Pato), tentando lembrar dos homo debem como um exemplo positivo de hominídeo (R. Azevedo et al., comunicação verbal, 2016).
Alguns pesquisadores, no entanto, levantam a hipóteses de que os homo debem jamais tenham de fato existido. Segundo estes pesquisadores, a lenda dos homo debem, pacíficos e corretos, foi inventada para que os demais hominídeos da região se submetessem mais pacificamente aos homo debens (Chomsky, 1980; Chomsky, 2010; Chomsky, 2014). A polêmica subsistiu durante vários anos, sem resultados satisfatórios (Villa, 2012; Villa, 2013; Villa, 2014; Villa, 2015).
O que se sabe é que após a provável extinção dos homo debem persistiram vários anos de disputas no leste africano, entre os lados direito e esquerdo do vale de Olduvai, sobre quem se apropriaria do material lítico produzido. Não se sabe exatamente o que resultou, mas a ampla proliferação de hienas e urubus na região pode ser indicativo de uma extinção generalizada de vários espécimes de hominídeos (O. Leakey, 1964).


4 comentários:

  1. Texto engenhoso, gostei muito. E ri muito tb.

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  2. Paléontologie imaginaire et anthropologie actualiste devrait organiser un congrès de poésie surréaliste.. Signé Jacques Tatin

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