Rio de Janeiro e a Baia de Guanabara, em março de 1942; os escoteiros de Antonina fazem suas despedidas |
Os rapazes acordaram cedo naquele
dia 1º de março. Aquele seria o dia da partida deles da capital federal rumo a
Antonina. A aventura estava chegando ao fim.
No entanto, eles não sabiam nada
sobre a viagem. Não sabiam o horário, não sabiam o cais, não sabiam sequer o
nome da embarcação. Essa era uma das precauções mais comuns para aqueles tempos
de guerra.
O ano de 1942 ia ser um dos anos
mais trágicos da marinha mercante brasileira. Desde o início do conflito, várias
embarcações brasileiras sofreram restrições durante a guerra. Alguns barcos
haviam sido abordados por belonaves britânicas, e vários navios brasileiros
procedentes da Alemanha ficaram retidos em portos ingleses.
No entanto, desde o ano anterior,
os navios mercantes brasileiros eram cada vez mais alvo fácil para os
submarinos alemães. Segundo Lydio nos conta, a radio e os jornais
frequentemente anunciavam notícias alarmantes sobre torpedeamento de navios
mesmo próximos à costa brasileira. Mas o pior ainda estaria por vir.
De qualquer forma, somente as
sete horas da manhã o Dr João Ribeiro chegou ao colégio Militar para pegar os
rapazes. Vinha no grande carro negro do General Heitor Borges. E eles rumaram
direto para o cais do porto.
As nove horas da manhã o navio
finalmente atracou no cais. Tinha muita gente para embarcar, carregando muitas bagagens.
Isso durou ainda um tempo, e só as dez da manhã o navio estava pronto. Levantou
ferros e foi se afastando do cais, no início vagarosamente, depois com mais
força e velocidade.
Ali no cais, ao se despedir
do Dr. João Ribeiro, que tanto havia cuidado deles, os rapazes se emocionaram. Ele
foi o principal elo da UEB e do general Borges com os rapazes. Além disso, foi
ele que “quebrou os galhos” e resolveu coisas difíceis, quando eles ainda
estavam no albergue da Boa Vontade. Depois, Dr João ainda levou os rapazes a
incontáveis passeios pela cidade, assim como os introduziu nos diferentes
locais escoteiros da Capital.
Lydio conta em seu diário ter
derramado algumas lagrimas naquela despedida no cais do Porto. Sem a pronta
ajuda do Dr João e de toda a Diretoria da UEB na época, os quatro rapazes não
teriam se desincumbido de sua tarefa. Enquanto via Dr João acenando para eles
do cais, em meio àquela paisagem absolutamente deslumbrante, Lydio e os demais
rapazes acenaram com as mãos e derramavam suas lagrimas as escondidas.
Já no navio, ao singrar as águas
da baia de Guanabara rumo a casa, os rapazes foram vendo as fortalezas
do Rio de Janeiro e as montanhas azuis ao fundo, com um ar
nostálgico de despedida. Eles passaram pelos fortes de Vilegaigaignon, de São
João e da Laje. A fortaleza da laje, construída numa laje de pedra em meio a
entrada da baia de Guanabara, foi a que mais impressionou os rapazes.
Quando o barco passava em frente
a pedra do arpoador, começou a tocar uma sineta. Era o convite dos passageiros
para o almoço. A refeição na primeira classe, onde eles estavam, constou de
sopa de lentilhas com legumes.
A paisagem foi sumindo no
horizonte, até que só se via céu e mar. No restaurante do navio eles
encontraram dois conhecidos. Os irmãos Dirceu e Didio Viana, de Paranaguá,
estavam ali também. Eles estavam voltando de uma grande viagem por diversas
cidades litorâneas, e agora voltavam à terrinha.
Já em alto mar, o navio começou a
jogar muito. As ondas chegavam a mais de três metros de altura. O balanço era
tanto que muitos dos passageiros começaram a enjoar. Os rapazes, para se manter
em movimento, foram conhecer o navio.
Inicialmente, eles foram até a
cabine de comando, onde conversaram com o comandante e com os pilotos. Eles até
mostraram alguns equipamentos para os rapazes, maravilhados. Depois, eles foram
até a casa de máquinas, pra ver como funcionava toda aquela maquinaria.
Lydio , Milton e Canário ficaram
num camarote. Beto, Manduca e o colega escoteiro Gastão, que viajava com eles,
ficaram num outro. Procuraram dormir, o que fizeram com algum sucesso, apesar
do balanço.
A volta para casa foi mais uma aventura na bagagem desses rapazes!
ResponderExcluirComo voce disse: quem parte sente saudade de alguém...
Excluir