quarta-feira, 6 de novembro de 2013

FELIZ ANIVERSÁRIO!!


É cedo. Alguns passarinhos e passarões já estão acordados, fazendo um grande dum barulho aqui no parque ao lado. Vejo clarões na janela, o desgraçado do celular toca, e eu tenho algumas tarefas a fazer antes de café da manhã. Tarefas administrativas, mandar e-mails, convocar gente, essas coisas que se fazem quando você vira gente grande. Ando tão ocupado que nem escrever no blog, uma de minhas cachaças prediletas eu consigo. Coisas do mundo.
Ligo o computador, ainda nem amanhece, e meu filho aparece no Skype pra conversar. Pra ele, na Austrália, a quarta feira já terminou. Pergunto como vai ser a quarta, ele que já viu tudo. Céu azul, calor. Bom pra ele. Aqui está nublado, com cara de chuva o dia todo. Pelo menos já mandei meus e-mails administrativos e posso tomar meu café.
Enquanto isso, realizo que hoje é o aniversário de nossa querida Deitada-a-beira-do-mar. Foi nesse dia, há 216 anos atrás, que foi lida a ata que nos emancipava politicamente. Segundo o sempre bem-vindo Ermelino, com mostras de grande contentamento popular. Podíamos eleger câmara, fazer o pelourinho (ora se viu? Essa parte podia ter passado), e ser donos de nosso nariz. Não é pouco ser vila no Brasil do grande império Luso-Brasileiro.
E nesse dia desapareceu a Freguesia de N.S. do Pilar da Graciosa. Surgiu a nova Vila Antonina, que os tempos acabariam por transformar em Antonina só. Antonina só?
No final do século XX, no período de grande decadência econômica da cidade, muitos se voltaram ao passado em busca de respostas para o presente tão ruim. E não gostaram do nome da cidade, não gostaram de nosso infante patrono, o breve príncipe Dom Antonio, não gostaram de nada. Quem gosta de algo se está amargando tempos difíceis?
Buscou-se outras datas, supostamente mais importantes, para ofuscar aquele velho 6 de novembro. Só duzentos anos? Queremos ter trezentos, quatrocentos, mil anos (!), pra ter certeza de que, com muitos anos, somos importantes. Somos alguma coisa.
Antonina foi uma cidade muito importante no século XIX e no começo do século XX. Foi berço de inúmeras pessoas ilustres, como o cônego Manoel Vicente, o combativo jornalista Nestor e Castro e o poeta popular Bento Cego. Cito essas, entre tantas outras.
Depois, fomos ficando a margem dos caminhos, a margem da economia e a margem da historia. Não é fácil sentir-se assim. Assim como Goiás Velho, Paraty, São Luiz do Paraitinga, a Deitada-a-beira-do-mar é hoje um lugar à margem. Mas é aí, junto com essas outras perolas do passado brasileiro que está nossa glória.
A antiga Freguesia de N.S. do Pilar quer seu quinhão. Foi agraciada, não sem mérito, no PAC das cidades históricas, teve seu centro tombado. Agora, trata-se de recuperar seu passado, sua história, da qual nos orgulhamos mas não conhecemos bem. O 6 de novembro foi só o começo. Hoje, queremos muito mais. Queremos Antonina por inteiro, cidade, memória e história, para todos os que, nascidos entre o Rio Sapitanduva e a Ilha de Guamiranga ou não, amamos de paixão esse pequeno pedaço do planeta.
Feliz aniversário, Capela!!

Um comentário:

  1. A Deitada-a-beira-do-mar precisa desenvolver o turismo. Tenho estado lá com meus alunos de Geografia e de História, eles ficam encantados com a cidade e muitos, a maioria, não conheciam a cidade.

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