segunda-feira, 30 de julho de 2012

SI PÕE MAIS CÁRRGA, A XENTE FOLTA!



(Seguem as aventuras de Thomas Bigg-Whiter e a Expedição Inglesa em Antonina. Agora eles se vêem às voltas com os carroceiros alemães da cidade, que monopolizavam o transporte de cargas para Curitiba)

Não resta duvida que, se o ancoradouro em Antonina fosse menos limitado em extensão, a cidade teria grande futuro diante de si, mas parece que havia somente dois canais, comparativamente pequenos, onde poderiam ancorar embarcações de qualquer tamanho. No momento, a vantagem de antonina sobre sua rival Paranaguá é a de se comunicar com Curitiba por uma estrada. Se, contudo, o plano proposto de se construir uma estrada de ferro de Paranaguá a Morretes, e dai para Curitiba, for realizado, e não o traçado que tem Antonina como ponto de referência, não resta duvida que o saldo de vantagens será transferido para a cidade anterior. Quando visitei ultimamente estas duas cidades, travava-se entre elas tremenda luta pelos jornais sobre esse importante problema da estrada de ferro.
Nessa ocasião antonina contava talvez 1200 habitantes, dos quais grande porção era de alemães, e logo descobrimos que todo o serviço de carroças estava em suas mãos. Contratamos, então, o maior número possível destes veículos no primeiro dia, carregando-os de material e despachando-os para Curitiba, tão cedo eles puderam ficar prontos. As carroças eram pequenas, porem, bem construídas. Os proprietários se firmaram no proposito de não ultrapassar certa capacidade. De fato, elas não levavam mais de meia tonelada de carga. Olhamos mais uma vez para os veículos  - eram fortes e bem construídos. Olhamos para os cavalos – eram pequenos e fracos, mas não havia menos de cinco atrelados a cada carroça, e quanto mais  olhávamos mais ficávamos perplexos diante da absurdidade da carga diminuta que levavam. Reclamamos, mas em vão. A invariável resposta era: “se puserem maior carga, voltaremos para casa com as carroças”, promessa que foi cumprida por um ou dois carroceiros. Fomos, portanto, forçados a aceitar as condições estipuladas, a tal ponto que pagamos pelo transporte de uma tonelada de material, no percurso de cinquenta milhas, o preço de dez libras! Qual seria o preço do carvão em Londres sujeito a esse preço de transporte?
Se o nosso material estivesse acondicionado para ser transportado em lombo de mula, como deveria ter sido feito antes de deixarmos a Inglaterra, teríamos, sem duvida, forçado os carroceiros a cobrar um preço razoável, mas na situação ficávamos inteiramente a mercê deles. 

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