quarta-feira, 7 de setembro de 2011

PACHUCA E ANTONINA

 
antiga casa de maquinas da mina La Dificultad, em Real del Monte, Hidalgo, Mexico; agora é um espaço dedicado à historia da Mineração e a shows

Neste momento, estou em Real Del Monte, pequena cidade mineira perto de Pachuca, capital do estado de Hidalgo, México. Estou aqui num congresso sobre patrimônio mineiro, com pessoas do mundo todo. Estou aprendendo muito, num clima muito legal, de muita camaradagem. Está sendo bem interessante, discutimos historia da mineração e a conservação do patrimônio mineiro aqui neste lugar charmoso, a 2700 m de altitude, um pouco como Ouro Preto um pouco como Campos do Jordão. Para um bagrinho que se criou na Rua Coronel Libero, perto do Cine Opera, não está nada mal.
Algumas coisas que se discutiram aqui servem para a discussão sobre o patrimônio da Deitada-a-beira-do-mar. Uma das coisas que se discutiu aqui é a noção de patrimônio industrial. O que consideramos patrimônio industrial faz parte do patrimônio cultural e deve ser preservado para as futuras gerações. Pachuca e Real Del Monte, por exemplo, têm varias minas que se transformaram em museus. Algumas delas têm grandes exposições nas instalações industriais, uma delas – a mina de Acosta – tem inclusive um galeria subterrânea preservada onde os turistas entram para aprender como era o trabalho subterrâneo. Aqui, se aprende como foi o passado dos trabalhadores das minas, seus instrumentos, suas técnicas, suas histórias. Uma maquina antiga, em vez de servir de ferro velho, vai servir para contar como viviam e trabalhavam nossos pais a avós. Como se diz por aqui, “é Padre!” – ou seja, legal.
Antonina tem um passado industrial de respeito. Tem instalações portuárias que deveriam estar contando para os turistas sobre como era trabalhar no porto, como era a vida destes trabalhadores, que equipamentos usavam. Têm as instalações do Matarazzo, um patrimônio arquitetônico e industrial belíssimo, que está se destruindo por inércia publica e incapacidade de gestão por parte dos donos. Temos toda a linha férrea, subutilizada. Onde está um projeto que recupere a alegria de se andar de trem? Pessoas pagam caro por isso, e a cidade muito teria a ganhar. Em antonina, temos toda uma zona portuária, a antiga, que ia desde o portinho até o casarão, e tem também o atual porto, cujas instalações foram há muito sucateadas por falta de visão dos administradores da APPA. É ou não é? Alem disso, tem o terminal de cargas, que ainda pode ser aproveitado também como uma zona de visitação no futuro, e que não pode ser desmantelado por um burocrata qualquer.
Têm a antiga mina de ferro, os altos fornos e suas histórias. Onde estão? Por que jogamos todo este passado no lixo como se fosse uma coisa ruim e perversa? É necessário revalorizar os antigos locais de trabalho, como uma nova oportunidade a ser construída. Os turistas poderiam estar conhecendo tudo isso. A juventude poderia trabalhar como guias, e contar esta história. Isso tudo serve para melhorar renda, aumentar a auto-estima da comunidade, aumentar a educação e a consciência da população.
Nesta etapa em que se discute o patrimônio histórico da cidade, e seu tombamento pelo IPHAN, por que não nos perguntarmos sobre o patrimônio industrial da cidade? O que temos que pode ser visto, mostrado, reconstituído? Como vamos fazer isso? Tudo o que for feito dará frutos, tão certo como as goiabeiras que nascem frondosas em nossos quintais. São algumas lições que Pachuca, no México, pode dar à nossa subtropical,  malemolente e bela Deitada-a-beira-do-mar.
(escrito em 4/09/2011)

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