terça-feira, 9 de agosto de 2011

VAI UMA BALINHA AÍ?

(esta é uma crônica antiga, de novembro de 2008, publicada no Bacucu com Farinha (ver aqui), de meu inoxidável amigo Neuton Pires)

Ao chegar a Antonina, eu sempre reparo, logo na entrada, na alegria do bairro do Batel: as pessoas a pé, de bicicleta, andando de lá pra cá e conversando, alegremente, nas igrejas, nos botecos, nas casas. Pra quem vem de Curitiba, todos sabem, isso faz diferença. Significa: estou em casa.

Quando estou longe, no entanto, eu quero guardar algo dessa alegria comigo. Para tanto, recorro às lembranças dos amigos, da infância, dos momentos bons. Passo tempo lembrando coisas, olhando fotos velhas, lendo e rabiscando, olhando os blogs capelistas, como diz o “vox populi”.

Existe, porem, outra coisa que me diz disso tudo sem ser velho ou saudosista. São as nossas gloriosas balas de banana. Existe a Bala Antonina, assim como existe a Bala Pilar, que recentemente perdeu o direito de usar a marca para um concorrente mineiro. Virou Bala Polar, mas continua igualmente doce. Doces recordações de uma atmosfera mágica de infância, a se dissolver lentamente na boca. Antigamente se dizia que quem bebia da água da Fonte da Laranjeira nunca mais se esquecia de Antonina. Hoje, as Balas Antonina cumprem esse papel magistralmente.

Certo dia estava em Belo Horizonte, no escritório central da empresa onde trabalho, e levei um pacote de balas de banana. Do diretor-presidente à faxineira, criei uma legião de fãs da bala de banana. “É da minha terra”, explicava. “Lê o nome ali no rótulo”. Passei o resto do dia com pessoas vindo á minha sala: “tem mais daquela bala gostosa aí?”.

Uma visita básica ao google, e descubro mais: milhares de entradas para “balas de banana antonina”. Muitas, mas muitas vezes, as balas geram singelas declarações de amor. Para Ivan Sebben, estudante de jornalismo da UFPR, em seu blog, durante o festival de inverno, “o carisma da pequena açucarada logo se fez notar em incontáveis pequenas embalagens ao léu. De repente, fulano ia escrever, e esbarrava a mão em algo. Era ela, miúda e sapeca, escondida debaixo do papel, uma bala de banana!”. Em outro blog, o rapaz guardava no bolso uma bala de banana pra presentear a namorada. Enfim, em todas as histórias lá estava ela, miúda, a desnudar carinhos, a espalhar doces prazeres.

Em outra entrada do google, descobrimos que as Balas de Banana Antonina foram criadas em 1975 pra substituir a declinante produção de palmito. Soubemos que as balas de banana são feitas com bananas caturra selecionadas, plantadas na sombra para evitar pragas. Que o processo é inteiramente artesanal, entrando somente a banana e o açúcar. Que em Morretes também tem... hummm...não, Morretes não tem Bala de Banana Antonina!!

Em tempos de globalização, sugiro que o processo de fabricação das balas de banana seja registrado como os da União Européia, que gerou as marcas do vinho, do queijo, do champanhe. O vinho Bourdeaux (pronuncia-se bordô) é somente o vinho produzido na região de Bourdeaux, segundo os métodos registrados. O champanhe é a bebida fabricada na região da Champagne, e os demais serão considerados meros espumantes. “Balas de Banana de Antonina” são as balas feitas na região de Antonina segundo o método tal e qual.

Que orgulho! E que prazer! Vai uma balinha aí?

(PS - Aqui em Campinas, o pessoal tem me cobrado: "pô, você não traz mais as balas de tua terra"...é, preciso dar um pulinho ai, moçada!!)

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