Arthur Rimbaud, poeta francês autor de "Uma Estadia no Inferno", esperando para o embarque pra Paranaguá para assistir Atlético e Goiás pela segundona; estar no inferno é isso aí, poetinha! |
É como disse na crônica anterior: não basta estar no
inferno, é necessário “estar no clima”. Além de estar na segundona, é preciso
amargar com outras coisas, como os jogos na segunda, terça, sexta, sábado. É
preciso sofrer com os jogos em Paranaguá, muito embora para os bagrinhos isso
seja até melhor e mais perto. É preciso sofrer com o time, que não é nenhuma
Brastemp, com as obras da Arena (que é
só pro ano que vem) e sofrer com a diretoria, que joga contra o time o mais que
pode.
Abri o site e vi o novo treinador: Drubs...quem? Confesso
que já estava acostumado com o Carrasco e seu jeito “mutcho loco” de ser. Um
treinador que põe três atacantes e manda o time ir pra frente é uma raridade no
futebol brasileiro. Claro que é sempre risco, mas prefiro isso a treinadores no
estilo “que empate o melhor”. Esse é o estilo daqueles treinadores que jogam
com quatro zagueiros, quatro cabeças de área e dois atacantes que recuam pra
ajudar a defesa. Gostei dos jogos que consegui assistir daqui, como os jogos da
copa do Brasil contra o Criciúma, com uma chuva de gols de Guerron. Aliás, onde
anda ele? E onde anda o tal El Morro? Esses vais-e-vens das diretorias, essas
guerrinhas politicas internas e eternas dão um resultado bom e previsível, como
já aconteceu com outras equipes: certo, estável e seguro mergulho na serie C.
Ou, pior ainda, uma “Paranização” do time, que vai lentamente se acostumando e se
acomodando a ficar eternamente neste
torneio do Inferno.
O problema é que, em termos de Técnico, a diretoria atleticana sempre tem umas mágicas
pra tirar da cartola: lembram-se do Lothar Matheus? O Carrasco esteve também
nesta exótica lista de experiências alienígenas. Gusano, meu amigo e verme da
garrafa de mezcal, sorri com seu sorriso desdentado cheio de dentes: “como
assim? Outro treinador? Este veio de qual planeta?”. Engoli em seco. Ironias
vindas de um verme que torce pro Pumas do México não é todo o dia que se
recebe.
Estar no inferno não é trivial. É preciso método. Por isso,
fui me consultar com o poeta francês Arthur Rimbaud, o autor de “Uma estadia no
inferno”, clássico da poesia do século XIX. Com seu jeito blasé, o gaulês que
passou por vários perrengues na vida, inclusive foi mercador de escravos e
armas na África, deu uma risadinha de lado: “é preciso ver além das
aparências”, me disse, enigmático. Mas quais aparências, eu quis saber. “ A preto,
E branco, I vermelho, O verde, U azul”, me disse Rimbaud, repetindo seu soneto
mais famoso. Hein? – perguntei, já meio sem saco pra essas esquisitices infernais.
O poeta disse então que a resposta à minha pergunta poderia estar no Gigante do Itiberê, em Paranaguá.
Infelizmente não
estarei lá, pois tenho aula de campo no sábado com meus alunos da Biologia. Mas
que se encha o estádio, transforme-o num caldeirão e que haja mais uma vitória rubro-negra. Mas,
já que estamos no inferno mesmo, caro Rimbaud, o tal do jogo bem poderia ser no
Estádio do 29 de Maio em Antonina, que sempre tão bem recebeu o rubro-negro...
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