segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

FESTA DE SÃO BENEDITO


O centro da cidade de Apiaí em 1939-41

Para Alexandre Oliveira, meu querido amigo Alê

Os bravos escoteiros chegaram em Apiaí no dia 26 de dezembro de 1941. Cansados depois de vencer a Serra de Apiaí numa noite, vindos de Capela da Ribeira, eles foram procurar o prefeito municipal. Ao chegar numa cidade, os escoteiros tinham por obrigação procurar as autoridades para assinar o livro que dava conta da passagem deles pelo local.
No entanto, o prefeito de Apiaí, o Senhor Isaias Teixeira, acabou por fugir dos meninos. Estes o viram quando ele entrou em sua casa, em companhia de outro homem. No entanto, ao baterem na porta, informaram que ele não estava. Tudo Isso, segundo Lídio, porque o prefeito receou que eles fossem mendigar estadia no seu hotel, o Hotel Teixeira, o melhor hotel da cidade. “Isso nunca será esquecido por nós”, anotou Lídio em seu diário.
Por fim, os rapazes acabaram por montar barraca numa clareira perto da cidade. Haviam decidido não caminhar mais aquele dia, pois estavam todos cansados e com assaduras nas pernas. O local onde acamparam era um terreno onde havia um hospital em construção. Ali colocaram as lonas e se abrigaram do sol inclemente.
 Apiaí está localizada a mais de mil metros de altitude, num topo de morro, com uma avenida principal serpenteando pela cumeeira. Descendo desta avenida estão as ruas centrais onde estão as casas das pessoas mais ricas do lugar. Nos vales mais abaixo se encontram as casas mais simples, das pessoas mais pobres. Lídio anota que cerca de 70% das pessoas em Apiaí eram negros, provavelmente descendentes dos que trabalharam como escravos nas ricas Minas de Apiaí, que tanto fizeram a fama da cidade.
Apiaí tinha funcionando próxima da cidade a Mina do Morro, uma das mais importantes minas de ouro do vale do Ribeira. Explorada por uma empresa japonesa, a mina estava escavando galerias e tirando o ouro por métodos modernos de extração para a época. A exploração foi interrompida quando o Brasil declarou guerra aos países do eixo, poucos meses depois da passagem dos escoteiros por Apiaí. A área da Mina do Morro hoje em dia é um parque bem próximo da cidade, com intensa visitação.
Do outro lado da cidade, a Usina Experimental de Chumbo, no bairro do Palmital, havia iniciado naquele mesmo ano de 1941 sua produção. Construída pelo governo paulista com a administração do IPT, a Usina Experimental também era uma aposta do governo paulista na exploração de chumbo e prata por técnicas mais modernas e baratas, viabilizando a produção das pequenas minas da região. Fechada durante a guerra, entretanto, a usina nunca mais funcionou.
No dia em que os rapazes por lá chegaram, a população negra de Apiaí estava em festa, pois era dia de São Benedito. Os rapazes, depois de um descanso, fizeram uma janta composta por costela de porco assada, pão e café de coador. Depois que o sol baixou, as cinco da tarde, eles foram à cidade para apreciar a festa em homenagem ao Santo.
A procissão, composta quase que totalmente por negros, era bastante impressionante, segundo o relato de Lídio. A confraria de São Benedito da cidade de Apiaí, carregava a estátua do Santo pelas ruas, ao som de cânticos, seguida por uma multidão. Os membros da confraria, responsáveis pelo andor, vestiam uma túnica branca e portavam tocheiros com vela.
Depois da procissão, já cansados, os rapazes voltaram ao seu acampamento improvisado nas obras do hospital, onde dormiram um sono pesado.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

UMA CABANA NA SERRA DE APIAÍ


A cidade de Ribeira, antiga Capela da Ribeira, no tempo que os escoteiros passaram por lá; foto aérea obliqua tirada entre 1939-41 (aqui)
Depois da grande festa do Natal, os escoteiros acabaram por acordar tarde. Iam acordando uns aos outros, sonolentos, ainda com um pouco de ressaca da festa. Lídio conta que tomou café com maisena e uns doces que haviam sobrado da ceia. Irrequieto, foi passear.
Na cidade, o jovem escoteiro ficou abismado com os buracos de balas de fuzil e metralhadora ainda visíveis na pequena igreja matriz de Capela da Ribeira. Eram resquícios dos enfrentamentos entre tropas paulistas e paranaenses durante a Revolução Constitucionalista de 1932, ainda presentes nove anos depois. “Nem a casa de Deus eles respeitaram”, anotou depois em seu diário.
Pouco depois, ele fez o caminho de volta e foi até o posto fiscal de Paranaí, hoje conhecida como Adrianópolis. Lá, não encontrou os fiscais com quem havia feito camaradagem no dia anterior. E voltou à Capela da Ribeira.
Naquele tempo as duas cidades eram pequenas, e o surto industrial e mineiro estava ainda começando. Restritas pelo vale do rio Ribeira e pelos morros íngremes formados por rochas muito antigas, as duas cidades eram uma só. As casas eram construídas ao longo do único caminho possível. Somente onde o rio havia deixado algum terreno plano é que as duas cidades se espraiavam, ainda que pouco.
Lídio conta que os habitantes nunca haviam visto um escoteiro. E ainda mais aqueles, de uniformes e seguindo rumo a uma importante missão. Todos ficaram impressionados. As mocinhas, ainda mais.
Lídio nos conta de Iolanda, filha do padeiro, por quem teve seus sentimentos e que, por fim, deixou saudades. Manduca então reclamou que Lídio tinha “imã” para as mulheres. Lídio então brincou e disse que era porque Manduca tinha cabelo feio. Milton, mais lacônico, acompanhava a conversa rindo ora de um, ora de outro.
Durante a tarde, os rapazes não fizeram nada. Ou melhor, fizeram. Foram para o rio tomar banho e amenizar o calor. Diversos outros rapazes e moças da cidade (mais moças que rapazes, segundo anotou Lídio) também ficaram lá com eles na pequena praia de rio. O tempo passou e eles nem sentiram.
Os rapazes se despediram de Capela da Ribeira, onde tiveram acolhimento tão bom, e seguiram viagem. Saíram as oito da noite para uma caminhada noturna subindo a serra de Apiaí.
Todos eles haviam participado já de caminhadas nestas condições. A Patrulha Touro dos escoteiros de Antonina havia participado de diversas corridas do facho e subidas pela Serra da Graciosa. Pela sua experiência e resiliência é que foram os escolhidos para a missão.
Entretanto, a serra de Apiaí não era um desafio fácil. Pedregosa, coma estrada precária, a progressão era lenta. Apesar de estar mais fresco, a escuridão era total, e os meninos foram seguindo a trilha em fila indiana, com o auxilio de lanternas. Depois de cerca de cinco horas de intensa caminhada serra acima, encontraram um pequeno casebre abandonado na beira da estrada.
Exaustos, decidiram passar ali a noite.
Acordaram as cinco da manhã. A claridade fazia ver as rochas esparsas no alto da serra, assim como a floresta cerrada. Um espesso nevoeiro cobra os vales. Os rapazes ouviram um barulho de água ali por perto. Era um regato que cruzava a serra e fazia um barulho da água passando por entre as pedras. No entanto, o acesso até ele era difícil, pois o regato corria alojado numa ravina bastante funda, de acesso difícil.
No entanto, obstinados em tomar um café, os rapazes se aventuraram a descer a barroca para pegar água e trazer lenha para a fogueira. Todos, menos Milton. Ele fora poupado, pois a caminhada noturna havia produzido uma enorme assadura em suas virilhas.
As sete da manhã, depois do café, os rapazes voltaram à trilha. O sol alto ia castigando-os todos. Lídio conta que as pernas estavam todas arranhadas pelo capim corta-rapaz, e o sol fazia os arranhões queimar e coçar.
Somente lá pelas onze horas da manhã que eles finalmente chegaram à vila de Apiaí, novo trecho da jornada.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

UM NATAL NA CAPELA


A pracinha de Ribeira (SP), em dezembro de 2018...como ela era em dezembro de 1941, quando os escoteiros de Antonina passaram por ali?
Os escoteiros acordaram cedo naquela véspera de Natal. Era o Natal de 1941. Um natal triste para muita gente em muitos lugares do planeta. A guerra seguia feroz na Europa.
Os soviéticos lutavam desesperadamente para manter Moscou e Leningrado, ameaçadas pelas tropas Nazistas. Na África, a luta era por Bengazi, na Líbia. No entanto, era na Ásia que a guerra estava mais violenta. Os americanos estavam sendo derrotados nas Filipinas e os ingleses lutavam desesperadamente para manter Hong Kong frente ao avanço japonês.
Por outro lado, os meninos deixaram Epitácio Pessoa as 7 horas da manhã, agradecendo o pouso e a boa acolhida na vila. Agora desciam a estrada margeando o rio Grande rumo à Barra Grande, onde encontrariam o majestoso rio Ribeira de Iguape. Dali, era só seguir para Adrianópolis e cruzar a ponte que já estariam em São Paulo, etapa seguinte da marcha.
No caminho Lídio notou maravilhado os inúmeros monjolos que iam encontrando no caminho. Anotou que estes moinhos rústicos eram muito uteis naquelas paragens distantes, onde não havia energia elétrica ainda. E notava o movimento do soque com uma certa nostalgia: “um sobe e desce sem parar, um barulho gostoso de se ouvir”.
Os meninos chegaram na localidade de Descampado ao final da manhã. Lá, tiveram um contratempo, pois ninguém ali quis vender comida para eles. Nem um pãozinho. Fosse porque não tinham, fosse porque não queriam vender nada aos forasteiros, os rapazes tiveram que se contentar em comer biju com chimarrão.
Lídio anotou que, apesar de "desnutridos", os rapazes continuaram a caminhada sem queixas ou lamentações. Segundo ele, haviam perdido 6 quilos cada um nesta primeira etapa da viagem. E a tendência era perder ainda mais, anotava.
A viagem pela “estrada provisória” seguiu até Barra Grande, onde encontraram o Ribeira. Em dezembro, o rio estava barrento por causa da estação das chuvas. Somente algumas pedras eram visíveis ao longo do rio.
Cercado por morros bastante íngremes e com uma vegetação em diferentes tons de verde, os rapazes finalmente avistaram a rodovia federal, que chegava até Paranaí, a atual Adrianópolis. Antes de cruzar a ponte de concreto que ligava Adrianópolis a Capela da Ribeira – hoje o município paulista de Ribeira – os rapazes tomaram um chimarrão com os fiscais estaduais e federais no lado paranaense da ponte. E só depois cruzaram o rio.
A ponte sobre o Ribeira é uma luta eterna das duas comunidades, Ribeira e Adrianópolis. Esta que os meninos cruzaram foi a primeira ponte de concreto. O rio Ribeira, cheio de energia, não está nem aí para as pontes, e já derrubou todas elas. A atual ponte de concreto, a mais alta e reforçada de todas, foi construída em 1998-99, depois de ter sido destruída por uma forte cheia.
No lado paranaense, Lídio anotou, cheio de certa nostalgia, que havia do lado paranaense um grande outdoor onde estava escrito: “Paraná, Terra dos Pinheirais”.
Ao fim da tarde, na cidade de Capela da Ribeira, os rapazes procuraram as autoridades locais. Encontraram o Secretário da Prefeitura. Este avisou que ali não havia pensão suficiente para abriga-los todos, e o prefeito estava viajando. No entanto, o secretario lhes ofereceu sua própria casa.  
Depois de tomar banho no rio Ribeira e colocarem os uniformes “de gala”, os meninos foram para a praça principal, onde fizeram uma rápida reunião. Nesta reunião eles decidiram os próximos passos rumo a capital São Paulo, próxima etapa da viagem.  E decidiram enviar um telegrama para Antonina, para avisar que estavam todos bem.
Qual não foi o espanto dos rapazes ao descobrir que haviam dois telegramas esperando por eles, datados de dois dias antes: um da prefeitura municipal, avisando da presença dos escoteiros por ali. O outro telegrama era do chefe Picanço, pedindo para que o Chefe Beto entrasse em contato com ele, pois todos estavam ansiosos por notícias. Era o primeiro contato que tiveram desde que haviam saído de Antonina, oito dias antes.
Os escoteiros mandaram orgulhosos um telegrama: “Capella da Ribeira 24 dezembro 1941: chegamos hoje bons vencemos primeira etapa continuamos amanhã noite – Sempre Alerta! Beto Milton Lidio Manoel Antonio”.
Os rapazes ainda cheios de energia alugaram umas bicicletas e foram passear, menos o chefe beto e Canário, que ficaram no banco da praça descansando. Lídio ainda teve tempo de mandar cartas para a família e amigos. Também foi à alfaiataria do Elpidio. Lídio ainda mandou costurar suas calças descosturadas na entreperna, além de consertar um sem-número de botões da roupa dos demais.
Houve um apagão de energia elétrica, que durou até as nove da noite. A energia vinha de Apiaí, e demorou a ser reparada. Que inconveniente conveniente! Enquanto isso, os rapazes ficaram na praça escura e até arrumaram umas namoradas.
Depois, à meia noite, os rapazes assistiram a missa do Galo em Capela da Ribeira, ministrada pelo padre de Apiaí. Lídio aproveitou seu curriculum de coroinha e ajudou o padre, junto com uma menina que era Filha de Maria. Foi um comentário só na igreja: um coroinha vestido de escoteiro!
Depois, os rapazes participaram da ceia na casa do secretario municipal, onde estavam alojados. Foram servidas gasosa, soda limonada e vinho, além de um grande bolo com motivos natalinos.
Já era quase duas da manhã quando todos, exaustos, foram dormir. 
Dingobells!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

A VILA DOS FUGITIVOS

A atual cidade de Tunas do Paraná em 1955, quatorze anos depois dos escoteiros atravessarem a região 

Apesar de dormirem num paiol de milho cheio de ratazanas no lugarejo chamado Tuneiras, os rapazes acordaram animados naquela terça feira, 23 de dezembro de 1941. O final da primeira etapa da viagem, a cidade de Capela da Ribeira, já no estado de São Paulo, poderia ser finalmente alcançada.

Eles seguiram então no rumo norte, pela “estrada provisória", que ligava parcialmente Curitiba à Capela da Ribeira. Segundo o diário de Lídio, a estrada era muito malconservada, cheia de buracos, com pontes de madeira apodrecida. Ao longo da estrada, estavam passando continuamente tropas de mulas carregando balaios com milho e feijão. De vez em quando, uma carroça puxada por bois se fazia ouvir de longe, cortando o silencio da paisagem com sua estranha música.

Logo adiante os meninos ficaram assombrados: estavam passando pela Garganta do Leandro, onde o rio Passa-Vinte formava uma grande cachoeira. Para Lídio, o barulho era equivalente a um trovão, e podia ser ouvido a muitos metros de distância.

Depois deste espetáculo bonito da natureza, começou outro, macabro: ao longo da estrada viam-se aqui e ali diversos esqueletos de caminhões de combate, enferrujando no clima quente e úmido do vale do Ribeira. Eram restos de antigos combates da Revolução Paulista de 1932.

A região que eles estavam cruzando era a frente do Ribeira da guerra civil deflagrada com o manifesto constitucionalista de São Paulo, em julho de 1932. Apesar de não ser uma das frentes mais importantes, ali também haviam ocorrido alguns combates.

Na Garganta do Leandro Lídio notou horrorizado um cemitério com cruzes de ferro dos soldados mortos durante os combates da revolução constitucionalista. Havia apenas nove anos, aquela região havia sido palco de combate entre as forças de São Paulo com os batalhões paranaenses.

Deixando para trás aquele cenário de guerra, os meninos passaram pela localidade de Poço Grande e no inicio da tarde já estão no lugarejo de Maria Gorda. Ali, Lídio anotou que existia a mina de cobre de Garapongá. A região do vale era também (ainda é) uma região riquíssima em bens minerais.

Neste período havia uma grande concentração de pequenas minas de cobre e chumbo por toda a região. Em Apiaí, no lado paulista do vale, estava sendo construída uma Usina Experimental de Chumbo para beneficiar o minério e seus subprodutos, como a prata, o ouro e o zinco. Era um período de grande investimento público e privado, e pequenos povoados mineiros iam se formando aqui e ali, no meio da imensa mata.

Depois de tomar um café e um bolo de fubá, os meninos seguiram rumo norte, em direção ao vilarejo de Epitácio Pessoa.

No caminho, Lídio notou (e anotou em seu diário) que o rio que margeava a estrada, o rio Grande, corria sobre um leito de areias muito brancas. Aqui e ali, haviam algumas pequenas cacheiras, que Lídio anotou como sendo de gré vermelha. Gré ou grés é uma palavra francesa para arenito, rocha formada pela solidificação de depósitos de areia. o uso da palavra grés por Lidio não está de todo incorreto, visto que realmente ocorrem muitos corpos de rochas que poderiam ser assim denominadas nesta época.

Os jovens escoteiros estavam atravessando uma zona composta por rochas metamórficas muito antigas, que formam grandes cristas de serra, formada por duros quartzitos. Em outros locais, ocorriam mármores ora cinzentos, ora mais claros. Estas rochas eram a razão do potencial mineral do Vale do Ribeira. Só para dar um exemplo: na vila de Pedra Preta, onde hoje está a atual cidade de Tunas do Paraná, haveria de se iniciar alguns anos depois a extração de uma rocha ornamental muito usada hoje em dia, o “granito verde Tunas”.

Nas encostas das serras que eles iam pacientemente atravessando, eram frequentes as cachoeiras. Nestas cachoeiras e corredeiras ao longo da estrada, as caninhas do mato e os cordões de frade estavam sempre presentes, batidas pelo vento formado pela energia das quedas d´água. Um espetáculo para encher os olhos...

Nesta bucólica caminhada, os meninos chegaram na vila de Epitácio Pessoa no fim da tarde. A vila já tinha sido mais importante, mas estava em decadência econômica. As casas de estuque tinham buracos na parede e estavam com aparência de malconservadas. A igrejinha pequena, no alto de uma pequena colina, não dava aparência melhor à vila.

Os rapazes encontraram abrigo numa casa que servia ao mesmo tempo de botequim, escola, residência e engenhoca de cachaça. Ao procurarem um rio para tomar banho, conversaram com alguns meninos da vila. Estes meninos disseram que os homens do lugar não estavam gostando da presença deles ali. Achavam que eles eram policiais procurando marginais e fugitivos  homiziados naquele fim de mundo.

A razão para as suspeitas eram as vestimentas do chefe Beto. Vestido com um culote e portando um capacete, chefe Beto também tinha um revólver na cintura. O porte militar do jovem chefe escoteiro chamou a atenção dos homens da cidade. Ali, naquela vila cheia de fugitivos da justiça, a sua simples presença provocava verdadeiramente esta suspeita.

Entretanto, o que realmente chamou atenção dos rapazes foi a professorinha da vila. Curiosa e bonitinha, ela atraiu a atenção dos rapazes, que ficaram conversando com a moça até a hora de dormir.

Na hora de dormir, chefe Beto ficou com a única cama, tendo os outros que se contentar com o chão. Aquela seria a ultima noite dos rapazes no sertão paranaense.